PRESENTE

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Era muita informação para eu assimilar assim como eu achava que para ela também estava sendo, sobre sua própria existência, sua história, sobre o que sempre quiseram que ela fosse e como fosse, era muito mais difícil para ela do que para mim, disso eu não tinha dúvidas mas eu resolvi tirar o meu time de campo, pelo menos por um tempo, eu precisava me recompor, recuperar as energias, as forças, minha sanidade, a ciência de que não havia nada de errado comigo ou de que ela rompeu comigo sem ao menos me dar uma satisfação, as coisas aconteceram descontroladamente e não tinha o porquê de me atormentar com o "não julgá-la" de ter sumido porque realmente ela não tinha culpa de nada, dei um tempo nela, na gente ou no que eu acreditava que tínhamos ou que poderíamos ter...

...

Estávamos cada uma vivendo em seu mundo, eu focada em meu serviço, em deixar que o tempo fizesse seu trabalho de nos aproximar quando devêssemos estar próximas, se... fosse para ser assim...

Se eu não lhe procurar, você não me procura, então é isso?

Arregalei os olhos e meu coração entrou em um compasso além do normal quando recebi sua mensagem, realmente nem sobre o projeto havíamos conversado nas últimas duas semanas.

Acho que você está muito atarefada com tantas coisas, não quis incomodar.

Eu não queria me distrair novamente com ela e silenciei o celular, depois de um tempo, Eva me contactou pelo telefone – Srta.Chu ...- Sim – Eu disse observando uma planilha – Aster está no telefone. – Ela disse de forma plena – Aster? – E eu disse entredentes – Sim! – E pude escutar um riso baixinho dela – Mas o que ela quer? – Eva ficou em silêncio – Isso terá que ser averiguado pela srta., - Ela disse em um tom formal irônico que eu revirei os olhos e a escutei rindo do outro lado da linha novamente - só me disse que queria falar com você. – Era tão óbvio que ela não diria a Eva que fiquei sem jeito - Pode passar, Eva, obrigada. – E enquanto a ligação era transferida aquela palpitação voltou – Alô? – Eu disse jogando todo o peso de meu corpo na cadeira – Porque você está me ignorando? – Ela disse ansiosa – Co-como!? – Eu respondi assustada com aquela abordagem e meu corpo se enrijeceu na cadeira – Você...Não me procura, não me manda mensagem, não me liga, agora não responde nem as mensagens que eu mando – Nesse momento olhei meu celular e ela havia me mandado mais 6 mensagens, quais não vi porque havia silenciado o celular – Aster, está tudo certo, o projeto está andando, fique tranquila... – A escutei bufar no outro lado da linha – ...Não estou falando sobre isso, estou falando sobre a gente... – Eu engoli em seco, ela não sabia o que causava em mim falando assim- ...Achei que fossemos amigas, Ellie. – Ela disse chateada – E somos... – Enfatizei - ...Éramos, fomos... – Eu disse com a voz falhada e um silêncio perturbador pairou entre nós no telefone – Você...-Ela iniciou -...Está chateada comigo? – Eu ia iniciar a falar mas ela continuou - ...Desculpa, é que, quando estou com você é como se fosse fácil...- ela disse calmante e pausadamente, como se pensasse em todas as coisas que estava me dizendo - ...Falar sobre mim, sobre o que eu sinto ou o que eu acho que sinto, deve ser por essa coisa da minha adolescência, pode ser por essa conexão que tínhamos, eu queria entender melhor isso, mas parece que você está me evitando e não quer me falar sobre essas coisas – Não, Aster, olha...- E ela me interrompeu mais uma vez – Eu devo ter feito algo muito ruim, para lhe magoar, para que você não queira contar – Eu ia contar... – Eu a interrompi desta vez -...Mas você foi embora com pressa, com urgência. Eu achei que não fosse o momento ainda, você tem muitas coisas no momento para pensar e resolver, acho que o pouco que conversamos foi muito e ...pesado! – Eu disse tentando analisar cada palavra dita, ela suspirou do outro lado – Você ainda quer me ajudar? – Ela perguntou séria – É-é claro! – Eu estava nervosa e esperava que ela não percebesse pelo meu tom – Que bom, Ellie... – Ela parecia menos ansiosa - ...Você tem alguma coisa para fazer hoje? – E eu mordisquei meu lábio – Não, não tenho. – Então, podemos conversar mais um pouco hoje? – Sim – Tratei de ser a mais curta possível para não demonstrar minha empolgação em revê-la – Ótimo, eu passo aí depois do expediente então.

The Half Of It - A História ContinuaOnde histórias criam vida. Descubra agora