Bebê

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A felicidade tomava conta do coração do médico.

Não era acostumado a sorrir. Sempre fora educado, é claro, mas apenas com expressões amenas e acenos leves de cabeça. Porém, naquele dia, ele estava dando e vendendo sorrisos, para quem quisesse.

Quando o filhinho da vizinha derrubou chocolate em sua camisa, ele não ligou muito para aquilo. Apenas dissera que estava tudo bem para a mãe nervosa por seu filho ter sujado o vizinho que ela tinha uma pequena quedinha, e não era de hoje.

Os dois se encontravam frequentemente no elevador, pois saíam nos mesmos horários. Ela, para levar o filhinho para escola e ele indo para o trabalho. Não falavam nada mais do que um "Bom dia" ou um "Tudo bem?", não saía desse pequeno diálogo, porém, a mulher de aproximadamente 29 anos parecia estar bem interessada não só na amizade do doutor.

Puxar assunto era "ok" para Jin, ele respondia as perguntas impertinentes da vizinha com educação e classe, mas ela às vezes passava dos limites, e em momentos específicos, ao invés de apertar no botão do elevador, a mesma, ─ a qual se chamava Nathalia. ─ tocava em seu braço ou fingia esbarrar para seus corpos de encostarem.

Se fosse uma vez ou outra, Seokjin não iria ligar muito, porém era praticamente todos os dias.

Saiu do elevador com Nathalia sorrindo para si por ela ter perguntava se estava bom seu vestido e ele ter dito um simples "sim". Contudo, aquela situação não tirou sua felicidade, muito menos sua vontade de viver a vida alegremente naquele lindo dia de...

Chuva.

Se encaminhando ao carro, tomou a água do mundo inteiro. Não tinha tempo para pegar o guarda-chuvas dentro de sua casa e não poderia se atrasar para o trabalho. Foi com força e vontade correndo para seu veículo e entrou mais molhado do que tudo, mas aquilo também não tirou sua alegria.

Nem a roupa suja de chocolate, nem a água que estava em seu corpo.

Parou seu carro no estacionamento do Hospital e saiu feliz pelos pensamentos alegres de talvez ter um bebê em seus braços daqui há alguns meses.

Sorrindo, saiu do carro, sentindo a poça fedorenta e lamacenta encher seus sapatos e aquilo que estava estampado em seu rosto saiu na hora.

Aquele era seu dia de sorte ou de azar? Não soube responder.

Limpando rapidamente seus sapatos, entrou no estabelecimento cumprimentando e desejando um bom dia para alguns funcionários e pacientes presentes.

Chegou na sala onde os médicos tomavam café e almoçavam, entrando e encontrando o Cardiologista Jung Hoseok, amigo próximo seu.

─ Bom dia, Hoseok. ─ Colocou sua maleta na mesinha de centro, tirando o termo e olhando o pequeno estrago de sua camisa. ─ Como vai?

─ Eu estou bem, Seok. ─ Hoseok sorriu, olhando para a blusa de Seokjin, segurando um copinho de café. ─ Que sujeira, hein? ─ Disse rindo para a expressão de raiva feita pelo pediatra.

Olhando para trás, conferindo se havia alguém, Jin falou informalmente. ─ Não me estressa que hoje eu estou de bom humor. ─ Ele e o Cardiologista se tratavam como dois esquisitos na frente dos olhos julgadores dos outros profissionais. Mas quando estavam sozinhos, eram a dupla perfeita.

─ Por isso que não é. ─ Disse, rindo, apontando para a mancha. Seokjin lhe lançou uma cara feia ameaçadora, fazendo ele parar de rir. ─ Pronto, parei. ─ Colocou as mãos para cima em rendição.

A cara feia logo foi substituída por um sorriso grande de Jin. ─ Fui aceito.

─ Como assim? Aceito aonde? ─ Jin deu um sorriso mais largo, fazendo Hoseok se tocar na hora. ─ A adoção? ─ Sussurrou, já que ninguém do Hospital sabia daquilo.

─ Sim! ─ Jin sussurrou de volta, sorrindo.

