Soldier, poet and king-2

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 *Quebra de tempo: jantar*

Ray's POV

 Eu e o Norman passamos um tempo conversando até que um empregado entrou e chamou-nos para o jantar, eu o olhei, esperando alguma ordem específica. Sinceramente, estava com muita fome, mas eu era o convidado tinha que ser educado com o anfitrião.

 - O que está me olhando? Venha, vamos comer! - Ele falou com um sorriso gentil no rosto, eu me levantei e o segui até a sala de jantar.

 Falar que era grande seria um eufemismo, a sala era enorme e muito bem decorada. Ele realmente podia ficar ali? 

 Pense bem, ele era um demônio que viveu nas ruas e que roubava e matava as pessoas para sobreviver, ele com certeza não se encaixava naquele local. 

 O lugar literalmente brilhava, as cadeiras de madeira pareciam novas e eram acolchoadas com um tecido roxo que parecia muito lindo da minha visão, a mesa também era de madeira estava coberta com um pano fino rosa, amarelo e verde que me lembrava uma árvore. Havia algumas prateleiras com alguns livros e percebi que era para serem lidos enquanto as pessoas comiam, no fundo havia uma parede inteiramente de vidro que mostrava o pátio de treinamento, me perguntei se nenhuma arma acabava atirando sem querer no vidro e a resposta veio logo depois quando uma flecha zuniu e bateu contra o mesmo, se partindo em alguns pedaços.

 Com certeza Norman encantou aquela coisa.

 Ele hesitou em sentar no lugar e parou do lado de uma das cadeiras, enquanto isso Norman se sentava a sua frente do lado de uma garota de cabelos laranjas claros, olhos azuis, sardas no rosto e uma tiara vermelha. Ela não parecia com o Norman, mas considerando que ele era albino...

 As portas se abriram, revelando um homem de cabelos longos loiros claros que caíam sobre seus ombros, ele tinha olhos azuis claros e afiados, vestia um terno branco, com uma camiseta social preta por baixo e uma gravata vermelha listrada por debaixo. 

 Ele me olhou e pareceu me analisar por dentro, caçando medos, segredos, interesses, tudo. Eu retribui o olhar e comecei a fazer a mesma coisa, procurando algum sinal dos sete pecados por dentro do homem. Ira, ganância, inveja e orgulho, um homem corrompido pelos piores demônios do inferno. Que sorte.

 Eu rosnei e deixei meus chifres e rabo saírem, o olhar do homem sobre mim mudou de curioso para interesse. Norman se levantou e interrompeu o quase confronto.

 - Pai, esse é o Ray. Um dos Três Grandes, que eu falei que ia trazer para ajudar nas defesas do reino. Ele é um demônio e por isso consegue sentir quando o senhor está usando a sua habilidade. - Norman falou simples e fez um sinal para que nós dois nos sentássemos, me sentei ainda na minha forma embora estivesse evitando de usar as asas, já que não tinha um bom controle do tanto de medo que posso espalhar quando as uso.

 O homem se sentou em um dos cantos da mesa, olhou para mim e aquela sensação de que ele procurava algo em mim começou novamente. Lancei um olhar a ele, distribuindo o pecado do orgulho, fazer ele se sentir algo mais do que ele é, o suficiente para parar com isso.

 Funcionou, pois ele parou de olhá-lo e se arrumou mais confortável na cadeira com um sorriso maléfico.

 - Então, Ray, minhas habilidades como você já deve ter percebido são: análise e manipulação de discos. Estou curioso para saber se você é mesmo tudo o que eles dizem... - Ele falou com um sorriso malicioso no rosto.

 Habilidade 5: Análise

 A pessoa que a porta consegue analisar o seu inimigo, desde suas habilidades até sua idade e descendência. Uma desvantagem é que quanto mais forte o inimigo mais difícil fica de ler as fraquezas e o resultado fica muito vago, outra desvantagem são os demônios. Demônios conseguem sentir quando há interesses por trás de um olhar, um gesto, uma fala, então eles sentem quando estão sendo analisados e conseguem facilmente encolher sua aura para parecerem mais fracos.

 Habilidade 6: Manipulação de discos

 Facilidade de medir, atirar, usar e adaptar discos em geral. Facilita muito quando se é um cavaleiro, um feirante ou um servo/empregado, mas não é muito útil para posições na nobreza.

 Eu desfiz minha forma e observei a pequena garota ao lado de Norman, ela parecia bem animada com um novo visitante e o olhava com ingenuidade e curiosidade genuína. Isso o fascinou muito, a quanto tempo não lidava com uma criança?

 Alguns empregados vieram e deixaram algumas travessas na mesa, revelando pedaços de carne apetitosos, pães e o resto era muito coisa de rico para eu nomear por que eu não reconheci porra nenhuma.

 Me servi de dois grandes pedaços de carne, um pedaço de pão e um pouco de um caldo roxo que quando provei descobri que era de beterraba. Norman, a garota e o pai dele comeu pelo menos metade do que eu comi, acho que por ser humano eles tinham um apetite maior, mas como um demônio que representa os sete pecados eu estava faminto.

 Ele realmente podia se acostumar a comer assim, pelo menos por enquanto.

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