O "acidente"

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Suas palavras me assusta.
Tento correr mas ele me impede,  me jogando no chão frio de madeira do seu quarto.
Meu corpo ainda estava dolorido pela surra da noite anterior.
Era assim diariamente, eu não podia me defender, nem denunciar, porque ele tinha amigos na polícia, nem todos levam o trabalho com honra.
— Venha até aqui, agora.—
Ele me chama e eu vou, o evitar seria pior, já escolhi essa opção, e não deu muito certo.
— Bom garoto, agora se ponha de bruços na cama.—
— Pai, por favor.
— IMEDIATAMENTE PARK.
Ele grita. Vou em sentido a cama e me deito nela, ao mesmo tempo que o sujeito ia a sua gaveta e retira de lá uma palmatoria, me fazendo entrar em agonia.
— Pai, por favor não
— Você é o culpado da minha infelicidade, o culpado pela morte da sua mãe é você, você a matou seu desgraçado.— Declama ele que em seguida da a primeira “palmada” que me fez esbravejar de dor.

— Cale a boca seu miserável, vou lhe dar motivos pra gritar. —
Ele vai ao banheiro, e volta com um galão com algum liquido amarelo meio alaranjado em seu interior, não tinha a menor ideia do que era aquilo, mas o cheiro era forte.
Ele sai jogando o líquido por todo o quarto, e em seguida em si mesmo, o que diabos esse louco iria fazer?
— Nos veremos no inferno, Park.
O homem diz antes de pegar em seu bolso alguns fósforos, ele passa um dos palitos na caixinha, o acendendo e jogando em seu próprio corpo.
Gritos. Era o que eu estava ouvindo agora, ele gritava muito, e isso estava me apavorando. Tentei sair do quarto mas ele havia trancado a porta, tentei apagar o fogo, mas nada resolvia.

— SOCORROOO— gritei desesperado tentando abrir a porta. Eu estava inalando muita fumaça, fazendo me sem ar, com a falta de oxigênio acabei desmaiando.

[...]

Estava voltando da empresa. Estava em um dia excelente, estava com humor tolerável, mas isso se desfez ao ver uma casa em chamas. Era a casa de um senhor que tinha um filho que aparenta ter uns 13 anos de idade.
Parei a Mercedes ao lado do carro do corpo de bombeiros.
— Tem algum sobrevivente? Um senhor e provavelmente uma criança mora nessa casa.
— Agora todo mundo deve estar morto, senhor, o fogo tomou conta de 70% da casa. As porcentagens de um deles estar vivo são menores de 25%.
Tanto eu, quanto o bombeiro ouviu um grito vindo da casa. Empurro o especialista e entro dentro da casa em chamas, em busca pelo garoto.
Estava tudo tomado pelo fogo, vi pela porta em chamas um corpinho caído no chão, fui rápido em  correr até o corpo, pega-lo no colo e o levar para fora. Ele estava desacordado, e Isso me preocupava, ele parecia ser uma criança bem prejudicada, pobrezinho.
— O que você tem na cabeça? Poderia ter morrido queimado, maluco. — berrou o bombeiro.
— Eu o salvei certo? Fiz o seu trabalho. Irei com ele para hospital.

O garoto agora estava com a mascara de oxigênio. Ele respirava mal, estava sempre tossindo.
Eu vou o levar para casa comigo, um orfanato não é um lugar legal, mesmo que seja um lugar para crianças órfãs, nem todos são bonzinhos como mostram em novelas.

My little angelOnde histórias criam vida. Descubra agora