Capítulo 22

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POV/ Louise

Não fui pra escola hoje, não tive cabeça pra estar rodeada de gente enquanto eu finjo está tudo bem. Estou trancada no meu quarto desde ontem e até agora não consigo tirar a imagem da April naquela rua sozinha com aquele monstro que à assassinou. Não consigo parar de pensar que a culpa também foi minha.

Solto um suspiro e me remexo mais uma vez na cama. Passei a noite toda em claro, intercalando meus pensamentos entre April e Eduarda. Penso em como eu não queria nunca ter beijado uma e como eu quero tanto beijar a outra novamente. Mas eu não posso fazer isso, errei com a April, não vou errar com ela também.

Fecho os olhos e tento esvaziar minha mente por alguns segundos. Ouço alguém bater na porta.

- Vai embora Samantha!- grito.

Desde ontem que ela vem em cinco e cinco minutos aqui, tentar talvez ter uma outra conversa. Aparentemente também não foi pra faculdade hoje.

- Não é a Sam, sou eu filha.- ouço mamãe dizer e me levanto indo abrir pra ela.

Ela me olha de cima a baixo como se certificasse se estou bem e o resultado provavelmente não é bom já que ela faz uma cara de dó quando seus olhos encontram o meu.

Reviro os olhos e volto pra cama me jogando na mesma e deitando. Meus ombros estão pesados, talvez por causa da culpa, de todo arrependimento, de toda raiva que eu estou sentindo de mim mesma.

- Filha.- ela me chama.- Vamos conversar?

- Não temos o que conversar.- digo com o travesseiro abafando minha voz.

- Ei, olha pra mim.- pede e bem lentamente eu me viro pra ela, à encarando.- Vem cá.- me chama abrindo os braços e eu vou até ela me aninhando.

- Eu não consigo me perdoar pelo o que eu fiz mãe.- digo com a voz chorosa.

- Oh meu amor. Nós sabemos que você errou em deixá-la lá naquele lugar, mas você estava bêbada e não sabia o que iria acontecer.- diz fazendo um carinho em meu cabelo.

- Ela me amava mãe...ela me amava e eu retribui à matando.- digo tentando não formar um beicinho enquanto minhas lágrimas descem.

- Lou, você também à amava, arriscaria dizer que não tanto quanto ela à você, mas você amava. Ela era sua melhor amiga, sua namorada e...vocês podem ter errado em muita coisa mas, eu sei que ela não duvidou nem por um segundo que você também amava ela.- diz e agora faz um carinho em minha bochecha enquanto eu choro em seu ombro.

Antes de eu perder a memória, eu e mamãe eramos muito amigas. Eu, ela e a Sam eramos um trio inseparáveis, eu à contava tudo e confiava nela como uma verdadeira amiga. Desde o momento em que descobri sobre minha sexualidade, a primeira a quem contei foi a Sam e em seguida à ela, o papai ainda não sabe, mas ela me apoiou e me garantiu que independente da reação dele, ela estaria ali, sempre pra acalmar a fera quando precisasse. Quando eu perdi a memória e a gente se afastou, tenho certeza que ela sofreu muito com isso, eu também sofri, só não sabia disso. Como eu senti saudades de está com ela desse jeito, de contar todos os meus sentimentos e sentir seu abraço consolador.

À aperto mais à mim e ela deixa um beijo no topo de minha cabeça.

- O que vai ser de minha vida agora mãe?- sussurro.

- Eu não posso dizer que vai ser maravilhosa porque isso é uma coisa que mesmo depois que passar, você ainda vai se magoar toda vez que lembrar. Mas o que eu posso te garantir é que sim, vai passar! Você vai precisar do seu tempo pra confiar em si mesma de novo, mas você precisa ser forte e superar isso. Como eu disse, a April te amava filha e eu tenho certeza que ela nunca te culparia pelo o que aconteceu.

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