𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 36

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(𝑱𝒂𝒔𝒑𝒆𝒓 𝑷𝒓𝒊𝒄𝒆 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)
---❤︎---

Depois de horas reorganizado os arquivos da empresa, eu saio da sala do Leon e encaro a sala do senhor Campbell.

Bato na mesma e não obtenho resposta. Entro e vejo o senhor Campbell concentrado atrás da sua enorme máquina.

__ Eu não lhe deixei entrar, senhorita Whintermore.

Argh! O antigo senhor bonzinho da recepção sumiu pelos ares.

Resmungo e fecho a porta, batendo na mesma novamente.
Eu calculo dessa vez... já se passaram 1 minuto que estou do lado de fora, esperando sua permissão.

Isso é humilhante! Ele se sente no direito de excluir e se sentir superior a todo mundo.
Isso porque ele se sente o magnata da engenharia. Já que não tem nenhuma outra empresa a altura para competir com a Campbell.

Quando estou prestes a sair deste corredor, a tão esperada permissão soa de dentro da sua sala.
Entro em um único movimento e sem esperar ele dizer algo, eu me sento em sua frente.

Eu continuo calada, esperando ele me olhar para começar.
O senhor Campbell levanta somente o olhar e permanece com seus olhos intensos em mim.

__ Quer me dizer algo?

Sua voz é grossa, sem emoção. É como se eu fosse uma qualquer aqui dentro.
Ele tem que relevar que o que faz a empresa Campbell ser o que ela é hoje, somos nós, todos os funcionários.

__ Eu sei que você quer fazer as coisas do seu jeito, mas precisa aceitar nossas ideias.

__ A sua ideia? De sair culpando meus funcionários de confiança?

De novo ele está relevando esse assunto. O assunto que imaginei que teríamos zerado.

Ele fecha seu notebook com ignorância e apoia os cotovelos sobre a mesa.

__ Sabe, Savannah...

Agora ferrou! O senhor Campbell nunca me chamou pelo nome. Eu até achava que ele não soubesse o meu nome.

__ As vezes eu penso em algumas ideias, assim como você.

__ Que tipo de ideia? __ Digo assustada.

__ A ideia de que talvez você mesma esteja encobrindo isso.

Arregalo meus olhos e me levanto extasiada.

__ O QUE? __ Aumento o tom da minha voz sem perceber. __ Está dizendo que eu fiz isso? Eu desviei os 80 mil?

__ É só uma ideia... você tem várias em mente...

Deve ser o meu desespero por esse assunto. Ele deve estar imaginando que eu esteja querendo tirar meu nome da reta.
Eu tenho acesso a conta da empresa, mas uso ela para fazer o controle, é a minha área e função nessa empresa.

__ Eu só quero resolver isso. Sempre fui fiel ao meu trabalho, mesmo sabendo que posso ser de uma área maior. Nunca cogitei a ideia de passar por despercebido aqui dentro. Se eu estou fazendo isso, é para garantir meu emprego nesta empresa.

Ele não responde e apenas continua me encarando.

__ Eu trabalhei duro pra chegar até aqui e não aceito que o senhor me diga o que não sabe ao meu respeito. Sinto muito por tentar ajudar. Não farei mais isso.

Coloco minhas pastas em cima de sua mesa. As pastas de reclamações e contas de diversos clientes.
Todas resolvidas.

__ Pode me demitir se quiser.

Saio da sua sala e fecho a porta atrás de mim.

Eu não preciso de ninguém pra acabar com o meu futuro, eu faço isso sozinha.

Nervosa e chateada pelo que eu acabei de fazer, eu saio da empresa.
Se o senhor Campbell levar minhas palavras a sério, eu tô no olho da rua.

Onde eu estava com a cabeça de dizer aquilo?

Posso preparar meu emocional para o meu próximo encontro com ele.

Engolindo a seco as lágrimas que ameaçam a escapar dos meus olhos, eu caminho pela calçada em direção a lanchonete mais longe que conheço nessa cidade.
Não quero ser atrapalhada por ninguém.

Depois de alguns longos minutos, eu avisto a lanchonete, com suas paredes vermelhas e luzes piscando no letreiro.
Entro na mesma e a porta emite um barulho.

Me sento no balcão e encaro o cardápio, vendo as diversas opções de misturas de vitaminas e sucos naturais.

Uma atendente bonita dos cabelos longos para em minha frente, sorrindo.

Encaro por uma última vez o cardápio e sorrio por está prestes a experimentar uma mistura exótica.

__ Quero este. __ Aponto para o desenho do copo colorido e a atentamente anota em seu tablet.

Olho para os lados e vejo várias pessoas sentadas e conversando de forma pacífica dentro da lanchonete, enquanto outras estão concentradas na enorme televisão que está anunciando o noticiário diário.

Encaro as últimas mesas, onde as cadeiras são acolchoadas e tem um espaço maior, para clientes em grupo.
Vejo com surpresa o Jasper e o Daryl em uma das mesas, com um homem bastante esquisito.
O cara tem um olhar traiçoeiro, cabelos cacheados e uma tatuagem indecifrável em um dos braços.

Volto meu corpo, ficando de costas para eles.

Que merda!

O Daryl tinha razão, nós sempre vamos nos esbarrar, querendo ou não.

Olho de forma insistente e inquietante para frente da cabine, onde é feita as vitaminas, esperando a minha ficar pronta o mais rápido possível.

A mesma atendente que me atendeu entra na cabine e sai com uma bandeja, com minha bebida e mais duas.
Sem esperar ela me entregar, eu estendo o braço e pego minha bebida, em seguida, coloco o dinheiro sobre o balcão.

Quando vou me virar para sair da lanchonete, eu esbarro em uma criança que passa correndo por mim.
A garotinha dos cabelos em rabo de cavalo deixa drasticamente seu bolo de chocolate cair no chão, fazendo uma meleca.

A criança olha para cima, me encarando com seus enormes olhos azuis.
Ela faz uma carinha de choro e cai em prantos, chorando na maior altura.

Me abaixo ao seu lado e tento fazê-la parar de chorar, mas a criança começa a se sacudir e fazer pirraça, enquanto aponta para o doce no chão.

Seu choro irritante e cansativo ecoa por todo local, fazendo todos me encararem com desaprovação.

Ótimo! Agora eu sou a vilã.

Assim como todos, os irmãos também me encaram.

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