Euforia

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As pernas largas já se puseram em pé alguns minutos atrás. Jungkook havia saído da sala fazia algum tempinho e a menina pequena observava os dois adultos que se olhavam profundamente.

A mesma ficou curiosa, porque seu papai estava com os olhinhos cheios de água e as mãos tremendo. Nunca vira o mesmo daquele jeito.

─ Taehyung? ─ Se aproximou. ─ Quanto tempo... Você está... ─ Olhou de cima à baixo. ─ Mudado.

Distribuiu seu melhor sorriso quadrado. Que saudade Jin sentia dele... ─ Você não está muito diferente de mim. Eu estava com saudades.

Jin suspirou, surpreso. ─ Eu também estava. Onde voc...

─ Papai, quem é esse moço? ─ Se escondeu nas pernas de seu pai.

─ Hannah? ─ Taehyung franziu o cenho, se agachando. ─ Como você está grande, minha princesinha...

─ Você me conhece?

─ Conheço. ─ Se aproximou. ─ Eu era... e-eu sou amigo do seu pai.

Olhou para cima. ─ É verdade, papai?

─ Sim, querida. Esse é o Tio Tae.

─ Ah, se então é amigo do meu papai, é o meu também. ─ Sorriu, se aproximando do mais velho. ─ Prazer, meu nome é Hannah. ─ Estendeu sua mão.

Taehyung se surpreendeu pela esperteza. ─ Prazer. ─ Colocou sua mão na da menina, sorrindo.

─ Vou continuar brincando no Just dance. Tchau, Tio.

─ Tchau, princesinha... ─ Taehyung se levantou e seu olhar se encontrou com o do mais velho.

Aqueles olhares, a esclera, a córnea, a íris, o corpo ciliar, o humor aquoso, o cristalino. Tudo que compunhava um olho, queria dizer tantas coisas, tantas palavras, tantos sentimentos...

─ Onde você estava esse tempo todo?

─ Em Paris. ─ Colocou as mãos no bolso. ─ Terminei a faculdade, Jin.

Jin sorriu. ─ Eu estou muito feliz por isso, mas você sumiu do mapa, não mandou mais mensagens. Perdemos contato.

─ Tudo começou a ficar difícil. A mudança, meus pais, as coisas que andavam acontecendo, os meus pensamentos que queriam tomar posse... meu coração. ─ Olhou no fundo dos olhos do médico. ─ Perdão por demorar tanto tempo e voltar como se nada tivesse acontecido.

─ Sem problemas! Você não tinha obrigação.

─ A-ah... tudo bem. ─ Taehyung queria que tivesse problema. ─ Ela está linda... ─ Se referiu a pequena menina que ainda tentava dançar no Just dance. ─ Sabia que você seria um ótimo pai. ─ Sorriu. ─ Vou falar com os outros. ─ Se afastou, indo para a varanda.

O coração de Jin quase saía pela boca. Suas mãos ainda tremiam e ele não estava acreditando naquilo.

Ele conseguia sentir as mesmas coisas que sentia quando estava ao lado de Taehyung, há 5 anos atrás. Ainda poderia sentir a sensação de euforia só de saber que ele estava ao seu lado, só de saber que ele estava ali, de volta, na sua frente, mais bonito como nunca antes. Seus cabelos estavam maiores e mais definidos. Estava mais alto e também mais musculoso.

Seu sorriso? Ah, ele não havia mudado nada. A única coisa que continuava a mesma.

Nunca beijara Taehyung, muito menos passou sequer a noite com ele, mas sabia, do fundo da sua alma, que o sentimento ainda se estabelecia ali e tomava conta de todo seu ser.

Como a vida é engraçada, não é?

Você fica anos pensando na pessoa, a qual é apaixonado. Se crucifica dias e dias por não fazer nada sobre isso. Pergunta para si mesmo sempre, se a mesma estava bem e no final, consegue se acostumar com o fato que nunca terá ela. Nem como amizade. Porém, no entanto, a pessoa aparece do nada no Natal, como um presente atrasado do papai Noel.

Pois é, Papai Noel. Não era isso que Seokjin pedia em todas as suas cartinhas.

Com 37 anos nas costas, ele nunca pensou que poderia passar por uma situação daquela.

Como agiria? O que falaria? Ele não sabia.

Por impulso, entrou na cozinha para beber uma taça de vinho e se acalmar um pouco. Ele precisava colocar os pensamentos no lugar e pensar em como procederia diante aquela situação vergonhosa.

Não era nada demais, certo? Apenas o homem que ele fora apaixonado.

Quando saiu da cozinha, observou que Taehyung estava com todos os adultos ─ e Henry. ─ sentado na mesinha de madeira que Jungkook tinha na varanda. Estavam rindo e pareciam confortáveis com a situação. Parou na porta e ficou um tempo tentando controlar a loucura que insistia em bater no seu pequeno coração.

Sentou-se ao lado de Jungkook e parecia que o fotógrafo contava uma história sobre seu curso. ─ Foi difícil no começo. Principalmente, porque eu não conhecia ninguém de lá e não sabia falar muito bem Francês.

─ Quem você fotografou durante esses anos?

─ Ah... ─ Sorriu. ─ Eu tive a oportunidade de fotografar milhares de famosos. Da Coréia do Sul, até Nova York. ─ Olhou para Jin quando deu uma pausa na fala. ─ Estava com saudades daqui... e das pessoas.

─ Você veio para ficar? ─ Jimin perguntou.

─ Depende do que irá ocorrer durante esses dias. ─ Olhou novamente para o médico.

A festa passou rápido, e quando perceberam, já eram 23h e Yoongi, Jimin, Henry e Max já haviam ido embora. Jungkook estava no quarto com Hoseok, alegando que Jin e Taehyung poderiam ficar até quando quiserem, mas que ele iria dormir com o noivo, deixando os dois sozinhos.

─ Como foi cuidar da Hannah sozinho? ─ Perguntou em um momento que eles estavam olhando as estrelas, sentados em cima da toalha posta na grama.

─ Muito bom. Parece que eu virei uma pessoa melhor.

─ Você realmente está mudado.

─ Você também. ─ Jin sorriu. ─ Parece mais maduro, mais forte, mais pé no chão, mais... ─ Deu uma pausa. ─ bonito. ─ Olhou o relógio. ─ Já são 23h40. A Hannah capotou no sofá e eu preciso ir.

Se levantaram juntos.

─ J-jin.

─ Sim?

Perdeu a coragem do que tinha vontade de falar. ─ Boa noite.

─ Boa noite, Tae.

"Eu ouço o oceano de longe
Através do sonho, depois da floresta
Estou indo para o lugar que está ficando mais claro
Pegue minhas mãos agora
Você é a causa da minha euforia"
(Euphoria, BTS.).

Um pai para o meu filho || KSJ × KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora