19 - Vestido Rosa Bebê

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Eu e Alice estávamos correndo sem parar mas eu não via nem sinal daquele ser assustador que havia arrombado a porta da minha casa desde que ela havia assustado ele. Não que a Alice não tenha me dado medo. Eu senti as ondas de poder saindo dela e agarrando o animal que deve ser muito forte para conseguir se afastar dela enquanto é sugado. Eu posso dizer por experiência própria que é praticamente impossível sair do transe quando o poder da Alice alcança você.

Alice estava séria e corria como se nem se sentisse cansada e, provavelmente realmente não estava, já que havia sugado energia do monstro, provavelmente ela tinha força para ir a pé até a lua. Ela estava com os cabelos desgrenhados, sujos de sangue e cheio de pequenos cacos de vidro. Por que aquela louca tinha se jogado daquela forma pela janela? Tivemos sorte do apartamento de baixo estar vazio, mas agora ela estava coberta de arranhões feios e alguns deles tinham cacos de vidro grudados.

Como eu pude perder tanto o controle dessa situação? Como eu pude me deixar virar a garota salva pela Alice? Eu só queria a verdade dela e para isso eu ia prendê-la na minha casa e a forçar a contar tudo o que estava acontecendo. Por que estavam dizendo que ela era uma assassina internacional? Eu ainda tinha dúvidas se realmente era ela. Poderia ser um engano ou ela poderia acobertar alguém, mas depois de todos esses acontecimentos, a forma como ela pensou rápido e conseguiu nos tirar de uma situação que eu julgava impossível.

Eu já não aguentava mais correr. Já tínhamos corrido uns dez quilômetros sem parar e sem contar toda a correria e luta de dentro do meu prédio.

- Alice, para onde estamos indo?

Alice não estava me respondendo. Ela corria na minha frente e não dava nenhum sinal de que havia me escutando então eu usei as forças que me restavam para apertar o passo e chegar ao seu lado.

- Alice aquela coisa não tá mais atrás da gente.

Ela olhou pra mim e disse:

- Eu sei. Só que precisamos deixar algo para despistar ele antes de irmos para qualquer lugar que seja minimamente seguro.

- Ele?

Eu parei de correr. Alice parou logo depois e se virou pra mim

- Você sabe o que é aquilo que arruinou a minha casa?

- Mel, a gente não tem tempo. Logo, logo aquela… coisa estará aqui. Eu prometo que vou explicar tudo que eu sei pra você. Só vamos terminar de despistar essa desgraça.

- Eu não aguento mais correr.

- Pensei que vampiros tivessem um físico muito superior ao dos humanos. Que eles conseguiam percorrer enormes distâncias…

- Claro que conseguimos. Quando estamos bem alimentados e preparados, não quando um monstro aparece do nada na nossa casa.

- Acho que isso não importa agora, não é mesmo? Teremos que apelar para o plano B.

Ela disse tirando um celular da cintura. Como que ela não perdeu aquilo?

- Espera, qual era o plano A?

- O plano A era correr até a cidade mais próxima, se jogar em algum rio ou fonte de água que apagasse nosso cheiro, mesmo que momentaneamente e depois irmos para o lugar seguro.

- Você ficou louca? Por que a gente deveria ter esse trabalho todo?

- Não sei se você deu uma boa olhada na bola de pelos que estava nos perseguindo, mas aquilo era um cachorro.

- Cachorro?

- Okay. Provavelmente ele não era bem um cachorro igual aos que vemos por aí. Deve ser alguma mutação bizarra que foi mandada pra me pegar.

ALMA VAZIAOnde histórias criam vida. Descubra agora