KINDRED.

Dois.

AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como automedicamento e problemas emocionais.

10 anos depois.

— Uma coletiva de imprensa em dois dias? Isso- Isso é incrível! — Sua voz era animada e ele parecia não acreditar naquilo. — Claro que posso! Não se preocupe. — Correu até sua mesa e arrancou uma folha do bloco de notas, rabiscando as informações que recebeu. — Sem problemas, eu não tenho nenhum outro compromisso nem nada... Além disso é uma prioridade!

O local ficou silencioso por alguns segundos e o rapaz começou a rir, feliz da vida. Ficou mais alguns minutos no telefone, dando voltas e voltas por seu escritório enquanto falava, mas de repente a ligação foi encerrada e ele se jogou em sua cadeira confortável, colocando as mãos atrás da cabeça e suspirando audível enquanto um sorriso satisfeito crescia em seu rosto jovem e renovado. Aquela era a vida de seus sonhos.

Em dez anos muitas coisas acontecem, mas era surreal o jeito que a vida de Minghao deu frutos em questão de uma década. Chegou no Japão com uma quantia limitada de dinheiro no bolso, sem lugar para ficar e nenhum domínio do idioma, mas acabou conseguindo encontrar uma pensão na qual ficou e trabalhou por meses o suficiente para conseguir pagar por uma faculdade depois de retomar seus estudos. Acabou por fazer licenciatura em Letras e aprendeu o japonês rapidamente, o que facilitou sua estadia no país.

Quando terminou sua faculdade conseguiu alugar um apartamento próprio, mas desde antes já publicava algumas histórias na internet e fanfics em sites jovens. Foi somente aos 23 anos que ele conseguiu sua primeira notável obra, que foi publicada na Amazon. Um romance simples para o público jovem-adulto, mas que lhe rendeu tanto dinheiro que em pouco tempo ele já estava morando em uma cobertura em Shinjuku, um bairro de Tóquio.

Uma editora se ofereceu para publicar seu primeiro livro físico e então seu nome estourou no Japão inteiro, criando uma legião de fãs fiéis às suas obras e até mesmo à si. Ficou sabendo que seu nome chegou em outros países da Ásia em alguns meses e tudo seguiu assim até que, aos 26 anos, recebeu a proposta de um diretor americano que ouviu sobre seus livros e resolveu comprar os direitos de um de seus romances mais famosos, "O Lado Que Arrebentou", para fazer um longa-metragem baseado nele.

As gravações começaram em um ano e logo o anúncio público já havia sido feito, fazendo com que o nome de Minghao estourasse mundialmente. Nesse intervalo de mais um ano, então, ele estava dando várias entrevistas e participando de diversas coletivas de imprensas, até porque além de ele merecer todo o destaque estava ganhando era muito incomum ver um escritor tão jovem e belo como ele, considerando o fato de que poucos na idade dele seguiam a carreira. Ele era como um oásis de fama, que a mídia estava aproveitando. Ele sabia e não se importava, desde que pudesse exercer sua profissão dos sonhos em paz.

Foi acordado de seus devaneios quando a porta se abriu, revelando seu novo secretário. Ele tinha um sorriso enorme no rosto, como sempre, e ajeitou a gravata social, empurrando seus óculos de grau com o indicador antes de se sentar na cadeira vaga na frente da mesa de seu chefe com o telefone na mão, animado como uma criança que acabou de ganhar seus doces favoritos.

— Minghao, você não vai acreditar! Acabaram de me ligar! — Falou contente, tendo a atenção do superior em si. — Era uma companhia, marcaram uma coletiva de imprensa com você daqui a dois dias!

— É, eu sei, mas obrigado por avisar mesmo assim, Seokmin.

Como Minghao não tinha necessidade de contratar um manager já que queria independência e sabia muito bem cuidar de sua própria imagem ele resolveu contratar um secretário, que apareceu na forma de Lee Seokmin. Gentil e simples, o rapaz havia sido contratado há três meses e estava desempenhando sua função muito bem apesar de ter um jeito atrapalhado natural, mas isso era seu charme e ele era um excelente profissional, sempre em sintonia com o que Minghao precisava. Além disso era um ótimo colega, já que os dois ainda não eram íntimos o suficiente para se considerarem amigos.