Marido

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─ Tae, eu sinto muito... ─ Jungkook respondeu do outro lado da linha.

─ Eu também sinto, você não tem noção.

─ Tem algo que eu possa fazer por você? ─ O amigo se prontificou. ─ Qualquer coisa.

─ Tudo, menos dinheiro. ─ Taehyung suspirou. ─ Vou tentar mandar alguns currículos por aí, mas eu preciso descansar antes. Estou esgotado.

─ Se eu encontrar alguma coisa, eu te aviso, ok? ─ Jungkook afirmou.

─ Certo. Obrigado. ─ Disse, grato. ─ Boa noite.

─ Boa noite. ─ Ia desligar, mas se lembrou de algo. ─ Ah, Taehyung.

─ Sim?

─ Eu sempre estarei aqui com você. ─
Foi firme. ─ Do começo ao fim. Lembre-se disso.

(...)

Jin lavava os pratos naquela segunda-feira, sorrindo depois de alguns dias de preocupação.

Já eram 21 horas e ele chegara do trabalho há alguns minutos. Poderia dizer que nunca trabalhou com tanta vontade quanto hoje.

O e-mail que recebeu no sábado o deu a dose certa de serotonina.

"De: Inlardocecoracao@gmail.com
Para: kimseokjinjin@gmail.com
Assunto: Adoção.

Caro Sr. Kim Seokjin,

É com grande alegria que te damos a notícia que o senhor foi escolhido por uma grávida para a adoção do filho dela para o mesmo.

Com sua resposta, já te encaminharemos para uma reunião com a mesma, para que conversem e possam assinar os papéis.

Será no sábado, às 14h, no mesmo local.

Depois de todo o processo, teremos mais duas visitas a sua casa para termos certeza que é um lugar seguro para o bebê.

Esperamos que dê tudo certo.

Atenciosamente,
Instituição Lar Doce Coração."

Desde o começo, ele criou muitas esperanças, e talvez o pensamento de que não conseguiria o tirava do sério. Receber aquele e-mail não só foi uma certeza de que teria um bebê si, mas também a certeza que teria mais um motivo para ser feliz.

Já havia contado para Hoseok, Jimin e Yoongi ─ Os únicos que sabiam. ─ sobre já o escolherem para adotar, e ele estava esperando tanto tempo por aquilo, que começara a ficar nervoso por finalmente realiar o que, antigamente, só chamava de sonho.

Passou no quartinho do seu futuro filho, sorrindo. Entrou no mesmo e olhou para as paredes que seriam pintadas de roxo com detalhes em amarelo. Já o disseram que aquelas cores não combinavam nem um pouco, mas ele não achava isso. Tinha a plena certeza que sendo menina ou menino, o quarto seria roxo e amarelo.

" ─ Mas, e se nada der certo, professora? ─ Perguntou receoso.

─ Não tem como ficar o tempo todo pensando ou deduzindo se algo vai dar certo ou não sem tentar, meu bem. ─ Ela disse ao aluno. ─ Toda a vida é um risco, e se ainda está na sua cabeça, é porque vale a pena arriscar."

Naquele dia Seokjin deitou na cama, pensando em como seria seu futuro daqui a mais ou menos 9 meses. Já havia criado esperança o suficiente para pensar em como criaria, levaria para a escola, educaria. Ele tentaria ser o melhor pai do mundo, e mesmo sendo pai solteiro, ele seria dois em um.

Se preparou psicologicamente para o sábado, e assim que o mesmo chegou, ele já estava pronto para responder qualquer pergunta e ser um exemplo de pessoa na frente da mulher que estava grávida do seu futuro filho.

Chegou ao local que conhecia muito bem e se direcionou com a ajuda da secretária a uma sala especial com dois sofás, um em frente ao outro.

Uma mulher diferente da coordenadora Ruth estava na sala, sentada com as pernas cruzadas e uma expressão séria. Seokjin entrou receoso. ─ Bom dia.

