Holofotes (parte I)

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_ Você está espetacular querida Antoniete! Falou senhor Ícaro quando entrei no carro.

_ Que bom, porque quase tudo custou dinheiro seu. Sorrimos.

A movimentação estava intensa no momento em que chegamos, muitos carros, holofotes coloridos refletiam no gramado verde, lantejoulas, ternos, brincos, colares de ouro, todos muito elegantes, as mulheres esculturais desciam do carros, cabelos, arrumados, quilos de maquiagem as deixavam esplêndidas. Se fosse a um tempo atrás eu não teria descido do carro porque estaria me sentindo do tamanho de uma pulga, mas agora estou mais confiante.

... Sempre quis descer do carro colocando um perna de fora, daquele jeito elegante e sexy, e um cavalheiro me observar enquanto apareço divinamente, vou tentar agora, primeira perna... porcaria o vestido enganchou no cinto, ai minha cabeça, bati na porta....Desisto.

_Você está bem? perguntou o manobrista que era o único lá fora e ainda por cima meu irmão.
_Antoniete, o que você está fazendo aqui? Está saindo com esse velho? Minha irmã, eu não acredito que você... Falou Jonas baixinho.

_Eu vim para festa, ele me convidou, somos apenas amigos. Falei.

_Cuidado esse velhos são sabidos viu, começa assim, depois você está dormindo come ele. disse ele chateado.

_Para com isso, você é louco irmão, não é nada disso. Senhor Ícaro se aproximou e eu o apresentei a Jonas que fingiu simpatia, nos despedimos e entramos.

...Jazz! por que em festa chique precisa ter Jazz. As mesas dispostas em parte do salão, algumas pessoas já comiam e bebiam, uma mesa grande com doce, mimos, o bolo ao canto e muitas flores naturais, eu estava extasiada, olhava para tudo parecia uma criança em uma loja de brinquedos.

Fomos encaminhados a uma mesa, juntos com mais um casal que ficava ao canto perto de um jarro grande de flores, o cheiro delas era maravilhoso.
Nos apresentamos, eu estava meio tímida, mas senhor Ícaro era um perfeito cavalheiro. Muitos garçons, com champanhe, petiscos deliciosos que eu tive vontade de colocar na bolsa, pena que era tão pequena.

... Te comporta Antoniete, ser pobre é uma coisa, mal educada é outra.

Não demorou muito e o anfitrião pediu para a banda parar um pouco e anunciou a entrada do senhor Edgar Alvares Damasceno, e suas duas lindas filhas Júlia e Izzy Damasceno. Todos começaram a aplaudir e enquanto a banda tocava um bela melodia eles entraram, elas estavam lindas, perfeitas, o homem lembrava um pouco o filho, mas não muito.

Depois de alguns minutos até a música terminar e eles ficarem de queixo cansado de tanto sorrir a força e acenar para alguns conhecidos, o anfitrião paralisou novamente e anunciou a entrada da senhora Regina Damasceno e o Filho Davi.
A mãe tinha um cabelo no ombro bem modelado e um vestido verde se destacava na pele branca, mas não foi ela quem me chamou atenção. Ele estava um espetáculo de homem, terno escuro, o cabelo liso tinha o caimento natural no rosto, o sorriso, os aplausos foram maiores, provavelmente os boatos do divórcio circulavam, embora quisessem esconder, e a manada de mulher solteira que tinha ali não estava no gibi.

Começou a cerimônia de renovação de votos, eu realmente achei muito lindo, em seguida algumas homenagens ao casal, primeiro foi Ana que até então não havia visto, estava acompanhada da mãe leram um poema e Ana entregou um desenho aos avós.

Depois Izzy e Julia que cantaram a música preferida dos pais, depois alguns conhecidos desejavam felicidades, só então o filho tocou o saxofone acompanhado da banda, emocionou alguns e surpreendeu outros, eu já sabia que ele tocava divinamente bem e me senti feliz por naquele lugar cheio de gente, eu conhecia aquele grande músico.