─ Meu Deus, Jin! ─ Hoseok foi correndo abraçar o médico apertado, sendo retribuído. ─ Estou muito feliz por você. Quando soube?

─ Ontem à noite. Ah, Hobi, estou tão feliz. ─ Ainda abraçados, ouviram a porta sendo aberta, se afastando na hora e vendo o Gregory, pediatra da Ala 2, entrando com sua pose de convencimento e pura falta de humildade.

─ Bom dia. ─ Sorriu provocativo. Aquele ali não gostava de Jin desde que o mesmo começou a trabalhar no Hospital. Já tentou várias vezes o provocar, mas nunca obtia sucesso.

─ Bom dia, Gregory. ─ Hoseok e Jin responderam juntos. O homem pegou um copo de café, saindo sem antes olhar para trás.

─ Ele me odeia. ─ Jin comentou.

─ Até a minha paciente idosa, que mora do outro lado da rua, sabe disso. ─ Hoseok estalou a língua no seu da boca, se virando para Seokjin. ─ Me conte como foi.

O cardiologissta e o pediatra conversaram discretamente em um canto da sala, enquanto os médicos do turno das 8h chegavam em conjuntos de 2 ou 3 para tomarem café juntos, como era um costume dos médicos da Ala 4, uma das únicas alas onde existiam pessoas realmente suportáveis de viver.

A reunião com a Instituição de doação seria às 15h no sábado daquela semana, e ele estava nervoso e levemente preocupado.

Para conseguir ser aceito, eles não precisavam apenas gostar do seu formulário, onde vocês próprio assinava. Eles precisavam gostar de como você se portava e suas respostas para as perguntas dos mesmos. E mais ainda: eles precisavam gostar e se sentir confortáveis com as recomendações feitas pelas pessoas que você escolhera.

─ Podemos começar a comer? ─ Sua conversa animada com Hosek havia sido interrompida por Jungkook, o residente animado do setor de pediatria. Ele era divertido e fazia todos rirem. Se você pegava intimidade com o mesmo, ele iria imitar suas manias para sempre. Aquela Ala tinha pessoas tinha pessoas boas, mas além de Hosek, nenhuma era divertida, porém Jungkook chegou para mudar aquela perspectiva. ─ Estou morrendo de fome. ─ Todos riram.

─ Vamos comer logo antes que o Jungkook coma o bolo inteiro como semana passada. ─ A médica mais velha e experiente daquele setor, a Senhora Rachel, disse rindo.

Jungkook era do tipo, residente fácil de se lidar. Não era como os recentes formados que chegavam já achando que poderiam mandar em tudo.

Ele era simples e estava em prontidão para ajudar qualquer pessoa que aparecesse em sua frente. Jungkook, ou Gguk com o gostava de ser chamado, tinha 26 anos e era um amor de pessoa, porém meio bobo às vezes, fazendo com que as pessoas se aproveitassem da sua bondade para conseguirem algo em troca.

Por muitas vezes Seokjin chamou Jungkook no canto do Hospital para aconselhar sobre algumas pessoas ruins que trabalham naquele Hospital. Mesmo sendo apenas 6 anos mais velho que o residente, ele não pararia de o aconselhar, pois já havia tomado um carinho pelo mais novo, como se fosse um irmão mais velho.

Naquele dia o café foi divertido e o trabalho foi mais legal, por conta da alegria que passava dentro de suas veias. O caminho foi cheio de The Beatles, Michael Jackson e Mariah Carey.

Batia a mão no volante ouvindo os artistas incríveis que fizeram e fazem história até hoje. Então, passou em frente à uma lojinha de roupas para bebês.

Se segurou, mas foi tentado a entrar, encontrando tantas coisas fofas e coloridas que ficou emocionado em pensar que teria uma criança para cuidar e ficar para si. Ser chamado de papai e poder chamar alguém de filha ou filho.

Naquela noite, Seokjin comprou uma touca unissex e chegou em casa guardando a mesma no lugar onde guardava outras duas coisas que comprou para seu futuro bebê.

Um sapatinho e uma luvinha.

Um pai para o meu filho || KSJ × KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora