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Taehyung realmente estava na casa de Seokjin, tomando chocolate quente, sentado como se estivesse em sua própria casa. Ele já havia se acomodado e tomado intimidade com tudo ao redor, fazendo até pipoca para comer.

Quando chegara, ele disse que descobriu o endereço do médico por seu amigo, Jungkook. Decidiu, então, fazer uma "visitinha" como treinamento para os próximos dias que conviveria com Seokjin.

Na quarta já teriam outra reunião e a história que eles contariam estava resolvida, por isso Jin não entendera quando o mais novo apareceu de surpresa em sua casa.

Taehyung apareceu com o balde de pipoca em mãos. ─ Vamos passear?

─ Hã? ─ Jin perguntou confuso. ─ Hoje não, Taehyung. Amanhã eu trabalho cedo e eu preciso descansar.

─ Vamos, só um pouquinho. ─ Ele fez cara de cachorro pidão. ─ Ainda são 18h. Quando chegarmos, será cedo.

─ Certo. ─ Foi convencido. ─ Vou pegar meu casaco.

─ Ok. ─ O mais novo sorriu animado.

Voltando do quarto, Seokjin pegou a chave de seu carro. ─ Onde vamos?

─ Aqui perto, não precisamos ir de carro. ─ Andou na frente observando Jin ficar para trás. Se voltou a ele. ─ Não sabe ir andando para os lugares, bonitão? ─ Jin revirou os olhos deixando a chave do carro na mesa e saindo finalmente de casa.

─ Você ainda não me disse onde vamos. ─ Jin perguntou já na calçada com as mãos nos bolsos, uma mania sua.

─ Eu também não sei.

─ Como? ─ O médico parou no meio do caminho. ─ Você me chamou e ao menos sabe onde quer ir.

─ Você precisa relaxar um pouco. Sei lá, só aproveita o ar puro. ─ Taehyung arqueou uma sobrancelha. ─ Se quer mesmo ser pai, precisa entender que você ainda vai se estressar muito.

Jin se irritou. ─ Eu te pago para você fingir ser meu marido, não realmente virar um.

─ Opa! ─ O antes brincalhão, se sentiu ofendido. ─ Era só uma dica, não precisa ficar na defensiva.

Jin bufou. ─ Vou voltar para casa.

─ Não vai nada, tem uma barraca aqui perto vendendo cachorro quente. Quando terminarmos, você volta. 

Taehyung parou em frente à uma barraca pequena e com detalhes em vermelho. Havia 2 clientes apenas. ─ Meu Deus, cadê a higiene desse lugar? ─ Seokjin fez careta olhando ao redor.

─ Você é um riquinho chato mesmo, hein? ─ O de cabelos cheios falou. ─ É só comida, cruzes. ─ Cruzou os braços.

Compraram seus respectivos cachorros quentes e se sentaram num banco próximo. Ficaram um ao lado do outro só ouvindo o processo de mastigação do alimento. Se tornou uma situação estranha e desconfortável. Não havia mais assunto e os dois estavam aborrecidos um com o outro.

─ Eu também já fui rico. ─ Taehyung começou a falar.

─ Como?!

─ Um tempo atrás. ─ Continuou. ─ Eu tinha demorado para entrar na faculdade de fotografia, porque fiz um curso antes para saber um pouco mais da área. Foi aí, então, que eu descobri essa minha paixão. ─ Taehyung continuou comendo e falando. ─ Mas, por algumas situações, eu tive que sair de casa.

─ Quantos anos você têm?

─ 27. ─ Disse, terminando o assunto.

─ Na verdade, eu não nasci rico. ─ Seokjin disse. ─ Quando eu era menor, vivia numa casa de aluguel suja e caindo aos pedaços num bairro marginalizado em Seoul. Eu tive que estudar muito para conseguir fazer uma faculdade de medicina. Estou aqui pelo meu próprio esforço.

Taehyung o olhou. ─ Te admiro muito isso. Sempre dependi de meus pais e por isso me dei mal quando saí de casa...

─ Às vezes, eu penso que eu estudei mais medicina pelo desespero de ter um futuro de merda do que pelo amor a essa profissão. ─ Seokjin olhou para o nada. ─ Claro, eu sempre amei pediatria e não pensei duas vezes em estudar sobre ela, mas ver a situação que meus pais passavam, me fazia estudar mais, por não querer ter um futuro como o deles.

─ Como eles estão hoje?

─ Mortos. ─ Jin mordeu o lábio inferior. ─ Nunca tivemos a melhor relação. Eles me ligavam mais para pedir dinheiro e nunca perguntavam como eu estava. ─ Deu de ombros. ─ Triste, mas é apenas a realidade.

─ Meus pais nem me consideram mais como filho. ─ Taehyung sussurrou.

─ Como? Não escutei direito.

─ Deixa para lá, bonitão. ─ Taehyung sorriu afastando os pensamentos ruins. ─ Eu já vou para casa. Obrigado por me acompanhar no cachorro quente. ─ Jogou o papel na lixeira. ─ Até quarta.

─ Até, Taehyung. ─ Jin observou Taehyung ir andando com as mãos no bolso, pensando em quantos segredos aquele menino irônico poderia guardar.

Nos dias que se passaram, eles conversaram coisas básicas por mensagem e ligaram um para o outro.

Na maioria das vezes, eles não falavam mais nada além de um "oi", "tudo bem" e depois resolviam algumas coisas sobre a adoção. O processo estava ótimo e parecia que a instituição não havia descoberto nada.

Seokjin preferia que fosse assim.

Se eles descobrissem, Jin não ficaria apenas sem o filho, como também poderia receber um belo processo.

As coisas teriam que dar certo.

Por esses tipos de pensamentos que na terça à tarde ele saiu mais cedo do trabalho e ligou para Taehyung, em frente à pousada onde o mesmo morava sem realmente ter permissão.

Logo foi atendido. ─ Demorou demais para atender.

─ Só foram 3 toques, bonitão chato. Nas próximas vezes eu vou adivinhar que você irá ligar. ─ O mais novo ironizou. ─ O que aconteceu? Não esqueci que a reunião será amanhã.

Revirou os olhos, mesmo que Taehyung não podera ver. ─ Precisamos de alianças.

─ Como assim?

─ Alianças, Taehyung. Somos casados e precisamos provar isso, não apenas com palavras. ─ Disse o óbvio.

─ Eu pego qualquer uma e você também, não precisa se preocupar com isso.

─ Claro que preciso, Kim Taehyung. Não vou deixar meu marido ter uma aliança falsa. ─ Jin avisou. ─ Estou em frente ao seu prédio. Se arruma que já vamos.

─ O que?! ─ Taehyung puxou as cortinas da janela, vendo a Mercedes-Benz cinza realmente em frente à pousada. ─ Não acredito que está aqui! ─ Exclamou.

─ Estou e é bom você descer em 15 minutos. ─ A ligação foi encerrada.

Taehyung, sem jeito a dar, bufou e rapidamente vestiu a melhor roupa que tinha em seu armário, abriu a porta do seu quarto e foi em direção a saída, encontrando o seu "vizinho" Charlie.

─ O que está fazendo com aquele cara bonito no carrão, Taehyung? ─ Riu, cruzando os braços. ─ Anda fazendo favores?

Taehyung fechou a cara. ─ Não te interessa, Charlie. Por favor, você está me atrasando.

─ O que não fazer para apagar o aluguel, hein? ─ Charlie deu o espaço necessário, insinuando algo malicioso, o qual Taehyung não gostou nada.

Balançando a cabeça para esquecer aquela situação desconfortável, Taehyung finalmente saiu porta a fora, entrando no carro de Seokjin. ─ Vamos comprar onde?

─ No shopping, do outro lado da cidade.

Taehyung arregalou os olhos. ─ Céus, por que tão longe?

─ Fiz umas pesquisas, lá é onde vamos encontrar as melhores. Eu sei o que eu estou fazendo. Confia em mim. ─ Deu partida no carro.

E Taehyung confiou.

Um pai para o meu filho || KSJ × KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora