Maria e Ravi

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“Como foi seu dia? Aqui parece ser mais quente que em SP. Estou cozinhando. Você não está brava né?”
“Maria?”
“Maria, isso não parece muito justo.”
“Eu simplesmente não acredito que você fez isso sem nem me avisar.”
“Eu queria fazer algum tipo de surpresa, não sei. E eu não tinha certeza até uns dias atrás. Eu vim a trabalho então queria ter completa certeza também antes de te contar. Quer dizer, agora eu estou aqui. Surpresa!”
“Sim, você está aqui.”
“Meu Deus, você realmente está aqui.”
“É, eu estou. Isso é bom, não é?”
“É estranho. Mas é bom.”
“Não vou te seguir por todo lugar, se é isso que tá pensando. Eu vim tratar de animaizinhos com trauma, tenho muito trabalho, mas pensa que agora eu vou estar um pouquinho mais perto pra poder comemorar o seu sucesso nos negócios com você. Pelo menos nas próximas três semanas.”
“Eu não estava com medo disso. Não estava te imaginando como um stalker, não foi esse o sentido de estranho. Só é estranho.”
“Não sei me expressar bem, mas seja bem-vindo, espero que goste. Em que bairro você está?”
“Obrigado. Eu estou em Botafogo. Aqui é bem bonito, é perto de você?”
“Sim, é bem bonito, mas eu não moro perto daí. Eu moro no Meier, é pouco longe.”
“Vou tentar estudar um pouco a geografia daqui, mas é possível a gente se encontrar alguma vez, né? Eu queria conhecer o Rio, mas eu não sei se o pessoal vai fazer alguma excursão fora do trabalho, tá todo mundo muito focado.”
“Maria?”
“Você quer que eu te guie pela cidade?”
“Isso seria muito legal, se você pudesse e quisesse é claro.”
“Eu acho que posso, não sei se sou a melhor para isso, mas sim, eu posso.”
“Te guiar pelo Rio, porque você está no Rio agora. Rio de Janeiro.”
“Isso é tão estranho.”
“Ah, eu acho que entendo, mas eu pensei que você fosse ficar animada. Você ouviu as músicas?”
“Mas eu estou animada, de verdade. Só não sei lidar com isso ainda, eu disse que era uma boa coisa, não disse? É realmente muito bom que você esteja aqui, eu que sou a estranha da situação. E sim, as músicas, ouvi todas, são fantásticas.”
“Fico feliz que gostou. Você não é estranha, Maria. Talvez eu devesse ter contado um pouquinho antes? Bem, eu pensei que seria melhor assim, mas como vão as coisas? Os seus clientes?”
“Meus clientes? Eles estão vindo aos poucos. Bem aos pouquinhos mesmo.”
“Você precisa ter paciência. Eu trouxe um dos livros velhos do meu pai sobre como dar vida a um bom negócio. Algo assim, se você quiser, quando nos encontrarmos pode ficar com ele, vai que ajuda em alguma coisa?!”
“Talvez ajude, não é? Como está o seu horário? Que dia é melhor para você?”
“Nos próximos dias vamos fazer um intensivo pra trabalho e estudo, mas acho que eu consigo um tempo.”
“Eu sou autônoma, como você bem sabe, estou a sua disposição.”
“Pode ser terça? À noite?”
“Então eu te encontro aí, fica mais fácil. E como vamos, você sabe, nos reconhecer?”
“Eu vou ser o cara de cabelo cumprido, como você já sabe e com camisa de botão com estampa de borboletas, ela é bem brega, não tem erro!”
“Então eu vou ser a primeira a te achar.”

Escrito por: LuaInAHoodie e Marveril

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