Entre Lágrimas, Pedaços de Pizza e uma Tapeçaria.

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Depois de um jantar regado a brincadeiras e pizza, Teddy começou a bocejar e parecer sonolento. Ele estava brincando no tapete com Aurora, então, foi ela a pega-lo no colo.

Harry a guiou até o quarto do menino. Teddy já estava de banho tomado e com seus adoráveis pijamas amarelos e pretos, presente de sua avó.
Aurora o colocou na cama e o cobriu, mas se afastou para Harry dar boa noite ao filho.

Ela olhou em volta, o quarto era lindo. Em uma das paredes havia um desenho, que Aurora pensava ser dos terrenos Hogwarts. Ela reparou em um detalhe, nos gramados verdes do castelos haviam três criaturas correndo e brincando: um lobo, um cachorro e um cervo.

Ela ouviu Harry conversando baixinho com Teddy, então saiu do quarto pra dar privacidade aos dois. Desceu as escadas e pegou as taças de vinho e a garrafa, subindo novamente para procurar um lugar legal. Fazia dias que ela tentava...Conquistar Harry? Não pensem que ela estivesse o querendo por dinheiro ou beleza, ele podia ter as duas coisas e Aurora sabia quanto ele tinha, especialmente de beleza, mas...Ela realmente começara a gostar dele. Mas, não era muito cedo?! Se conheciam há...O que? Duas semanas? Mais?

Aurora abriu uma porta de uma sala e olhou em volta. Era um quarto interessante, sem móveis além de um tapete e as paredes. Deixou a taça de Harry e a garrafa no chão, e começou a andar em volta, notando o que ali havia. Se surpreendeu. Eram nomes.

Então, ela continuou a pensar. Era ridículo. Ela não deveria se aproximar de Harry. O homem tinha um filho e um futuro pela frente, merecia alguém melhor. Não uma órfã sem amigos e sem casa. Embora tentasse ficar longe, parecia que sempre precisavam passar mais tempo juntos. Era quase como se algo estivesse o atraindo pra ele. Os sorrisos, os toques, as brincadeiras e até mesmo o caso! Harry era inteligente, divertido e gentil!
Como que ela não o admiraria?

Seus olhos passearam pela tapeçaria na parede até chegar a um nome.
-É claro que você está aqui. -Aurora disse e deslizou a mão pelo tecido. -Oi pai...

Enquanto ela tocava, o tecido queimado cresceu. Se autocosturando. E o rosto de Sirius voltou a aparecer e um galho saiu para cima dele...Aurora Black. Ela engoliu seco.

-Aurora? O que faz aqui?-Harry entrou na sala.

Aurora olhou para ele e depois para a tapeçaria.
-Harry...Não fique bravo, por favor. -Ela engoliu seco. Andando para trás.
Harry levantou uma sobrancelha e andou até ela, olhando pra a tapeçaria e arregalando os olhos ao assimilar.
-Você é...Filha do Sirius?-Ele perguntou.
-Pois é...Surpresa!. -Aurora bebeu seu vinho. Assim que engoliu, Harry tirou a taça das mãos dela.
-Como assim?- Perguntou.
-Bem. É uma longa história....-Aurora respirou fundo e foi andando até o tapete. Se sentando ali. Harry a seguiu e sentou ao lado dela. -Eu nunca soube, antes que me questione sobre isso. -Ela mordeu os lábios. -Mamãe nunca me disse o nome dele. Era sempre "o seu pai", sem nomes ou referências. Eu só sabia que ele era inglês e que havia lutado na linha de frente da guerra. -Aurora passava a mão no tapete, parecia estar nervosa. Era a primeira vez que contava para alguém tudo isso. -Acho que a distância era uma agonia muito grande, eu sempre me sentia muito mal em Paris, como se não devesse estar ali. Minha magia falhava muito e por isso, a diretora me chamou várias vezes na sala dela, dizia que eu precisava me transferir pra Hogwarts, que era o lugar certo para que eu aprendesse magia, só que a minha mãe nunca aceitou isso.
-Oh Aurora...-Harry começou, mas Aurora negou com a cabeça. Continuando a história.
-No quarto ano, o torneio tribruxo foi anunciado e a minha mãe foi chamada na escola, a diretora queria me levar. -Aurora levantou o rosto e tirou uma mecha dos olhos. -Eu implorei pra ir, eu queria que a agonia passasse e quem sabe, conhecer o meu pai? Mas, ela retrucou, disse que eu era muito nova e que se eu quisesse ir quando mais velha, ela deixaria.
-E o que aconteceu?-Harry perguntou, curioso.
-No quinto ano, eu tentei fugir de casa. -Aurora suspirou. -Em vez de ir para Beauxbatons, assim que ela me deixou, eu peguei meu malão e parti para a estação. Eu consegui sair de Paris. Nossa, ela ficou furiosa e juntou um grupo de aurores para me encontrar.
Me acharam na estação de King's Cross...Eu...Eu não queria voltar. -Aurora juntou suas pernas, as abraçando. -Pela primeira vez, eu me sentia bem e acho que eu estava perto do...Sirius, naquele dia. Só que, mamãe rapidamente me enfiou em um trem e disse séria que meu pai tentaria me tirar dela, que ele nunca me deixaria a ver novamente e depois...Em Paris, ela me disse que havia fugido comigo porque meu pai havia me rejeitado. Depois disso, eu desisti.
-Sirius não...-Harry começou negar.
-Anos depois, ela me disse que não contou pra ele, Haz. -Aurora disse pegando a mão dele. -Ela mentiu naquele dia para me fazer esquecer da ideia de buscar o meu pai. A verdade é que ela fugiu enquanto estava grávida e foi realmente pra me tirar da guerra. Continuou mentindo mais e mais, sob o pretexto de me manter longe a medida que eu crescia. O medo dela era que conhecendo o meu pai, eu entrasse pra Ordem da Fênix e consequentemente, na guerra.
-Não foi justo, Sirius merecia saber...-Aurora concordou com a cabeça. -Como você soube?-Perguntou Harry.
-No leito de morte, minha mãe decidiu contar a verdade. Ela disse estar muito satisfeita que a guerra houvesse acabado e que, apesar de odiar a ideia, até me permitia voltar para a Inglaterra. E pediu desculpas, no entanto, porque meu pai havia morrido e eu nunca pude o conhecer...-Aurora derramou uma lágrima.

