E eu?...-3

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Gente vocês não sabem o quão chato é fazer o ponto de vista da(o) Mutsuki, não que eu odeie a personagem nem não goste de escrever seus pensamentos. Mas é que é uma confusão para usar as palavras no gênero certo dependo do modo que estão colocadas.

Por exemplo: Se for num pensamento, ou numa descrição da personagem, preciso que seja no feminino, mas se for para fazer dela se referindo a si mesma numa fala tem que ser no masculino. Sem falar na interação com os outros personagens e etc. Por isso se tiver algum erro de concordância de gênero da personagem, não me julguem por que meu cérebro tá ainda se acostumando com essa bagaça.

O nosso mentor parecia... estressado hoje. Ele não quis nos treinar e chegou a se trancar no quarto para não ter que lidar conosco. Sinceramente, isso significava uma boa chance de pensarmos melhor no plano de fazê-lo usar a sua kagune mas o fato de ele se distanciar de nós é preocupante.

- Vocês acham que ele tá bem? - Perguntei, estávamos na sala aproveitando o dia livre para vadiar. - Não acham que ele está... com problemas?

- Por que deveríamos nos preocupar? Ele só é o nosso mentor, nada mais que isso. - Urie disse com frieza, e embora tivesse verdade nas palavras dele, fiquei indignada com a frieza e falta de preocupação com o nosso professor.

- Temos que lembrar, Urie. Que sem a aprovação do nosso mentor, não podemos ser distribuídos para outros esquadrões quando o treinamento Quinks acabar. Na verdade, ele pode simplesmente desmantelar o grupo todo se achar que não 'tá indo para lugar algum. - Falei amargamente, olhando irritada para ele. Ele soltou um "Tsc" e revirou os olhos.

- Nem me lembre... - Ele bufa e eu reviro os olhos. - Não podemos ficar nos metendo em problemas alheios Tooru, mesmo do nosso mentor.

- Eu sei, mas... sei lá... Ele nem me xingou hoje, parece distante, vocês viram ele reclamar de alguma sujeira hoje? - Perguntei, todos ficaram calados, constrangidos por não terem percebido que não, não tinham visto ele fazer nenhuma dessas coisas tão rotineiras dele. - Então, é por isso que estou preocupado.

- Eu... Não tinha pensado nisso... - Shirazu falou olhando para o chão. - Talvez ele esteja se sentindo solitário por causa que está distante dos irmãos...

Os irmãos, é verdade. Eu havia me esquecido que ele só estava ensinando a nós por que isso protegeria seus irmãos. Nunca me havia passado pela cabeça que ele talvez estivesse com saudade deles.

- Talvez... devêssemos dar algo, que lembre sua casa? - Falei, relutante. Nem sei por que me importava tanto, mas algo nele me lembrava a mim mesma. - Se me dessem, por exemplo, um travesseiro em formato de coração eu ficaria bem feliz, me lembraria do travesseiro que eu compartilhava com a minha mãe nos dias frios.

- Isso é fofo Mu-Chan, mas o que daríamos a ele? - Saiko falou e desceu outro silêncio constrangedor na sala. Não sabíamos o que dar a ele, bem, podíamos dar livros ou talvez jogos de quebra-cabeças mas será que isso realmente o lembraria de sua casa? Não exatamente os seus hobbies tinham a ver com uma memória de seu lar.

- Podemos perguntar ao Sr.Arima... - Urie falou, provavelmente só pensando em voz alta, mas a ideia pareceu maravilhosa e pelo olhar brilhante de Shirazu e de Saiko eles também pensavam a mesma coisa. Só quando o arroxeado percebeu o que disse ele se precipitou em se explicar. - Olha, ele é um homem ocupado. É melhor não irmos o incomodar só por que o nosso mentor está deprimido.

- Mas é uma ótima ideia, Urie. Se você não vai seguir, eu vou. Quem mais? - Shirazu falou empolgadamente. Eu levantei a mão e Saiko também. Kuki bufou e botou uma mão sobre a testa, como se estivesse com dor de cabeça.

- Está bem, se arrumem. Eu só vou por que se não for é capaz de vocês botarem fogo em algo. - Ele falou e soltamos um grito de comemoração. Logo, todos estávamos arrumados na porta do Chateau.

- Sr. Sasaki! Sairemos para um passeio e já voltamos! - Shirazu falou. Eu não entendia toda aquela coisa formal de chamá-lo de "senhor" sendo que ele tinha praticamente a mesma idade que a gente.

Saímos em direção a casa do Sr. Arima, que havia nos dado seu endereço para caso de emergências. Foi difícil fazer Saiko não ser atropelada a cada 5 minutos? Foi! Mas depois da 7º vez, o Urie ficou puto e tomou o celular da mão dela.

- Preste atenção na rua baixinha. - Ele falou e eu me contive para não rir. Saiko bufou e ia começar a fazer birra mas Shirazu prometeu comprar picolé na volta se ela não fizesse e a azulada logo se animou.

Depois de mais um tempo andando, finalmente chegamos a uma casa azul claro com detalhes em preto. Não havia muito destaque das outras ao redor, mas ela exalava um ar perigoso que quase me fez querer dar meia volta.

- Ok, vamos lá. - Saiko falou e apertou a campainha. Ouviram o barulho de passos e logo o homem abriu a porta. Seus cabelos pretos estavam arrumados como sempre, seus óculos estavam um pouco caídos na ponta do nariz, o que me fazia ter muita vontade de empurra-los mas não o fiz. Ele vestia uma blusa de mangas longas cinza claro, uma calça de moletom preto e estava usando meias pretas.

- O que os traz aqui? - Ele perguntou simples, mas pude identificar algo como curiosidade na sua voz. - Não me digam que Haise aprontou algo.

- Na verdade... ele anda deprimido, então... pensamos em dar algo que o lembrasse de casa... mas... - Falei, um pouco nervosa com a atenção do homem sobre nós.

- Não sabemos praticamente nada sobre ele. - Urie completou, com uma voz firme. - Por isso viemos aqui em busca de ajuda.

Arima pareceu ponderar e soltou um suspiro.

- Eu tenho uma ideia do que o está deprimindo, mas não é como se eu pudesse falar para vocês. - O homem falou com uma expressão distante. - Deem um bicho de pelúcia ou façam uma maratona de filmes da Disney. É a melhor coisa que posso receitar. Agora, me deixem aproveitar meu dia de folga, por favor.

Ele fechou a porta e nós ficamos um tempo parados na sua porta antes de começarmos a andar até o centro da cidade automaticamente. Fiquei um pouco surpresa por aquele cara irritadíssimo, viciado em limpeza, que nos derrotava em todos os nossos treinos fosse alguém que gostasse de filmes da Disney?

- Quem diria, ele gosta de filmes da Disney... - Kuki comentou, com certa zombaria na voz.

- Não o zoe. Provavelmente tem algo mais profundo por trás disso. Talvez ele via com a mãe ou algo do tipo. - Shirazu falou com uma expressão distante, me perguntei se o mesmo também estava começando a se afeiçoar ao bicolor.

- Bom, começemos a operação animar o Maman! - Saiko falou animada.

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