Sete.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como sexo, prostituição, fumo e invasão de privacidade.


O garoto de cabelos azuis precisou forçar duas vezes a roda de faísca com a ponta de seu dedão até que o isqueiro se acendeu e queimou a ponta do cigarro, que descansou entre seu indicador e médio. Tragou o tabaco e deitou a cabeça de lado, soprando lentamente a fumaça enquanto assistia seu parceiro fodendo com violência um cliente escandaloso ao extremo.

Seus longos cabelos castanhos caíam sobre o rosto e vez ou outra precisava parar o ritmo frenético para ajeitar as madeixas suadas, mas em pouco tempo ele retomava seu trabalho com maestria. O homem abaixo de si gozou em um gemido escandaloso e caiu mole sobre o colchão, fazendo com que o prostituto retirasse a camisinha e se masturbasse rapidamente antes de pintar as costas e nádegas alheias com seu sêmen. Logo depois de se recuperar, o cliente foi embora.

— Essa foi a vez em que eu gozei mais rápido, puta merda. — O azulado ralhou, arrancando uma risada de seu companheiro de trabalho. O castanho sentou-se em seu colo e lhe deu um selinho, tomando o cigarro de si.

— E aquele policial, ein? — O cabeludo indagou, arrancando um arquear de sobrancelhas do outro. Tragou o cigarro e abriu um sorriso, soltando a fumaça pelas narinas. — Não faz essa cara pra mim, Jisoo. Te conheço.

— Foi só pra ele sair, sabe que a gente tá dando azar demais com a lei ultimamente. — Suspirou, ganhando um selinho com gosto de cigarro.

De repente a mão livre do acastanhado subiu pela nuca alheia e puxou-lhe para trás pelos cabelos ralos do local, forçando a língua contra sua boca no intuito de abri-la. Os músculos se chocaram de forma rude e se entrelaçaram feito duas cobras tentando acasalar, uma sucção barulhenta sendo deixava no local pelo azulado. Os sons e estalos obscenos ecoavam pelo cômodo com cheiro de cigarro e os dois rapazes estavam se divertindo até que Jisoo desfez o beijo para tragar de novo.

— Acha que aquele cara tá tentando fazer uma investigação ou algo assim? — Perguntou, recebendo um balançar de ombros como resposta.

— Ei, vocês dois. — A cabeça de Vernon apareceu na porta. — O chefe quer falar com vocês.


...


— Merda, eu sempre esqueço de juntar o lixo.

Morar sozinho era uma benção: paz, tranquilidade, privacidade, sem cobranças ou necessidade de lidar com outras pessoas e suas diferentes rotinas e aspectos pessoais. Podia fazer o que quisesse, quando quisesse e como quisesse, procrastinar, arrumar a casa de seu jeito e criar sua própria grade de horários sem precisar depender de terceiros para isso. A única pessoa, porém, que se tornou a exceção da regra, que mudava tudo era o lixeiro.

Sempre imerso em suas escrituras ou descansando quando tinha mais de 5 minutos livre, não era difícil o chinês perder a hora ou se esquecer do dia exato em que o lixo do prédio era recolhido, então sempre precisava juntar toda a sujeira em um único saco enorme e sair correndo pelas escadas sempre de pantufas e robes de seda. Não era incomum topar com algum vizinho com o qual não tinha intimidade e acabar mostrando metade de seu peitoral desnudo em sua corrida desesperada, mas depois da nona semana consecutiva ele pareceu ter se acostumado.

Já no térreo, o rapaz correu pelos carros do estacionamento como se sua vida dependesse disso e varreu o ambiente com seus olhos desfocados buscando pelo zelador, que coincidentemente estava passando em sua direção com algumas latas de lixo. Quase se jogou aos pés do homem, que pareceu se compadecer ao ver seu estado deplorável.

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