Treze.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como prostituição, insinuação de sexo e menção à assassinato.


Depois daquele momento de tensão na delegacia, Wonwoo finalmente mostrou o restante dos documentos e explicou a situação para seu superior que ficou em choque por descobrir quem era a tal celebridade, mas já estava planejando uma estratégia em pouquíssimo tempo para felicidade de seus colegas de trabalho.

A sorte estava ao favor dos policiais, já que encontraram uma venda de ingressos em menos de uma hora de pesquisa. Deram a sorte de conseguir um ingresso e então Seungcheol foi designado para fazer o trabalho de espionagem por seu chefe no dia seguinte por ser o investigador mais apto a fazê-lo — isso inflou seu ego e retomou suas energias, que foram drenadas no encontro com Junhui.

O evento aconteceria numa livraria na tarde de sábado, então o moreno teria a manhã e a noite livres para descansar ou fazer o que mais quisesse. Considerou a ideia de fazer uma visita no Scandale pois queria rever Joshua, mas estava com um pressentimento ruim desde que falou demais quando conversou com Wonwoo de noite. Preferiu esperar a poeira baixar, sua frequência em Kabukicho poderia comprometer não só o andamento a operação mais importante de sua carreira como também a segurança do amor de sua vida, que podia se tornar um alvo do agiota se ele descobrisse sobre seus sentimentos.

No fim das contas, o homem acabou voltando para casa e ficando por lá pelo resto do dia, imerso em seus pensamentos. Dentro da banheira de água morna e com uma lata de cerveja na mão, Seungcheol ficou divagando sobre Joshua, Junhui, sua conduta policial e a celebridade que intimaria em 24h.

...

Duas semanas antes de localizar seu alvo, Junhui resolveu explorar Tóquio como se fosse um simples turista. Observou as paisagens, visitou monumentos, tirou fotos, praticamente se misturou na multidão como se fosse normal, como se fosse uma pessoa saudável querendo se divertir. Era até engraçado e irônico ver os cidadãos caminhando tranquilamente ao lado de um psicopata cínico que já tirou quase uma dezena de vidas.

Era o charme do chinês: parecer normal e inocente perante aqueles que não o conheciam de verdade, aqueles que não sabiam de seus segredos sujos e perversos. Como um rato ele entrava de fininho, ia comendo pelas beiradas, até que finalmente tudo em volta estava infestado com suas doenças, apodrecendo e perecendo. Dificilmente alguém que deixava Wen Junhui entrar em sua vida conseguia sobreviver à sua influência pestilenta e violenta.

O garoto não se orgulhava, mas também não se importava — não era por nada que ele sequer sentiu algo quando seu pai morreu, só ficou chateado de não poder ser mais livre e precisar trabalhar em seu lugar. Foi essa a razão de ter pego todo o dinheiro da família e fugido de casa quando soube que um grupo de ex-funcionários viria até sua casa tentar roubar o dinheiro do senhor Wen, visita essa que acarretou na morte da mãe e irmão mais novo de Junhui. Seu desapego era natural e era assustador o jeito que ele parecia não se importar ou se afeiçoar por ninguém. Até chegaram a suspeitar que foi o primogênito Wen que matou toda a sua família, mas a sorte sempre esteve ao seu lado junto com a loucura.

Quando finalmente encontrou Minghao, o rapaz virou seu foco. O observava, o seguia e até mesmo marcou as datas em que intimaria seu alvo até o dia em que finalmente enterraria uma bala quente nos miolos macios do chinês; chegava a ficar excitado com a ideia de finalmente ter o que o rapaz tomou de si de volta pois não era sobre dinheiro, era sobre orgulho. Sabia muito bem disso, ou então teria acabado com a vida miserável do escritor logo na primeira vez em que se viram. Querendo ou não, ele era seu nêmesis. Não teria muito o que fazer depois que aquele ciclo se encerrasse, então estava adiando-o como podia para não acabar com a diversão mais cedo do que deveria.

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