Três.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como drogas, prostituição e sexo.


— Você precisa nos entregar pelo menos mais cinco capítulos em duas semanas, Minghao. Não temos mais tempo.

— Eu sei que não, mas preciso de mais tempo pra descansar a minha mente e entregar um bom conteúdo. — Minghao retrucou, tamborilando os dedos na mesa. — Não é assim que a criatividade funciona.

— E não é assim que a vida real funciona. Nós precisamos de mais cinco capítulos em duas semanas, Minghao. — O dono da editora repetiu, suspirando. — Nós já adaptamos seus livros há muito tempo e você é nossa gansa dos ovos de ouro, mas não podemos sair no prejuízo dessa forma justo quando você está no topo, rapaz.

— Eu... Eu sei. — O chinês desistiu de discutir e apenas se rendeu, apertando a mão em punho por cima da mesa. — Vou começar a escrever ainda hoje.

— Você é um bom garoto, Minghao. Tem um coração bom.

O homem desligou e logo o chinês colocou o telefone fixo no gancho de qualquer jeito, puxando os cabelos em frustração e chutando a mesa com força. Mordeu o lábio inferior com força até sentir o gostinho de ferro em sua boca e balançou a cabeça em negação, respirando fundo e indo até a cozinha encher um copo de água. Bebeu tudo em três goles e limpou a boca com as costas da mão, dando dois tapinhas no rosto a fim de "acordar".

Sentar na frente do computador e ficar horas a fio digitando suas obras era uma tarefa prazerosa para o chinês visto que, além de sua enorme paixão, aquilo era seu ganha-pão, mas escrever forçadamente ou sob pressão era horrível, uma sensação amarga que tomava conta de seu ser e lhe deixava tão deprimido que ele considerava atirar o computador pela janela ou jogar-se ele mesmo por ela rumo a uma próxima vida em que ele pudesse fazer o que amava sem ter que lidar com tantas merdas.

Os segundos viraram minutos, os minutos viraram horas e quando Minghao decidiu dar uma pausa já estava de noite. Olhou no relógio e ainda era cedo em seu critério, então acabou telefonando para Jihoon já que ele, com toda a certeza, era a companhia mais adequada que poderia procurar naquele momento. Não que o rapaz fosse um inconsequente, mas ele sempre topava de tudo com o chinês.

— Mudou de ideia, já sei.

— Você me conhece tão bem...

Minghao estava usando uma blusa preta estampada e uma calça jeans rasgada simples junto com um par de tênis, pois sabia que não tinha necessidade em se arrumar todo só pra encher a cara e dançar até se acabar. Ficou sentado no sofá de sua sala de estar mexendo no celular enquanto esperava o tempo passar até que a campainha tocou, indicando que seu melhor amigo já tinha chegado. Pegou então sua carteira e se levantou, saindo do apartamento e sendo rapidamente acompanhado pelo mais baixo.

— Algum lugar específico em mente? — O Lee perguntou, recebendo um balançar de cabeça em negação.

— Qualquer lugar com uma pinga gostosa e música boa.

— Já sei pra onde vamos hoje então.

Pelo sorriso que o loirinho abriu o chinês já imaginou que o destino não fosse boa coisa mas estava tão desgastado mentalmente que apenas resolveu entregar sua noite nas mãos de seu melhor amigo. Entraram no Onix Chevrolet que o coreano comprou com seu humilde salário juntado por dois anos e então o mais velho começou a dirigir, enquanto o outro aproveitou a chance para recostar o banco e tirar uma rápida soneca.

A soneca foi curta e quando o ruivo acordou percebeu que estavam em uma rua cheia de luzes vermelhas, piscando e chamando os transeuntes. O rosto do rapaz ficou da mesma cor que os letreiros e ele arregalou os olhos, chamando a atenção de um Jihoon risonho.

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