Harry se arrastou levemente até ela e a abraçou.
-Oh Aurora, por que não me contou?-Harry tentou a acalmar.
-Eu temi que você quisesse me dar algo. A casa ou sei lá...Eu...Eu quero assumir o nome dos Black, pelo meu pai, mas...Não quero Grimmauld nem nada disso. Isso é seu, ele te deu como herança. Ele te amava. -Aurora se separa um pouco dele e toca no rosto dele. -E eu entendo perfeitamente o porquê. -Ela sorriu.
Harry retribuiu e secou as lágrimas dela.
-Então...Black?-Perguntou Harry e Aurora riu.
-Isso, Aurora Black. -Disse ela com um sorriso.
-Seu nome combina com ele. -Harry disse enchendo as taças deles. -Uma forma perfeita de zoar a mania dos Black nomearem seus filhos com estrelas.
Aurora pegou a taça e encostou a cabeça no ombro de Harry. Ele bebeu um pouco do vinho e depois olhou pra ela, sorrindo. Suas mãos se entrelaçaram e Aurora começou a acariciar a mão dele.

-Quer ver algo legal?-Perguntou Harry.

XxX

Harry abriu a porta da cozinha e deixou a garota pra passar. A noite era fria e as estrelas brilhavam sob eles.

-Colocou todos os feitiços de segurança no Teddy?-Aurora perguntou.
-Sempre. -Harry avisou fechando a porta e voltando a pegar a mão da morena.

Eles andaram sob o gramado e foram até uma árvore que parecia cair para um dos lados.
Harry movimentou sua varinha, e um galho da árvore se inclinou, deixando-os se sentar nele.

Balançando as pernas, ali olhando para o céu, Harry apontou.
-Está vendo? Aquela é a estrela mais brilhante do céu. -Harry disse e Aurora sorriu, observando.
-É lindo.-Ela voltou a se encostar nele, com um sorriso doce em seus lábios.
-É...Lindo.-Harry disse olhando pra ela. E sorriu, colocando uma mão no rosto dela e virando pra ele. Ele acariciou a bochecha dela e ela sorriu. -Que foi?
-Você. -Aurora disse.
-Eu?-Perguntou Harry.
-Você consegue me fazer ficar feliz segundos depois de me sentir a pior pessoa do mundo. -Aurora disse.
-Eu te faço feliz?-Harry perguntou, sem conseguir evitar de sorrir.
Aurora beijou a bochecha dele.
-Consegue. -Aurora fecha os olhos, voltando a apoiar a sua cabeça em Harry.

Harry olhou pro céu, ele levantou um de seus braços e passou por cima dela. Aurora riu e se ajeitou, se aconchegando melhor nele. O homem sorriu vendo as estrelas, sirius, especificamente, parecia cintilar mais naquela noite.

O Destino Bruxo.Onde histórias criam vida. Descubra agora