Resquícios

E...eu?-2

 Arima não se lembrava mais por que ele tinha concordado em colocar Haise para trabalhar no CCG. 

 Ele além de ter que ouvir as reclamações dos Quinks, também tem que ouvir as reclamações do próprio Haise. Que aliás, era o que estava fazendo no momento. 

 Sentado, em uma cafeteria, ouvindo o menor reclamar do seu esquadrão. Desde que conheceu o menor ele tinha esse costume de fazer isso, eram amigos desde os 17.

 - Você está me ouvindo? - Ele pergunta me encarando. - 'Cê taí encarando seu café desde que foi entregue a você.

 - Não - Respondi diretamente, Haise não se deixaria abalar por algo assim, nem ficar bravo, ele sabe que como é irritante ouvi-lo, eu mesmo já falei isso a ele. - Sinceramente, não me importo com seu esquadrão Haise. Só quero saber se está bem. Seus irmãos estão bem? Ken ligou preocupado por que você parou de manter contato.

 Ele deu um suspiro pesado.

 - Imagino que sim... qualquer coisa é melhor do que ser torturado eternamente no conclhea... - Ele falou olhando para a janela e tomando um pouco mais de seu café. - Não sei se quero voltar a conversar com eles desde que me tornei investigador, eles ficariam se culpando e etc. E assim que eles são afinal...

 - Não se culpe tanto tá? Eu sei como deve ser difícil cuidar de adolescentes que foram feitos para serem ghouls, diferente de você que nasceu assim, mas... seja menos rígido com eles.

 - Não é tão fácil quanto você pensa! - Ele falou virando sua cabeça com uma cara emburrada, cruzando seus braços. - Eu olho para eles e vejo a mim mesmo quando mais novo! E é... irritante...

 Eu o olho com pena. Ele não teve uma vida fácil, viver como ghoul em uma sociedade que os odeia era como ser negro em um mundo racista.

 - Haise... - Falei enquanto bagunçava um pouco seus cabelos vendo a boca do menor se fechar em um beicinho, que o fez rir baixo. - Ei, vamos. Esse não é o cara orgulhoso que eu conheci no colégio.

 - Kishoooou! - Ele falou de um jeito manhoso puxando o 'o' do meu nome e afastou um pouco seu café, apenas para se jogar na mesa e descansar sua cabeça lá. - Eles são tãaaao irritantes!

 - Tá, tá, entendi. Eu entendi. - Falei rindo um pouco de seu desespero exagerado. Haise era fofo, em muitos sentidos e isso o animava sempre que o via, mesmo com aquele lado frio dele. - Mas tente compreende-los ok?

 - Tá. - Ele falou amargamente.