***
_ Ícaro, você veio! E essa jovem quem é? Perguntou dona Regina quando chegou à nossa mesa junto com o filho.
_ Essa é uma grande amiga. Disse senhor Ícaro.
_ Boa noite Antoniete! Disse Davi.
A mãe o questionou se me conhecia e ele disse que sim, e que era a Professora de reforço da filha. A mulher soltou um leve sorriso, apertou minha mão e continuou conversando com senhor Ícaro. Então chegou outra senhora que abraçou os dois idosos, então começou uma grande roda de conversa a minha volta e eu apenas sorria feito um boneco de plástico sem conhecer ninguém. Davi percebendo que eu estava sobrando. Tomou minha mão disfarçadamente e me indicou a segui-lo. Fiquei receosa, se Georgina visse ou a irmã?
... Aí meu Deus para onde esse homem está me levando. Estava tão preocupada que ao pararmos não observei de imediato o belo jardim iluminado, poucas pessoas estavam alí, aquele lugar havia sido pensado para quem queria ficar a sós era lindo e tranquilo.

_ Fiquei feliz ao vê-la, Seu Ícaro é velho amigo dos meus pais e ter convidado-a para fazer-lhe companhia foi uma ótima ideia.
Disse ele.
_Sim. A festa está muito boa, nunca havia visto algo igual, sua família é muito bonita. Falei ainda receosa.
_ Antoniete, sobre aquele dia no meu apartamento eu... Não me arrependo de nada que fiz. Disse ele.
Eu não sabia o que dizer, eu não conseguia acreditar que um homem daqueles teria me beijado por livre e espontânea vontade, muito menos que ele poderia se interessar por mim.

_ Tudo bem.. eu...
Me interrompeu com um beijo, doce e terno no início, mas faminto e invasivo nos segundos seguintes, o abraço era apertado, minhas mãos deslizavam em suas costas largas e as suas me acariciavam minha cintura.
Perdi completamente a noção de onde estávamos e o perigo que corríamos de sermos vistos. Foi então que a realidade nós chamou de volta.

Ouvimos o anfitrião comunicar que iriam cantar parabéns.
Antes de chegarmos ao salão beijou- me no rosto e disse que eu estava muito bonita.

Ele se juntou a família e eu voltei a mesa com senhor Ícaro que agora estava acompanhando por uma senhora muito simpática. Logo depois dos parabéns ele nos apresentou, Dona Ester era viúva e se conheciam a tempos, percebi que havia alguma coisa entre os dois e disse a senhora Ícaro que ele merecia amar e ser amado novamente. Ele sorriu.

***
Resolvi dar privacidade aos dois, o outro casal também já havia saído.
... Um que champanhe forte, vou maneirar ou vou passar vergonha.
Falei enquanto passeava pelo salão cheio, com uma taça na mão.
_ Arthur? Quase me engasguei ao ver Arthur e Carla juntos novamente.
... Que safado, e toda aquela história?Ei sabia que não podia confiar, tive a certeza quando depois que ele me viu com Davi na outra noite não questionou sequer quem era, significava que não se importava comigo.
_ O que você está fazendo aqui? Perguntou ele ruborizado.
..Silenciei. Imaginava uma resposta que não me deixasse como a largada da festa mas...
_ Eu a convidei. Disse Davi colocando levemente a mão nas minhas costas. Dei um sorriso amarelo e ele me olhou. Arthur e Carla o cumprimentaram e saíram.
... Foi melhor do que imaginei.
_ Porque você estava tão branca olhando aquele casal? Perguntou ele.
_ Ex namorado. Falei.
_ Acho que ele ainda é interessado em você, ele te olhava de um jeito.
_Acho que não. Ele não sabe o que quer. Falei chateada.
_ É o contrário de mim, eu sei exatamente o que quero. Disse me olhando e me fazendo ruborizar feito uma boba.

_Já não bastava inventar um monte de histórias sobre mim para o meu marido, ainda vem a festa da nossa família para acabar de nos destruir? Disse Georgina.... Se aproximando e falando em tom irônico.
...Ah não! Isso não vai prestar...

Continua....

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