Esperança

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─ Você extrapolou ontem. ─ Hoseok disse quando Jin saiu do seu quarto a caminho da cozinha. O médico havia esquecido que tinha marcado com o amigo para ele dormir em sua casa.

─ Não me diga! ─ Disse ironicamente. ─ Que horas são?

─ 13 horas. ─ Seokjin arregalou os olhos. ─ Está até cedo. Você estava tão animado que só foi conseguir dormir às 5 horas da manhã, depois de muita relutância minha.

Bufou. ─ Nunca mais você me convence a beber.

─ Yoongi me mandou uma mensagem enquanto você dormia. ─ Hoseok se aproximou, encostando-se na bancada na cozinha. ─ Disse que iria ligar mais tarde.

─ Certo. ─ Tocou nas têmporas, fazendo uma careta. ─ Eu estou com tanta dor de cabeça. Pode comprar um remédio na farmácia aqui ao lado pra mim? ─ Juntou as mãos em sinal de súplica.

Hoseok revirou os olhos. ─ Tá bom. ─ Pegou a carteira e saiu porta a fora.

─ Obrigado! ─ Gritou quando o amigo já havia saído de casa.

Seokjin tomou café, sentado no sofá, enquanto assistia um programa qualquer na televisão.

Às vezes, aleatoriamente, os pensamentos iam direto para a adoção, a qual nunca mais recebeu notícias.

Já era sábado, e nada de uma pessoa o escolher. E o que mais rondava sua cabeça era: "Eu irei ser um bom pai?"

Jin sempre viveu sozinho a vida toda, mesmo morando com os pais em um longo período de tempo, parecia mais que era sozinho no mundo. Ele poderia sair sem avisar, pagava as coisas para si, e até mesmo as contas com o pouco dinheiro que tinha.

Os livros? Ele comprava.
As fardas? Também.
Comida? Quase toda vinha da sua renda.

O médico foi obrigado pela vida a amadurecer muito rápido. Ou apenas ter pensamentos adultos, não sabia ao certo. Mas tudo, do começo ao fim, fora precoce demais, tinha isso em mente.

Em toda a sua vida, sempre teve que ser auto suficiente em tudo e conseguia, com muito esforço e dedicação. Querendo ou não, as pessoas esperavam muito de si.

E ter em mente que teria que cuidar não só dele mesmo, mas também de mais uma pessoazinha, era da mesma forma animador, quando assustador.

Dar banho, educação, amor, passear, corrigir. Só de pensar, ele tinha medo.

─ Oi. ─ Disse do outro lado da tela depois de atender o primo que o ligara por Skype.

─ Está desanimado? ─ Yoongi perguntou com a boca cheia de pipoca.

─ Estou com dor de cabeça. ─ Fez outra careta se lembrando. ─ Hoseok foi comprar um remédio para mim.

─ Melhoras. ─ Encheu mais a boca de pipoca. ─ Só queria avisar que nossas passagens já estão compradas e estamos embarcando para Nova York no dia 2. ─ Depois daquela fala, eles embarcaram numa conversa cheia de fofocas e risadas.

Assim que terminaram, Hosoek entrou no apartamento. ─ Não sabia qual você tomava, então comprei qualquer um. ─ Jogou uma cartela em cima de Jin.

─ Nunca ouvi falar desse remédio, Hoseok. ─ Franziu o cenho indo para a cozinha pegar um copo de água.

─ O farmacêutico falou que era para dor de cabeça. Toma sem reclamar. ─ Deitou no sofá sem educação alguma. ─ Ouvi umas risadas, era o Yoongi?

─ Sim, ele vem aqui mês que vem. ─ Tomou o comprimido de tamanho médio. ─ Aliás, o seu namoradinho da Inglaterra vem junto.

Hoseok riu escandalosamente. ─ O Namjoon? ─ Olhou para a televisão desligada. ─ Ele é difícil, não me deu sequer um beijo, mas o desgraçado é lindo, e a personalidade dele é incrível. ─ Sorriu para o nada.

─ Eu chamo isso de amor.

─ Deixe de palhaçada. ─ Hoseok desconversou, se levantando. ─ Estou indo para casa, qualquer coisa me liga.

Jin riu. ─ Tchau. Até segunda.

─ Até. ─ Saiu, deixando o de cabelos pretos sozinho.

Jin passou o resto do dia mexendo nas redes sociais e ouvindo música clássica, do jeitinho que ele gostava, quieto e calmo.

Se lembrou que fazia um tempo desde que checou seus e-mails, e por não estar fazendo nada, foi direto para a caixa de mensagens ver o que haviam lhe mandado. Leu alguns de ofertas e cupons quando passou por um bem interessante, e também surpreendente.

"Nem sempre chegamos onde queremos chegar no tempo que pretendemos. Tenha paciência. Há um processo. A esperança é a última, e única saída. Ficamos chateados porque achamos que tinha que acontecer de um jeito e aquilo não acontece. Na verdade não sabemos nada. Quem disse que o seu jeito era o melhor? ─ A pessoa, a qual era a sua professora da faculdade, o respondeu. ─ Não podemos esperar que tudo aconteça parados. Se isso é o seu sonho, faça acontecer. Agite, levante-se, lute!"

E depois de ler aquele e-mail, ele concluiu: A esperança e a força de vontade, mudam tudo.

Um pai para o meu filho || KSJ × KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora