Resquicios-2

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 KANEKI POV.

 Haise nos encarava com um olhar de atravessar almas, e o pior, com razão... Além de falharmos na missão de apenas raptar o seu irmão mais velho Sasaki, ainda havíamos o trazido para lá por que que ele insistiu já que acreditávamos que ele estava realmente arrependido. E, poxa! Passaram-se dezenove anos e ele ainda o repudiava!

 - Expliquem-se. - Ele gesticulou simplista, ainda com a cara de que ia nos matar se falássemos algo errado.

 - Bom... ele parecia realmente arrependido Haise e... Bem, passaram-se dezenove anos então... - Ken tentou falar e eu acompanhei seus lábios para poder adicionar algo caso precisasse, mas Haise cortou a fala dele com um gesto forte.

 Ele colocou uma de suas mãos na testa, mexendo em círculos como se estivesse com dor de cabeça, deu um suspiro forte e nos olhou novamente com uma cara um pouco menos bravo, mas ainda contendo um grande grau de irritação por trás.

 - Tragam-no.  - Ele gesticulou, eu assenti e expliquei a Ken para ficar aqui que eu o iria trazer.

Sai da sala e olhei para Sasaki que estava esperando do lado de fora.

 - E ai? - Li seus lábios e fiz uma careta, da qual ele estremeceu um pouco. - Foi tão ruim assim?

 - Olha. Se olhar matasse cara... - Falei tocando em seus ombros para conforta-lo. - Mas, ele disse para eu vim te buscar, então vamos.

 Ele pareceu hesitar por algum tempo, então puxei seu braço e abri a porta da sala, puxando ele comigo.

 HAISE POV

 - Oi... - Sasaki falou com um sorriso desajeitado no rosto. Sasaki. Suspirei e tirei meus olhos dele por um momento. Eu estava sendo infantil para caralho mas eu não me culpava por isso, mesmo que já tivessem se passado dezenove anos eu não iria perdoa-lo assim tão facilmente.

 Ele não havia mudado tanto, estava com seus cabelos pretos e seus óculos redondos habituais, roupas simples que qualquer usaria e alguns centímetros mais alto do que ele. Ele se virou para olhar em seus olhos e o mais velho desfez seu sorriso e o olhou com uma cara meio triste.

 - Oi... - Falei com voz baixa, respondendo seu olhar triste com um indiferente. - Senta.

 Ele se sentou junto de Ken e me encarou por um breve segundo antes de começar a tentar se desculpar.

 - Eu... me desculpe... estava irritado... e... bem... - Bufei tentando sinalizar impaciência e ele parou engolindo em seco, ele olhou para baixo enquanto Ken e Kaneki me olhavam me pedindo um pouco mais de paciência.

 - Você já está desculpado, idiota. - Gesticulei e ele me olhou com uma cara de dúvida. Ele não sabe sinais, ótimo. Por sorte, Kaneki falou exatamente o que eu tinha dito e me poupou forças para tentar falar. Ele me olhou um pouco mais feliz agora. - Ken, pode chamar Kishou por favor. - Gesticulei e esperei Kaneki falar com Ken sobre o que ele tinha que fazer, ele logo pegou sua bengala e saiu da sala.

 - Kishou?... - Sasaki disse um pouco hesitante e eu o olhei confuso.

 - Meu... marido? - Disse correspondendo com o mesmo tom de dúvida e ele arregalou os olhos um pouco. - Problema? - Falei devagar para ver se ele conseguia ler meus lábios e ele, aparentemente, conseguiu pois demonstrou um olhar pensativo.

 - Ele... foi um amigo na época do colégio para investigadores do CCG... - Ele falou e eu apenas assenti. Arima havia me contado sua história quando nós dois nos conhecemos. 

 "Eu queria ajudar minha mãe mas, o CCG disse que talentos como o meu não devem ser desperdiçados e que eu deveria continuar lá... Eu não tinha nenhum lugar para ir depois que minha mãe morreu então eu apenas aceitei e continuei..."

 - Eu sei. - Disse simplista. - Arima contar história, vocês dois. - Falei errando um pouco, mesmo que minha garganta tenha voltado ao normal, eu perdi boa parte da alfabetização por causa dos ferimentos e o pior era que os Kanjis não eram fáceis de se ler e aprender... Então decide que desenhos e libras eram a melhor forma para mim. Até Sasaki aprender libras e eu andar sempre com meu caderno e um lápis, eu começarei a ter que falar assim.

 - Você... não sabe falar direito? - O Capitão óbvio que era Sasaki disse e eu bufei em descontentamento.

 - Perder alfabetização. Sua culpa. - Eu o encarei bravo e ele estremeceu um pouco soltando um barulho meio esquisito.

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