Visita ao hospital

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Algumas horas haviam se passado, e eu não tirava da cabeça o Jungkook desmaiando, do coração dele batendo devagar, e de sua respiração lenta.
Eu havia ficado com tanto medo dele ter morrido, eu mal o conhecia.
Porque todas as pessoas que resolvem ficar ao meu lado sempre morrem? Primeiro a mamãe, eu nem a conheci, ela só está  morta agora porque eu nasci, ela era tão nova, tinha uma vida tão longa, e eu estraguei tudo.

— Ele vai ficar bem ? Não vai?—

Perguntei pela decima vez, estava roendo as unhas enquanto balançava os pés em um dos bancos da cozinha estilo americana.

— Sim meu doce, ele já já estará de volta para nos dizer “não façam barulho, estou trabalhando”

Vociferou a idosa divertida, ela parecia estar acostumada, parece que isso ocorre com uma certa frequência.

— Isso já veio a acontecer? Eu estou agoniado por tudo isso e você me parece tão calma diante a esta situação.— indaguei cético, tirando a mão da boca e as pondo por cima das minhas coxas fartas.

— Não, nunca aconteceu, eu sabia que aconteceria então estou tranquila. Ele está em boas mãos, nas mãos dos médicos.— gracejou ameigando meus cabelos com delicadeza, o que me fez fechar os lumes em deleite.

— Vamos para cama garotinho, deve dormir um pouquinho para acalmar esse coraçãozinho pulsante— aconselhava ela, me pegando do banco com seus braços fortes, e me prendendo em sua cintura como uma criança de colo.

— Relaxe bebê, eu cuido de você, ok?— expôs após sentir seu ombro pesar com a minha cabeça.

Com os olhos fechados senti meu corpo ser levado até meu quarto, o ar estava gostoso, perfeito para dormir.

Acordei no dia seguinte com “drindrin” do telefone tocando. Corri e o atendi.

— Residência Jeon’s, o que deseja? — Cida havia me ensinado a como atender telefonemas normais, já que os holográficos eram mais complexos.

— Alô, bom dia, desculpe estar ligando a esta hora. —

— Sem problemas senhor, o que deseja?— batia o um dos pés freneticamente enquanto o outro era usado para sustentas meu corpo na mesinha.

— Sou o Doutor Kim Seokjin, estou ligando pra avisar que o senhor Jeon já acordou, e deseja saber sobre Park Jimin, saber especificamente se o garoto está bem, acredite, ele perturbou durante 15 minutos para falar isto. — a voz do médico soava brincalhona, mas dava para notar o desespero, pobre moço, deve estar neste hospital a horas e só precisa chegar em casa e desmaiar na cama.

— Eu? Eu estou bem sim. Senhor eu posso ir vê-lo? Ver se ele está realmente bem? — pedi ao homem do outro lado da linha telefônica.

— Claro, agendarei sua visita para 13:30, tudo bem por você?
— Perfeito, obrigado senhor. — desliguei o celular da casa e o deixei na mesinha na qual estava antes.

Sai correndo rumo ao quarto da velha Cida.

— CIDA ACORDA, TENHO UMA ÓTIMA NOTICIA—Gritei o mais forte possível atrás da grande porta de madeira escura.

Ouvi o barulho dos passos apressados da mulher mais velha, que abre a porta em seguida, seus fios brancos saltando para fora do coquezinho que fez, seus olhos meio fechados por conta da claridade que estava, ela tava uma fofura.

— O que houve? Que noticia? —Indagou ela com um tom de desespero na voz me fazendo dar um risadinha sem vergonha.

— O Senhor Jeon acordou, e eu quero ir vê-lo— Fui direto ao assunto, estava animado ao ponto de dar pulinhos de alegria enquanto eu a contava.

— Ele acordou? Como sabe? Ligaram? Eu vou me vestir e já vamos ok? Se vista o mais rápido possível, mas nada de cores fortes ok? Estamos indo em um hospital.

Nada foi dito após isso.
A idosa fecha a porta depressa indo se arrumar, fui as pressas ao quarto escolher uma roupa agradável que não tenha uma cor vibrante. Pego uma blusa azul pastel que o senhor Jeon havia me comprado para que eu não use suas roupas, visto junto a uma jardineira jeans, e pra acompanhar coloco um sapato da mesma cor da camiseta.
[...]
Estávamos na sala de espera do hospital, fomos avisados que apenas uma pessoa entraria por vez, fui o primeiro, já que Cida dizia não querer ver seu menino em uma maca hospitalar.

Entro na sala devagar para não o assusta, ele se encontrava comendo algo no prato, era muito feia aquela comida, lavagem de porco parece mais apetitosa, acho que fiz alguma coisa certa.

— Você veio— Vociferou ele me assustando, odiava a maneira que ele tinha facilidade de me assustar, ou apenas me assusto com moleza.

— Senhor, você quer me matar de susto? De novo?

— Já lhe disse pra parar de me chamar de senhor, você não trabalha pra mim garoto.— proferiu calmo, colocando o prato na mesa, e voltando o olhar para mim.

— Está bonito, essa roupa caiu bem em você, fiz uma boa escolha.—

Abaixo a cabeça, fechando os olhos pela vergonha, não era normal alguém me elogiar, ninguém nunca fez isso.

— Quando poderá voltar pra casa? — perguntei o que eu mais queria saber, a data de sua volta para casa.

— Espero que breve, o mais rápido possível, eu odeio hospitais—

Olhou para porta e em seguida pra mim, não o ver de roupa social preta era novo, esses dias que estive ao lado dele, só o via de roupas sociais.

— Você quase me matou de susto quando desmaiou, pensei que havia morrido—

O vejo soltar gargalhadas, franzi o cenho e o olhei indignado.

— Não é engraçado senhor, eu lhe conheci agora, seria doloroso demais te perder sem nem te conhecer completamente. —
Confesso pondo minhas mãozinhas gordinhas em frente ao rosto, tirando um suspiro surpreso dos lábios de Jungkook que tomava soro na maca.

— Eu te tirei de lá, lembra? Não foi para você ficar sozinho, não vou deixar ninguém te tirar de mim, só sairá se quiser, não vai me perder se depender de mim.

Ele coloca uma de suas mãos em minha cabeça afagando levemente minhas madeixas, me fazendo fechar os olhos em deleite, assim como um gato carente.

— Obrigado por salvar a minha vida — agradeceu baixinho.

— Eu te devia essa.—

My little angelOnde histórias criam vida. Descubra agora