─ Bom dia, Sr. Kim. ─ Ela o respondeu. ─ Meu nome é Vivian, a segunda coordenadora principal, e eu comando a partir desse momento seu processo. Prazer. ─ Tiveram um breve aperto de mão. ─ Nervoso?

Jin se sentou no sofá que estava à frente dela. ─ Um pouquinho. ─ Riu fracamente.

A secretária bateu na porta, entrando. ─ Ela chegou. ─ Fazendo a coordenadora se levantar e o olhar.

─ Vou receber ela e já venho, ok?

─ Certo. ─ Seokjin observou Vivian sair e tentou se acalmar relaxando no sofá.

Pensou em todas as coisas negativas que poderiam acontecer em menos de 30 minutos. Tudo que teria que enfrentar para aquilo dar certo. Tudo que sacrificaria para fazer dar certo.

Seokjin faria tudo. Tinha certeza disso.

─ Sr. Kim, essa é a Jasmin. Jasmin, esse é o Sr. Kim. ─ A coordenadora disse entrando, acompanhada de uma mulher com a barriga um pouco avantajada. Jasmin estava séria e com as mãos pousadas em sua barriga. ─ Vou deixar vocês à sós. ─ Sorriu minimamente, saindo.

─ Prazer, Sr. Kim. ─ A menina que deveria ter menos de 19 anos estendeu a mão para um cumprimento.

─ Muito prazer. Pode me chamar de Jin. ─ Ele sorriu agradável. Quando tocou na mão da menina, ela suava frio.

Se sentaram, um em frente ao outro, se olhando. ─ Então... ─ Ela riu sem graça com um papel em mãos. Jin supôs que fosse seu formulário. ─ Eu gostei muito das suas informações, Sr. Ki... quer dizer, Jin. ─ Sorriu mais. ─ As cartas de recomendações das pessoas escolhidas e também do seu emprego. ─ Ela novamente olhou o papel. ─ Fico muito feliz que meu bebê terá um pai pediatra.

Jin sorriu. ─ Que bom. ─ Ele havia ficado muito animado, mas tentou não transparecer.

─ Você parece perfeito para isso. ─ Ela o olhou carinhosa. ─ Eu não poderia dar amor essa criança pelas minhas dificuldades, e também não sinto nada por ela. Mas sei que você vai poder dar amor suficiente. ─ Jasmin colocou o formulário ao seu lado. ─ Você e o seu marido.

─ Como?! ─ Seokjin se assustou. "Marido?!" se perguntou.

─ Aliás, por que ele não pôde vir mesmo, Jin? Não tenho problema com o fato do senhor ser gay. Até fico mais aliviada por ser casado. Dispensei duas pessoas, porque não tinham companheiros. ─ Ela novamente olhou o formulário do médico não vendo a expressão de susto e desespero do mesmo. ─ Não quero meu filho sendo cuidado por pais solteiros, sabe? Não sei se o senhor tem o mesmo pensamento.

─ C-Claro que não. ─ Riu nervoso. ─ Pais solteiros? Puff... meu marido não pôde vir, porque... porque... e-está trabalhando. ─ Inventou uma mentira qualquer.

Conversaram mais um pouco. Jasmin fez algumas perguntas básicas, as quais ela se preocupava, se certificou de tudo e logo chamaram a coordenadora para a assinatura dos papéis. Entre 10 palavras, 9 Jin mentia sobre seu "marido".

Ele não entendia o que tinha acontecido, porque havia especificado que era solteiro, mas já que começou, não terminaria. Não sabia quando teria outra oportunidade de adotar um filho, mesmo que aquilo fosse da forma mais errada possível.

Depois da assinatura dos contratos, Jin se levantou com a Jasmin. ─ Estou muito feliz por conversar com o senhor. Na próxima reunião eu quero ver o seu marido aqui, certo? ─ Ela deu uma piscadela. ─ Eu moro fora da cidade, mas qualquer coisa eu volto. ─ Disse se direcionando a porta. ─ Tchau, Jin.

─ Tchau, Jasmin. ─ Sussurrou, não acreditando no que tinha acabado de fazer.

Onde ele arranjaria um marido?

Um pai para o meu filho || KSJ × KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora