Desde seu quarto silencioso na infância, até seu apartamento vazio na fase adulta, Seokjin tinha um sonho; a paternidade.
Ter uma criança em seus braços para chamar de sua era um desejo que ele tinha, e estava disposto a conseguir quando completara...
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Após trocar a roupa de menininha para um vestidinho de dormir cinza, Seokjin levava a mesma no colo para a cama repleta de princesas da Disney.
Quando colocou Hannah na cama, ela não estava dormindo. ─ Ainda acordada, princesa?
─ Quem era aquele cara, papai? ─ A menininha estava séria.
─ Um amigo meu, querida. Eu já te disse. ─ Jin riu. ─ Se preocupe em dormir para estar bem amanhã.
Hannah sentou na cama encucada. ─ O senhor ficou tristinho quando ele apareceu. Amigos não deixam a gente tristinho. ─ Cruzou os braços. ─ Pode me dizer o que ele fez, que eu pego ele. ─ Fez pose.
Jin deu uma risada fraca. Hannah tinha a mania de ficar desconfiada com algumas pessoas, e na maioria das vezes, ela tinha razão. ─ O Taehyung não me fez nada, ok? ─ Ajeitou sua filha direitinho na cama deitada. ─ Agora, feche os olhinhos.
Mesmo desconfiada, Hannah sorriu se lembrando da regra que faziam todas as noites. ─ Conta uma história para mim?
─ Qual tema?
─ Princesas! ─ Bateu palminhas.
Jin respirou fundo, observando a neve fraca que caía sobre a janela cor de rosa de Hannah, se lembrando de alguns momentos que partiram seu coração e voltou a olhar para a menina.
Chegou mais pertinho dela e suspirou. ─ Essa história será diferente, ok?
─ Tá bom, papai. ─ Se aconchegou em seu cobertor rosinha.
Começou. ─ Era uma vez, uma princesa chamada Elisa. Ela era bonita, amada e muito rica. ─ Sorriu. ─ Seu pai era o rei mais poderoso do mundo e sua mãe também. Viviam bem, em hamornia e unicórnios passeavam livremente pelas gramas do Reino.
─ Unicórnios! ─ Levantou os bracinhos.
─ Sim, princesa. ─ Deitou ao lado da mesma, a colocando no seu peito, enquanto fazia uma leve carinho em seus cabelos. ─ As nuvens eram feitas de algodão doce, as árvores de chocolate, os rios de calda de morango e os carros de biscoitos. ─ Fez cosquinha na menina, fazendo a mesma rir. ─ Tudo era lindo e perfeito, mas, então... o pior ocorreu.
Hannah ficou preocupada. ─ O que, papai?
─ Para ela conseguir assumir o trono do seu pai para ser uma grande rainha, ela teria que casar com algum príncipe que não gostava.
─ Coitadinha, papai. ─ Ficou tristinha.
─ Muitos homens vieram para se casar com ela, porém Elisa não gostava de nenhum deles. Todos eram superficiais demais.
─ O que é superficial, papai?
Seokjin esqueceu que estava contando a história para uma criança.
─ Que só pensa na beleza das pessoas, príncesa.
─ Ah! Vou falar para minhas amigas quando as aulas voltarem. ─ Riu, exibida.
Limpou a garganta. ─ Elisa teve uma decisão que mudou sua vida.
─ Qual, qual, qual?
─ Ela decidiu que iria contratar um falso príncipe para não casar com os outros que ela não gostava. ─ Sentiu seu olhos arderem. ─ No começo deu certo, eles casaram e Elisa conseguiu se tornar uma bela rainha, mas eles se apaixonaram, o que não estava combinado...
─ Eles viveram felizes para sempre, não é, papai?
Queria negar e contar a história mais trágica que contou em sua vida, mas olhou para sua filha, percebendo o quanto ela tinha para viver ainda e não estragaria sua imaginação e sua infância com as histórias trágicas da sua vida. ─ Sim, querida... eles viveram felizes para sempre.
Saiu do quarto de Hannah quando a mesma adormeceu, o que não demorou muito.
Tomou um banho e deitou em sua cama. Mordeu seus lábios, sentindo os mesmos tremerem e a vontade de chorar aparecer. Porque, não, a rainha e o príncipe forjado não viveram felizes para sempre, e nunca viveriam.
Naquela noite de Natal, Seokjin chorou até adormecer. Chorou como nunca havia chorado antes. Soluçou, socou o travesseiro, lembrou de memórias antigas e se arrependeu amargamente de outras.
Quando já estava em seu limite, dormiu, mas sem antes perceber que acordaria com uma bela dor de cabeça, olhos inchados e nariz entupido.
(...)
Taehyung se olhava no espelho do quarto de hotel pensando no que iria fazer.
Em que momento da parte de sua vida que todos seus relacionamentos começaram a dar errado? Certo, ele já sabia a resposta para aquilo, mas ele não entendia o porquê era tão difícil esquecer aquele cara. Não sabia se eram seus lábios tentadores, seu cabelo incrível, seu corpo escultural, sua personalidade tentadora e apaixonante, ou tudo isso junto.
Riu, se lembrando da pequena Hannah.
Em pensar que antigamente chamava aquele feto de filha, mas agora a mesma já estava grandinha e era muito esperta. Seokjin a criou muito bem, como Taehyung imaginara.
Ele, por sua vez, não mudou nada. Continuava o mesmo homem inteligente, pacato e insuportavelmente gostoso. Só que agora, mais velho e pai.
Incrível como Taehyung pensou que viveria as mesmas coisas que viveu, com outras pessoas, mas ele se deu conta de algo crucial: não havia vivido absolutamente nada com Seokjin. Tentou encontrar o beijo do médico em outras pessoas, mas o mais bizarro de tudo aquilo, era que ele nunca havia vivenciado um beijo com o mais velho.
Nem nada do tipo.
Taehyung vivia numa loucura de: "não fiz isso com ele, mas vou imaginar como é fazendo com outra pessoa". E isso foi ruína para tudo.
Beijava as pessoas e só via o rosto de Jin. Fazia sexo com alguém e gemia o nome dele. Chamava todos por seu nome nos encontros e acabava estragando tudo e perdendo o clima.
Sentia tanto a falta dele.
Pensou que seria recebido com mais carinho e animação pelo mais velho, porém aquela recepção não foi muito animadora para seus sentimentos. Queria dizer muita coisa naquela hora, mas o olhar indiferente e calmo demais de Jin, o fez perder a coragem.
Voltaria para Paris daqui à 10 dias e ele teria que tomar uma decisão: fazer ou não aquilo que estava planejando há mais de 10 meses.
