Princesinha

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─ Demitido? ─ Exclamou com o cenho franzido, desacreditado na sala da Senhora Bianchi, dona da lanchonete. ─ O que eu fiz?

─ Nada, querido. ─ Sua chefe disse. ─ É apenas corte de gastos. O problema não é com você. ─ Lamentou. ─ Mas você é o que trabalha menos tempo aqui. Não posso demitir os outros que já estão há anos comigo.

─ Senhora Bianchi. ─ Se aproximou desesperado. ─ Eu preciso desse emprego. Por favor.

Ela fez uma expressão triste. ─ Infelizmente, não posso fazer nada por você. Me desculpe. ─ Recebendo seu último pagamento, Taehyung saiu desolado da lanchonete, depois de implorar mais uma vez por seu emprego.

Ontem fora uma dia tão bom para si.

Taehyung dormiu 1 hora da manhã no sábado, feliz porque não iria trabalhar no dia seguinte e poderia fazer o que mais gostava; fotografar.

Normalmente, ia à praças e lugares públicos, mas recentemente abriram um parque de diversões perto da pousada. Então, assim que acordou, tomou um café reforçado, se preparando para ir às 16h ao local.

Quando visitava lugares para tirar fotos, Taehyung gostava de ir sozinho para apreciar cada detalhe da natureza. A sua câmera fotográfica é o registro de que tudo pode ser lindo, bastava observar bem.

O local estava bem cheio assim que ele pisou os pés dentro dele. As crianças corriam e as pessoas fantasiadas de bichinhos tiravam fotos com o visitantes. Em um momento, passou um esquilo do seu lado, e enquanto ele subia na árvore perto de Taehyung, o mesmo bateu uma foto, registrando aquele momento. Andando mais um pouco tirou foto do céu, das flores, das folhas e até mesmo uma do banheiro público.

Taehyung permitiu-se aproveitar um ar de alegria. Entrou na montanha russa, no carrossel, no tira ao alvo e até ganhou um ursinho de pelúcia.

Mesmo sozinho, ele se divertiu, comeu e tirou foto de muitas coisas.

Sua maior companheira disso tudo foi sua câmera. Ver algumas fotos tiradas nelas é mais um impulso para viver. O castanho não entendia muito bem essa conexão com as fotos e o prazer de registrar tudo, mas ele não iria parar.

Depois de um dia legal consigo mesmo, ele voltou de ônibus com um sorriso sincero no rosto. Deitou sua cabeça na cama, um pouquinho mais aliviado do que os outros dias, e um pouco mais em paz com seu coração. Ele sentia que segunda-feira seria um dia bom.

Mas, sua intuição falhou miseravelmente.

Agora, ele não perdeu apenas o emprego, mas também perdeu sua própria dignidade ajoelhando na frente da sua chefe quase chorando pedindo seu emprego de volta. Ela teve que praticamente o expulsar da sua sala para ele entender que não teria o emprego de volta.

Sem rumo, sem felicidade e sem um emprego, Taehyung voltou mais cedo para a pousada com seu último pagamento. O pagamento da demissão.

Além de estar com a auto estima lá embaixo, viu a cena mais nojenta da sua vida; os donos da pousada fazendo sexo em cima do sofá de entrada. Não sabia se uma fada havia jogado um pozinho em si da má sorte ou sei lá o que, mas tinha a certeza que não merecia vê uma cena daquelas.

Eles tentaram se cobrir e desconversar, mas estavam nus de qualquer forma, e o morador já havia visto metade da cena. Voltou para seu quarto revirando os olhos e sentando em sua cama. Colocou o dinheiro na mesinha ao lado, pensando no que iria fazer.

Teria que colocar currículos em vários estabelecimentos? Ficaria sentado ali esperando o dia de sua morte? Ligaria para alguém pedindo dinheiro? Ele não sabia o que fazer.

O seu último salário daria para pagar o aluguel e comprar algumas coisas básicas para si. Havia, sim, um dinheiro no seu pequeno cofre, porém era muito pouco, sendo ele menor do que o que sua chefe havia lhe dado. Então, saber o que fazer, ele não sabia. Afinal, não estava esperando ser demitido bem quando tudo estava dando "certo".

Ok, certo é uma palavra muito forte.

Em uma decisão fora de hora, Taehyung tomou um banho, mudou de roupa, pegou seu casaco e celular, rumando para qualquer lugar longe daquele onde morava. Qualquer lugar era melhor do que ficar refletindo dali. Andou sem destino específico. Apenas caminhou, olhando tudo, cada detalhe e se deixando levar pelo vento fresco que batia pelo seus cabelos. Tentou ser forte e não chorou. Conseguiria passar por isso. Ele sempre consegue.

No caminho, comprou um churros e continou caminhando.

Em frente à uma loja, tinha uma menina de cabelos longos, uma criança. Parecia perdida, as mãozinhas mexiam uma na outra nervosamente e ela parecia que estava prestes a chorar.

Olhava de uma lado ao outro, procurando alguém, e por algum instinto desconhecido, Taehyung foi até ela. ─ Oi, querida. ─ Chegou sorrindo, fazendo a menina de assustar, parecia que tinha uns 7 anos. ─ Está perdida? O que aconteceu?

─ Mamãe disse para eu não falar com estranhos. ─ A menina se afastou assustada.

─ Não sou estranho, ok? ─ Ele se agachou. ─ Meu nome é Taehyung. Pode me chamar de Tio Tae. ─ Esticou a mão. ─ Só quero te ajudar. ─ Mesmo desconfiada, a menina lhe deu a mão, fazendo ele suspirar aliviado. ─ O que aconteceu?

A menina fungou. ─ Eu e mamãe entramos numa loja de roupas, e ela disse para eu soltar a mãozinha dela, mas uma pessoa bateu em nós e sem querer eu soltei. ─ Começou a chorar. ─ Eu fiquei perdida e estou aqui fora esperando ela me encontrar, mas ela nunca sai. ─ Disse, chorando mais e apontando para o shopping.

Taehyung ficou com pena. ─ Não chora, ok? Vamos encontrar sua mamãe. ─ Ainda de mãos dadas a menina, o castanho entrou no shopping perguntando a pequena como era sua mãe e qual roupa estava usando.

Chegando perto de um segurança, ele deu as características e logo encontraram a mãe da menina. ─ Filha! ─ A mulher chegou perto da menina, a dando um abraço apertado e emociando. ─ Pensei que havia te perdido para sempre. ─ Olhou para cima, e viu o homem sorrindo para a cena. O homem que havia cuidado de sua filha. ─ Obrigada. Se não fosse por você, acho que não encontraria ela.

─ Não se preocupe. ─ Ele sorriu mais, acenando para a menina. ─ Tchau, princesa.

─ Tchau, Tio Tae! ─ Ela sorriu, indo embora.

Ajudar aquela menininha a encontrar sua mãe ao menos deixou Taehyung menos triste e preocupado com sua situação. E por um momento, ele pensou em como seria se ele tivesse uma princesinha como aquela para chamar de filha.

Um pai para o meu filho || KSJ × KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora