Capítulo 03

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                                      TATE O dia acabara de inundar o quarto com sua vasta claridade invadindo a cortina semiaberta da janela

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                                      TATE
O dia acabara de inundar o quarto com sua vasta claridade invadindo a cortina semiaberta da janela. Estava deitado sobre a cama, usando apenas uma calça jeans e sentindo a maciez dos lençóis sob as minhas costas nuas. Fazia um bom tempo que não encarava o teto do quarto e permitia que os pensamentos vagassem conforme queriam, mas não conseguia controlar isso.

Aquela garota.

Por um motivo estranho e inexplicável, era naquela garota que estava pensando. Dava vontade de rir de mim mesmo por isso. Como é possível olhar para alguém e sentir essa necessidade incessante de conhecê-la, de estar próximo, de ter certeza que precisava ouvir o som da sua voz, saber como é o seu perfume e de desvendar o mistério por trás do seu rosto doce e uma energia tão frágil emanando de sua presença?

Não tinha me dado conta no momento mas, ontem, depois que ela sumiu do meu campo de visão, percebi que a garota misteriosa estava saindo de uma boate. Essa parte não se encaixava. Quer dizer, como um rostinho, uma essência tão doce poderia trabalhar como dançarina de boate? Tinha algo errado nessa história. Talvez houvesse uma explicação lógica para isso ou, talvez esteja ficando louco de vez.

Em um movimento abrupto, fiquei sentado sobre a cama e esfregava o rosto a fim de sair desse transe que me permiti envolver. Isso não era normal. Ninguém ficava pensando em uma pessoa que vê no meio da rua, uma estranha, uma garota comum vivendo um cotidiano qualquer.

Pisquei freneticamente sem acreditar na maluquice que meus pensamentos estavam visitando. Não tinha palavras para descrever o que teria acontecido ontem, naquele momento exato e em como esse mundo desordenado pareceu certo por alguns minutos. Mas sei que não é normal e acredito que nem possível, ter enxergado naquela garota tudo aquilo em uma distância quantiosa e espantosa. Memorizei cada peça de roupa, a maneira como seu cabelo castanho estava espalhado e na forma como seu olhar estava tão disperso da realidade.

Chega.

Fui para o banheiro e tomei um banho para reorganizar as ideias. Quem sabe não é a estrada ou até mesmo estar de volta na cidade que esteja mexendo com a minha cabeça? Bom, pelo menos essa ideia desapareceu da minha mente quando retornei para o quarto, usando apenas uma toalha em torno da cintura. Abri a mala preta, deparando-me com várias calças jeans e blusas com uma paleta de cores não muito variáveis. Azul, verde, caramelo, cinza e preto. Nada mais do que isso. Escolhi uma calça jeans, uma blusa azul de mangas curtas e um tênis claro.

Decretei que a Pálmer seria a lanchonete a qual tomaria café da manhã todos os dias enquanto estivesse na cidade. O ambiente sempre agradável, as cores neutras e serviam um café que tinha tudo na medida certa. Não poderia deixar de acrescentar o quanto o atendimento era bom.

Me sentei em uma das mesas do lado de fora do estabelecimento para poder apreciar a beleza do dia. O céu estava limpo e os raios fracos aqueciam a pele, a brisa leve e suave, quase inexistente refrescava o ambiente. Gostava de observar as calçadas cheias de turistas ou pessoas que estavam indo trabalhar, todas com uma rotina agitada, planejada e sabendo que chegariam em casa no final do dia completamente esgotadas. Ter uma rotina era bom, é claro, mas não ter uma era melhor ainda. Acordar em um lugar diferente, um trabalho novo e pessoas novas e cada uma, por mais parecidas que possam ser, com uma singularidade, era simplesmente extraordinário.

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