Ir para a casa da Mel e falar para ela que eu teria que ficar um bom tempo sem vê-la está sendo uma das maiores torturas que eu poderia passar. Eu queria contar toda a verdade pra ela, falar que tem um monstro ensandecido atrás de mim, falar que eu estava morrendo de saudades dela, falar que, na verdade, eu não sou prostituta.
Eu tenho tanta coisa para falar com essa mulher, será que eu deveria contar a verdade pra ela? Bom, ela já demonstrou asco por todo e qualquer assassino, então contar para ela a minha verdadeira profissão está fora de questão. Eu ainda não sei bem o que falar para Mel, qual desculpa eu devo dar para explicar essa minha ida repentina.
Já faz dois dias desde que fui atacada por aquele monstro peludo. Eu não consegui enxergar o que ele era, mas ele tem dentes garras enormes e, com certeza, queria me engolir. Não é a primeira vez que conseguem me rastrear e tentam me matar, sou uma assassina e é natural que eu tenha alguns inimigos, principalmente pessoas poderosas com medo de serem a próxima vítima. Num dia você pode me contratar e no outro pode ser meu alvo, não é nada pessoal, são apenas negócios.
Cheguei ao prédio da Mel e ainda não pensei em uma desculpa para minha ausência nos próximos meses. Entrei com a cópia da chave que eu havia feito sem a permissão dela. Decidi subir até o andar onde ela mora pelas escadas. Isso me daria algum tempo para pensar no que diria para ela. Tentei pensar em algo muito bom, porém meu cérebro não queria funcionar direito, aparentemente. Quer saber? Eu não devo nenhuma explicação boa pra ela, então vou dizer qualquer coisa que vier a mente.
Eu abri a porta e entrei sem cerimônia. Não é como se eu fosse uma convidada ou algo assim. Já entrei chamando a Mel, eu estava decidida a dizer que ia me ausentar e não ia dar nenhum motivo. Ela apareceu na porta do quarto com uma arma, aparentemente uma glock 9mm apontada pra mim.
- Que isso, Mel? Depois de tanto tempo você decidiu me matar? Era só falar que eu não voltava mais aqui.
- Parada. Mãos a onde eu possa ver, AGORA!
Eu a vi destravar a arma e seu olhar era feroz como se eu tivesse feito algo muito ruim. Como daquela vez que eu quase coloquei fogo na cama dela.
- Mel, o que você pensa que tá fazendo? Sou eu, Alice. Vamos conversar.
- MÃOS PARA O ALTO ALICE! AGORA!
Ela não tremia e nem titubeava. Não era atoa que era uma excelente policial. Espera… será que…
- Mel, eu posso explicar. Eu sou inocente. Eu matei não aquele cara do hotel. Ele era…
A Mel se aproximou de mim e me virou de costas bruscamente, segurando minhas mãos e as prendendo com um par de algemas reforçadas.
- E quanto aos outros, Alice? Ou devo dizer Ghost Woman?
Minha espinha gelou. Eu não ouvia ninguém me chamar por esse apelido ha pelo menos 4 anos. Era como algumas autoridades internacionais me nomeavam. A assassina de vampiros: Ghost Woman.
- Mel, eu não sei do que você está falando.
- Tenho a impressão de que você sabe sim. Esse tempo todo você esteve matando? É sério isso, Alice? Você não aprendeu nada com a nossa mãe?
Eu precisava ganhar tempo. Do jeito que a mel é cabeça oca e bitolada em justiça o leite ia azedar para o meu lado.
- Com quem você acha que eu aprendi a matar, Mel?
- Do jeito que você é, deve ter aprendido com um dos seus namorados imbecis e mafiosos.
- Que namorados, Mel? Deixa de ser doida. De onde você tirou isso?

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ALMA VAZIA
Mystery / ThrillerMelanie é uma policial dedicada e Alice uma assassina fria. O que elas tem em comum? A mãe adotiva que foi brutalmente assassinada durante uma investigação. Após 10 anos de afastamento, o destino das duas é interligado novamente. Um novo assassin...