Onze.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como prostituição, sexo, uso de armas brancas e uso de armas de fogo. 


Ao mesmo tempo que algumas pessoas se arriscavam pois não tinham nada a perder, algumas arriscavam tudo mesmo tendo muito a perder. E mesmo que esse muito fosse de fato muito, essas pessoas pareciam não dar a mínima para as consequências que essas perdas trariam à longo prazo. Uma dessas pessoas, obviamente, era Choi Seungcheol.

Sua carreira foi construída ao longo do tempo: começou na mais baixa das patentes depois que passou no concurso público, para a felicidade de sua família humilde que não poderia pagar, mas em pouco tempo foi decolando quando conseguiu resolver os mais importantes e complicados casos. Não demorou muito para que se tornasse chefe investigador da polícia e conquistasse não só muito dinheiro como também prestígio social e admiração de seus colegas e subordinados da delegacia, o que era o sonho de qualquer pessoa em qualquer área.

Apesar disso, muitos não sabiam dar valor ao que tinham e aquele estava começando a se tornar o caso do coreano, que estava colocando sua carreira e ficha limpa em risco por causa de um prostituto. O rapaz azulado ficou em sua cabeça desde o dia daquela ocorrência em Kabukicho e desde então não teve sequer uma única noite de sono em paz, sonhando acordado com aquele rapaz tão atraente e misterioso que lhe fez deixar seus deveres cívicos de lado e sucumbir aos seus gostos pessoais.

O pior de tudo não era apenas cometer infrações no trabalho, mas fora dele também. Não era por nada que Seungcheol estava usando um casaco pesado e uma máscara cirúrgica abafada em plena noite quente, quase cozinhando debaixo daqueles panos. Seu disfarce não era por nada, pois finalmente estava indo em direção ao puteiro que tanto desejou visitar desde que encontrou com sua obsessão.

Não teve vergonha de pedir que o carro particular lhe deixasse na porta do prostíbulo e pagou ao motorista, descendo do veículo perto da fila em que se enfiou. Algumas pessoas estavam esperando para entrar então levaram mais alguns bons minutos até que apenas alguns passos e peças de roupa separassem o policial do prostituto, mas logo assim que foi liberado pelo segurança uma figura estranha lhe prensou contra a parede, fazendo com que ambos se misturassem.

— O que um policial faz aqui, disfarçado no meu puteiro? — O loiro perguntou, colocando a pequena faca que segurava contra o pescoço alheio.

A primeira reação do mais alto foi levar a mão na direção do bolso, mas a mão do outro rapaz foi mais rápida e logo ele estava preso, com um pequeno filete de sangue escorrendo ao que a lâmina se afundou ainda mais em sua garganta, lhe fazendo puxar o ar entre os dentes por causa da ardência repentina.

— Vou perguntar de novo. O que está fazendo no meu puteiro, Choi Seungcheol? — O tom do outro era mais sério, fazendo os olhos do outro caçarem qualquer direção que não fosse o rosto alheio. A mão que segurava a sua de repente segurou seu rosto, lhe forçando a olhar o rapaz. Não parecia ser um simples prostituto. — É melhor não se esquecer que você pode ser um policial quando está fardado, mas aqui dentro você é um mero civil e vai ser tratado como tal.

Seungcheol percorreu os olhos pelo puteiro em busca de ajuda mas tudo o que via eram prostitutos se despindo, dançando e bebendo com os clientes. Alguns até mesmo encaravam a cena com divertimento no olhar, quase como se já estivessem acostumados a ver clientes sendo rendidos e ameaçados com armas brancas todas as noites.

— Seungkwan?

Uma voz se fez presente no meio daqueles sons todos e, caminhando feito um anjo, um rapaz foi calmamente ficar entre o policial e o aparentemente dono do prostíbulo. Sua bunda prensou-se entre as pernas do moreno, que fechou os olhos e tentou pensar em coisas tristes para não ficar excitado bem enquanto estava sendo ameaçado com uma faca.

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