16 - O Monstro

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Eu voltei pra casa encucada com o que a doutora Rosa havia me dito. Como assim eu ainda não tinha o que era preciso? Eu treinei, lutei, quase morri e hoje sou uma das melhores assassinas que existem no mundo, sou contratada para diversos trabalhos diferentes, desde queimas de arquivos até assassinatos em massa.
Eu não dependo da minha doença para matar, porém, é o grande diferencial de mim apara os outros assassinos. Eu posso deixar uma pessoa definhar e morrer de causas naturais, sem venenos, sem testemunhas, totalmente seguro para mim e para meu contratante.
O que mais me falta para doutora confiar em mim e deixar que eu termine os trabalhos de Sara? Será que ela só vai deixar quando eu matar o degolador? Ou será que é só quando eu for uma humana normal? A cada dia, a doutora está mais perto da minha cura. Pelo menos é o que eu quero acreditar.
Eu vou andando para minha casa, que não é muito longe, quado ouço passos vindo atrás de mim. São passos pesados e apressados. Quem quer que seja, é grande e pesado. Segui andando calmamente como se não tivesse percebido que a pessoa provavelmente estava me seguindo.
Os passos iam se aproximando de mim. Eu virei uma esquina e a pessoa virou comigo. Dei meia volta para ver quem estava me seguindo e quando eu fiz isso, recebi um soco bem no meio da cara com muita força, fui jogada no chão. Tentei olhar para meu agressor, porém recebi um chute no estômago. Fiquei jogada no chão, a dor era muito grande. Esse cara é muito forte, uma força que eu nunca havia sentido antes, e eu já havia apanhado muito nessa vida.
O homem me segurou pelo colarinho da blusa e me levantou. O que eu vi foi aterrorizante: uma criatura branca e peluda, com garras compridas e afiadas. Ele me levou até seu rosto, que tem uma boca gigante e cheia de dentes e pronta pra engolir minha cabeça.
Como uma reação automática do meu corpo, eu comecei a sugar toda a energia dessa criatura insana e assustadora. A Criatura pareceu sentir o que eu estava fazendo e me jogou com toda sua força na parede mais próxima. Eu estava pronta para que ele tentasse me engolir mais uma vez, porém nada aconteceu.
Me levantei e olhei ao meu redor. A rua estava completamente vazia. Eu sai correndo o mais rápido que eu podia pra casa. Quando cheguei, corri direto para encontrar o Rato, ele estava no meio de algum jogo aleatório.
- O que a doutora falou com você Alice?
Ele disse sem nem olhar pra mim.
- Monstro... tem.. monstro... preciso... doutora..
- O que você tá falan... Alice do céu o que aconteceu com você?
- Monstro...
Foi tudo que eu consegui falar. Eu estava sem folego, com muita dor e totalmente em choque.
- Alice, se acalma. Como assim monstro? Pera aí, eu já volto.
Rato saiu correndo e voltou com nosso kit de primeiro socorros. Ele me sentou em sua cama e começou a cuidar dos meus ferimentos. Ele é gentil e cuidadoso comigo, limpando o ferimento em meu nariz.
-  Agora me conta, o que ta acontecendo?
Eu contei tudo que havia acontecido, dei todos os detalhes sobre a surra que eu levei desse monstro. Rato ficou me olhando atendo e esperou eu terminar de contar tudo e falou:
- Eu nunca ouvi falar de nenhum monstro. Tipo, eu sei que existem diversos tipos de carniçais, diversos tipos de vampiros e diversos tipos de humanos, mas eu nunca ouvi falar de um monstro gigante, branco e peludo.
- Eu também nunca ouvi falar sobre monstros desse tipo e esse ataque não parecia ser aleatório. Ele me conhecia, ele queria me matar. Não era um ataque de uma besta descontrolada. Era alguém querendo me matar.
- Não é novidade querer te matar, não é mesmo? Mas é a primeira vez que tentam te matar tão perto de casa.
De repente veio um estalo na minha cabeça.
- Rato, se esse monstro veio me atacar tão perto...
- Ele pode tentar atacar a doutora...
Eu e o Rato saímos correndo, desesperados para a casa da doutora. Corremos como se não houvesse amanhã e quando chegamos na casa da doutora, batemos como loucos na porta dela e não obtivemos resposta, então demos a volta e fomos para a parte da casa dela que era funerária.
Quando chegamos lá, vimos a porta destrancada. Eu não pensei duas vezes e me joguei na porta. Fez um barulho estrondoso. Após o arrombamento, a doutora apareceu olhando feio pra nós dois:
- Vocês estão loucos?
Eu apenas corri até a doutora e dei-lhe uma abraço muito apertado.
- Graças a Deus, você está bem.
- Meu Deus menina, o que aconteceu?
Eu apenas continuei abraçada nela.
- Alice meu amor, se acalme e me fale o que aconteceu.
Eu não conseguia falar, eu não conseguia me mover.
- Acho que a Alice está em choque, doutora. Aconteceu uma coisa muito doida com ela.
- Então me conte você, meu anjo.
Eu fiquei abraçada na doutora até o Rato terminar de contar tudo para a doutora. Ela ouviu atentamente cada detalhe. Ela não parecia espantada com o fato de um monstro tentar me matar. A doutora me soltou e falou:
- Alice, contenha-se. Eu sei que vocês está catatônica mas, você precisa ser forte.
Eu finalmente consegui falar:
- O que vamos fazer, doutora?
- Vocês precisam sumir daqui por um tempo. Eu vou continuar aqui… ninguém é doido de mexer comigo.
A doutora mostrou o muque, como se fosse a mulher mais forte do mundo e isso me fez rir.
- Vão meus filhos, vocês precisam se apressar… Alice, não esqueça de avisar a Mel antes de sumir, ok?
- Eu realmente preciso fazer isso?
- Você deve isso a ela, não é mesmo?

ALMA VAZIAOnde histórias criam vida. Descubra agora