Vinte e cinco (Final).

79 6 22
                                    

AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como menção à tráfico, menção à violência, menção à prostituição, menção à morte/suicídio, menção à vício em drogas e remédios, menção à sexo e menção à uso de armas de fogo.


Cinco anos depois.

A lareira da casa estava acesa e era a segunda fonte de luz depois da pequena luminária de mesa, que servia de complemento — mesmo que houvesse uma parede inteira de vidro, o sol já estava indo embora entre as montanhas. O som da caneta escrevendo no papel era ruidoso e era o único barulho que ecoava na casa moderna.

— Já terminou sua carta? — A voz chamou a atenção de Vernon, que resmungou um "não" baixinho e voltou à tarefa de preencher o papel. — Anda logo, amanhã eu vou sair cedo pra fazer compras e vou passar nos correios.

— Não fica me pressionando, merda! — O mestiço ralhou, suspirando. — Acho que eu já compilei tudo o que precisava. Não sei mais o que escrever.

— Então não escreve, ué.

Revirando os olhos, o rapaz de cabelos negros se levantou e pegou o envelope, no qual inseriu a carta escrita à mão depois de terminá-la. Preencheu as credenciais necessárias e então colocou o selo no local correto, jogando tudo na mesa de centro para chamar a atenção do outro.

— Aqui, seu chato. — Chamou a atenção do outro ao estalar os dedos. — Vê se não esquece de entregar, mais um mês sem enviar uma carta e eu serei um homem morto.

— Você foi embora tem 4 meses e ainda não se acostumou a enviar cartas. Não sei como o Seungkwan deixou isso acontecer.

— Ele tecnicamente não concordou, né. Não esquece que você voltou dos Estados Unidos jurado de morte. — O ex-prostituto se jogou no sofá espaçoso e se espreguiçou feito um gatinho. — Aliás, falando nisso... O que aconteceu com o Seokmin, mesmo? Você me contou tudo na viagem de volta mas eu esqueci, tava cansado demais pra absorver.

— Já falei, pediu um tempo pro Soonyoung depois que as coisas foram ficando mais arriscadas, foi fazer um curso de confeitaria na Itália e quando voltou foi direto pros braços do Soonyoung de novo. — A explicação fez o homem assentir com a cabeça. — Ainda não digeri o fato do Soonyoung ter largado o tráfico e começado a costurar.

— Também, né... Depois de quase perder o único homem que ele amava de verdade e que se importava com ele, foi um choque de realidade. Sem contar que não tinha mais pra quem vender ali depois que o Scandale fechou, e Kabukicho era o ponto principal de venda dele. De repente, quis evitar a fadiga de ter que procurar outro bairro e subornar outros policiais locais.

— Ou talvez tenha sido medo da surra que ele ia tomar do Jihoon se fosse preso de novo. — Os dois riram. — Ainda não acredito que ele adotou um garotinho. O Jihoon não tem paciência com ninguém, não imaginei que ele ia arrumar pra cuidar um ser que ainda tá em formação e que praticamente não tem capacidade de obedecer aos comandos dele.

— Talvez voltar pra Coreia tenha feito o Jihoon se sentir sozinho. Eu tentaria substituir a solidão por algo.

— Sim, algo. Não alguém.

— Deixa de ser chato. Aliás, ontem passou na TV imagens do memorial do Wonwoo e do Seungcheol. — Murmurou baixinho, contendo um sorriso. — Não imaginei que eles fossem tão queridos, ainda mais depois da depredação que teve nos túmulos...

— Não precisa fingir, sei que foi você e o Jeonghan.

— Ele queria extravasar a dor e eu também, no fundo. — Deu de ombros. — Ele tá bem melhor agora. Achei que ele nunca fosse superar a morte do Joshua, mas ele lidou bem com o luto. Depois que jogamos as cinzas dele no Lago Owen, foi quase como se o espírito dele tivesse finalmente descansado e os nossos também. Os dois primeiros anos foram difíceis, mas agora eu sinto que finalmente consegui esquecer o que aconteceu e guardar o Shua no meu coração.

KINDRED.Onde histórias criam vida. Descubra agora