Quatro.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como ansiedade, menção à drogas e vômito.


No aeroporto Haneda, já haviam duas pessoas esperando pelos rapazes que chegariam em breve. Suas fardas policiais eram chamativas e as pessoas em volta olhavam aqueles oficiais da lei como se estivessem devendo algo a eles, o que causava certa sensação de superioridade e ego inflado em todo policial independente da patente. Era o que sustentava aquela corporação porca, no final das contas.

Os dois esperaram por algum tempo até que finalmente notaram os rapazes passando pelo portão de embarque. Um deles tinha os cabelos negros e a figura imponente ao que caminhava carregando suas duas malas enormes sozinho, enquanto o outro parecia mais acuado ao ajeitar seu óculos de grau e coçar os cabelos vermelhos, esfregando o rosto com as mangas de seu suéter gigante. Os dois japoneses se entreolharam e riram baixinho antes de se aproximarem dos rapazes calmamente.

— Oficial Choi e oficial Wonwoo? — Um deles perguntou.

— Sim, isso mesmo. — O mais robusto da dupla respondeu, curvando-se minimamente. — Oficiais Watanabe e Saito, correto? — Recebeu um aceno de cabeça, discretamente bocejando. — Peço perdão, mas a viagem foi esgotante. Mal dormimos direito, passamos o último dia na Coreia reunindo nossos documentos e arquivos importantes.

— Sem problema, apenas vamos acompanhá-los até seus aposentos para que deixem suas malas e então os levaremos até a delegacia para pegarem suas fardas novas, distintivos e deixarem os arquivos do caso com o escrivão. — Saito informou, fazendo os dois coreanos assentirem com a cabeça.

Logo os dois foram levados em seus respectivos locais de estadia para que deixassem suas malas, sendo levados até a delegacia em poucos minutos. Logo os dois rapazes receberam suas fardas e foram liberados por aquele dia. O avermelhado já estava pronto para conversar com seu superior mas de repente o viu namorando seu distintivo de investigador da polícia e achou melhor não puxar papo, já tendo certa noção do quão imerso ele ficava se tratando de trabalho.

...

Minghao tinha as duas mãos dentro de sua jaqueta e caminhava em círculos no backstage, suando frio. Podia ouvir os cliques das câmeras do lado de fora e ver seus flashes passando pela cortina, não querendo acreditar que estava ali, mas não tinha mais volta e ele precisava fazer aquilo querendo ou não, era o preço de sua fama afinal de contas.

Seu estômago se revirava e doía, sentia que ia vomitar todo o seu almoço — que se resumiu a um suco verde estranho que Seokmin comprou para si e um salgado vegano — no chão até que de repente ouviu seu nome ser mencionado. Esfregou o rosto e se abanou com as mãos, secando o suor com a manga da jaqueta jeans antes de forçar o melhor de seus sorrisos e caminhar até o grande palco quando foi finalmente chamado.

Um mar de flashes quase lhe cegou e ele precisou segurar na cadeira próxima a si para não cair tonto no chão, fazendo algumas poses e sorrindo antes de se sentar. Ao seu lado haviam outros escritores de todos os tipos, tão populares como ele. E, é óbvio, nesse meio estava Lee Chan.

Ninguém dizia isso de forma direta, mas era nítida a tensão quase palpável entre os dois todas as vezes que ambos estavam no mesmo ambiente, principalmente se tratando do mais novo. A única diferença entre os dois rapazes, além da idade, era que o chinês escrevia contos românticos, diferente do coreano que preferia apostar no suspense ou aventura. Além de, também, nenhum best-seller de Chan ter sido adaptado para o cinema.

Não se tinha nenhum tipo de prova para uma desavença entre ambos, mas dava para ver no rosto do ruivo o quão nervoso ou incomodado ele ficava na presença do Lee, que parecia sentir-se da mesma forma, até mesmo um pouco pior, quando ambos estavam juntos. Apesar disso eles sempre se tratavam com educação na frente das câmeras mesmo que já fosse impossível disfarçar o pequeno atrito. Até mesmo os fãs não se bicavam, sempre comparando os dois.

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