Vinte e quatro.

62 7 6
                                    

AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como menção à tráfico e violência, prostituição e menção à sexo.

Minghao acordou pulando na cama em que estava deitado, como se estivesse sonhando que estava caindo de um enorme penhasco, e gemeu de dor pela pontada que isso o causou. Passou a mão no rosto e sentiu alguns curativos por sua pele, que também estava coberta por uma fina camada de suor. Também havia um curativo em sua costela, motivo de sua dor depois de ter sido perfurado por um caco de vidro. Olhou em volta e percebeu que estava em uma cela.

— Eu até trabalho toda semana, mas fico livre de noite. — Era a voz de Jihoon. E ele estava flertando com um policial.

Quando deu uma boa olhada no ambiente, notou que era uma delegacia simples. Haviam alguns oficiais em volta trabalhando em suas próprias coisas, em alguma pausa ou simplesmente transitando, mas não parecia ser um lugar em que enviavam pessoas que realmente iam ser presas.

— Ah, você acordou. — O policial que estava dando em cima de seu melhor amigo o notou sentado e então destrancou a cela. — Está livre. Tenha mais cuidado com seu comportamento.

— Que-

— Muito obrigado, Jaeyeol, eu te ligo mais tarde. — Jihoon piscou, arrastando o amigo para fora da delegacia.

Os dois logo estavam se enfiando no carro do mais velho e ficaram em silêncio, até que uma das mãos de Jihoon desceu em um tapa aberto no rosto do chinês, que deu um grito pelo susto e pela ardência repentina.

— Ai- mas que- ai!

— Isso foi por sair sem explicar pra gente, olha onde você foi parar! Na prisão! — Jihoon esbravejou, franzindo o cenho, mas logo apertou o melhor amigo em um abraço aperto. — Fiquei preocupado, seu idiota! Eu não fazia ideia de onde você estava, porque eu fui lá com o Seokmin de noite e não tinha ninguém! Nem sinal seu!

— Vocês foram lá! Seus idiotas! — Minghao choramingou, ainda abraçando o amigo. — Mas, espera, eu estava numa viatura e-

— Eu sei, o Junhui contou tudo. — O baixinho surpreendeu o ruivo, o soltando e começando a dirigir. — Ele passou em casa hoje cedo e disse que tinha resolvido tudo. Contou que, assim que a gente falou com ele, ele foi atrás de você e te salvou. Aí ele falou que pagou sua fiança, eu pensei que ele tinha se entregado ou coisa assim, mas ele só me disse que arrumou alguém pra entregar o dinheiro e então me falou que teria que sumir por um tempo até a poeira baixar. Ele também pagou o dobro pra a fonte que o Lee Chan pagou pra espalhar a sua prisão, então ninguém mais vai ficar sabendo de nada disso.

— Isso é... muita informação. — O mais novo murmurou, se abraçando. — Sabe onde ele está?

— Não, ele só disse que ia embora, mas que ele vai voltar e que você vai saber do paradeiro dele quando for a hora.

O carro caiu em silêncio e os rapazes ficaram assim até chegarem no condomínio de Jihoon. Subiram de elevador e logo já estavam na porta do apartamento, mas foram recepcionados por um choro doloroso quando a porta foi destrancada.

— Ah, é, esqueci de falar. O Soonyoung esqueceu de pagar a propina pros policiais e acabou rodando quando foram investigar a morte de mais dois policiais em Kabukicho. Achei que ele fosse ser preso de outro jeito, mas eu já sabia que ele ia ser preso por burrice dele. Ainda deixou um viúvo inconsolável. — Jihoon disse, apontando com o polegar para Seokmin.

O rapaz estava inconsolável, chorando desde o dia em que seu amado saiu para trabalhar e acabou sendo preso por tráfico de drogas por acidente. Apesar de ter cometido um grande deslize, Kwon Soonyoung ainda era Kwon Soonyoung, então mais propina conseguiu reduzir sua pena de 7 anos por tráfico de drogas (por sorte, era uma segunda-feira, já que os carregamentos que ele levava consigo eram maiores nas sextas e sábados) para 7 meses numa das melhores penitenciárias de Tóquio, com direito a TV e quarto próprio.

KINDRED.Onde histórias criam vida. Descubra agora