ENTREVISTA

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Hello pessoal, sumi de novo por conta de serviço, mas tô voltando!!! 

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Na manhã seguinte, acordei mais cedo do que esperava mas sabia que tinha a estranha mania de adiar aquilo que estava sob controle e acabava me atrasando no final, então para não correr riscos, resolvi ir mais cedo ao prédio comercial onde realizaria a entrevista com o CEO e aproveitaria para tomar o café da manhã na cafeteria que tem no edifício.

Eu estava checando mais alguns pontos relevantes sobre a empresa para a entrevista, entretida com o capuccino que tomava, percebi um movimento ao meu redor mas sequer olhei as pessoas por ali, mas os murmurinhos começaram a soar audíveis para mim, e vez ou outra eu achei que poderia ter escutado uma voz familiar, comecei a ficar inquieta mas de repente parei de ouvir a voz, passado um tempo uma gargalhada soou por aquele ambiente, arregalei meus olhos e como em um filme, como se uma grande sequência de "play" e "pause" fossem acionado pelo controle remoto do Criador, fui lentamente direcionando meu olhar para o lugar de onde vinha o barulho e fiquei desnorteada ao avistar Aster do outro lado, tão próxima de mim. "Aster?" sussurrei e como se eu tivesse a chamado, de repente nossos olhares se encontraram, a fitei cuidadosamente e ela semicerrou os olhos como se buscasse me identificar, me reconhecer e aquilo foi como estar nas trevas para mim, parecia estar voltando para o lugar de onde vim, eu desviei meu olhar, ajeitei meus óculos no rosto, tentei me concentrar novamente no meu café mas minha respiração falhou e eu pigarreei, procurei algo ao redor que pudesse estar fora da realidade porque aquilo só poderia ser um sonho, ou um grande pesadelo, não poderia ser verdade, mas nada! Tentei me concentrar novamente nas coisas em que eu estava estudando mas foi em vão, até o nome da empresa já havia desaparecido de minha mente e um grande "ASTER" ressoava por todas as minhas vertebras, células, músculos, sangue...novamente voltei a olhá-la e ela estava entretida conversando com as pessoas ao seu redor, como se nada tivesse acontecido, como se não tivéssemos acabado de nos ver, como se só aquele momento tivesse me atingido e eu me senti uma boba, uma completa idiota. Ela só poderia ser uma miragem, fruto da minha imaginação, mas por que hoje? Por que aqui? Era inaceitável!

Fiquei por relances desviando meu olhar dela e das outras pessoas ali, procurei por algum outro rosto familiar, parecia que eu estava presa novamente em um pesadelo. Era como estar atrelada àquele sentimento novamente. Sentimento este que não sei descrever. Novamente meu olhar voltou a se direcionar a ela e dessa vez o meu e o dela se encontraram, ela que estava gargalhando com as pessoas ao redor, enrijeceu-se ali e me lançou um sorriso leve e assentiu com a cabeça como um cumprimento e automaticamente eu arregalei meus olhos e aquilo a assustou, pois ela desviou seu olhar do meu e após isso evitou qualquer outro contato visual mesmo sabendo que eu ainda a olhava.

Eu já disse que eu parecia uma idiota? Pois é, estava eu lá mais uma vez me sentindo uma adolescente a observando de longe como quando ela cantava no coral da escola ou quando eu não soube dizer quando ela se pôs a me ajudar enquanto eu recolhia meu material que estava espalhado pelo grande corredor da escola...

Eu voltei a me endireitar onde eu estava, fechei os olhos, contei até 3 mentalmente, inspirei e expirei fundo, mentalizei que aquilo não passava de mais um pesadelo, mas ao abrir os olhos, ainda estava no mesmo lugar, com as mesmas pessoas ao redor, ainda era o mesmo horário, ainda era o meu capuccino que agora se encontrava morno e então subitamente vi me levantando dali e indo em direção a mesa onde ela estava e no caminho um filme se passou pela minha cabeça de tudo que vivemos desde que roubei-lhe um beijo, o ato mais ousado da minha versão jovem. Eu poderia escutar o ranger dos motores dos carros que passavam na rua, escutar o chacoalho das folhas das árvores que testemunharam o meu ato, poderia sentir o gosto de morango dos seus lábios ou o cheiro de pêssego de seu shampoo que invadiu minha narina ao segurar seu rosto, sentir o arrepio que sua boca causou ao se chocar na minha. Eu voltava a sentir tudo aquilo novamente. E quando eu estava chegando tudo aquilo se desmoronou, vi todos se levantando com muita pressa e cada um partindo em uma direção e eu parei, parei ali no meio daquele corredor, como uma abobalhada, fitei por uns longos segundos o seu lugar vazio. Assim como eu me encontrava sem ela, vazia.

E talvez aquilo tenha sido mais um sinal, de que aquilo durou o tempo necessário que deveria durar. Que foi passageiro. Eterno enquanto durou. Voltei ao meu lugar, tomei minhas coisas e fui em direção à recepção para avisar que estava ali para a entrevista, foi quando a vi falando com uma recepcionista, fiquei paralisada avistando seus movimentos. Elas conversaram de forma cordial, a recepcionista lhe deu algumas instruções, vi ela pegando um cartão de liberação e a vi chamando pelo elevador, enquanto cruzava os braços aguardando até a chegada do transporte. Então me desvencilhei daquele vício que era observá-la e fui em direção à recepcionista que a atendeu, tinham outras recepcionistas mas fui em sua direção. - Com licença, você saberia me dizer onde a Aster está indo? - Perguntei e as palavras surgiram na minha boca sem minha permissão e notei a recepcionista me olhar desconfiada - Sei que é o tipo de informação que você não pode dar mas é que..ela é minha ... prima e não nos vemos há anos, se você puder me ajudar - Supliquei mas à toa, a recepcionista foi resistente e não me disse, só me mostrando e reforçando mais a ideia de que não era para ser...

...

Ao chegar ao andar da sala do CEO me apresentei à secretária e ela pediu para que eu aguardasse, porque ele estava conversando com uma pessoa e então aguardei próxima a sua sala. Por uns 20 minutos permaneci ali, com o corpo ali e com a mente viajando por todos os andares e salas daquele prédio imaginando onde Aster poderia ter ido e o que teria ido fazer. Era insano. Eu sei. Então eu escutei a voz de um homem abrindo uma porta e aquela risada familiar invadiu meus ouvidos novamente e foi desconcertante. Era ela! Talvez era para ser! Eu abri o maior sorriso do mundo para ela e ela me devolveu o mesmo olhar e sorriso de mais cedo, como um cumprimento. Mas nada além disso, como se não me conhecesse, como se estivesse sendo simpática ao me cumprimentar. E eu estava sendo apunhalada novamente e o meu sorriso se desmanchou. Ela passou por mim em direção ao elevador e eu fiquei sem reagir, eu poderia ter segurado a, chamado a, mas eu estava petrificada ali com a sua "indiferença", de repente o homem veio até mim, estendeu a mão em cumprimento e eu demorei um tempo para raciocinar que ele era o CEO. - Ellie?! Finalmente estou conhecendo a profissional que tanto surpreendeu Paul Munsky! - Ele disse cordialmente e eu não soube o que falar, não sabia muito bem raciocinar naquele momento, o que pensar, o que tinha acontecido com Aster? Ele me convidou a acompanha-lo até sua sala para conversarmos. Por fim, estava tudo ocorrendo muito bem, ele me havia feito as perguntas típicas de entrevista, ele realmente parecia impressionado comigo. Pelo meu conhecimento técnico e operacional das coisas e por conhecer tão bem a empresa. Ele me disse que retornaria até em quatro dias com o resultado. Estávamos no despedindo e não me contive - Senhor, desculpe-me a intromissão, mas a mulher que saiu antes da minha entrevista, era Aster Flores? - Ele pareceu surpreso com minha pergunta - Sim ... - Relutante em entrar em detalhes - ...Você a conhece? - Ele franziu o cenho - Estudamos juntas... - fui plausível - ...Há muito tempo não nos víamos, acho que ela não se lembra muito bem de mim. - Ri sem graça com aquela confissão, ele gargalhou, passou as mãos por seus cabelos grisalhos - Ela veio para a entrevista também? - Me arrependi por aquele atrevimento, talvez eu tivesse jogado pelo ralo toda aquela chance, a oportunidade única, meu plano A, meu único plano, por ela... Ele sorriu levemente - Não, não. Srta. Flores é arquiteta e estávamos conversando sobre a planta de um novo projeto que temos para a empresa. - Então fiquei surpresa com aquilo, não era o que eu esperava. - Arquiteta? - Sim! - Ele respondeu e ficou me analisando - ...Se você quiser, pega o contato dela com a minha recepcionista! - Ao dizer, ele se levantou, finalizando assim nossa entrevista - Oh, sim, muito obrigada! Muito obrigada pela oportunidade de estar aqui hoje! - Nos despedimos com um cumprimento.

Ao chegar na recepção, sua secretária me deu as últimas instruções de como eu receberia um retorno da empresa, e então já havia chamado o elevador, e durante o tempo de espera fiquei pensando milhões de vezes se pedia ou não o contato da Aster. A demora fez com que eu pensasse que pudesse ser um sinal de sim, que eu deveria pedir o contato e foi o que eu fiz. - Oh sim, eu tenho um cartão da Srta.Flores aqui, deixa só eu pegar aqui. - Aguardei por uns longos 3 minutos até ela me entregar o cartão de Aster. E cá estou eu, com um cartão do primeiro e único amor da minha vida. É como uma droga para um viciado, uma bebida para um alcoólatra, sou eu por Aster. Nome completo, endereço comercial, e-mail comercial, telefone comercial, celular... Toda e qualquer oportunidade de me comunicar ou tentar me comunicar com ela novamente.

The Half Of It - A História ContinuaOnde histórias criam vida. Descubra agora