Vinte.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como morte, violência explícita e uso de armas de fogo.

Minghao estava triste, mas agora estava furioso. Alguns livros, taças e quadros foram ao chão em seu acesso de raiva e agora ele estava andando em círculos pelo apartamento parcialmente bagunçado enquanto esperava, com as mãos cortadas e sangrando por causa dos cacos de vidro que tentou limpar enquanto ainda estava tremendo de raiva.

Em seu telefone havia duas mensagens e uma ligação perdida, mas sabia que não tinha necessidade de vê-las quando a pessoa em questão tinha sido convidada para sua casa e estava a caminho de chegar. Até mesmo seu porteiro ficou surpreso pelo pedido repentino que o chinês lhe fez.

A campainha tocou e o ruivo praticamente voou em passos rápidos até a porta, a destrancando com os dedos trêmulos. Quando pousou seus olhos em Mingyu, que tinha um sorriso nos lábios e um buquê de flores nos braços, cerrou seus dentes e puxou o mais velho pelo braço para dentro, já sentindo seu corpo fervendo.

— Que saudades de te visitar... Eu fiquei surpreso quando recebi sua mensagem, achei que você não quisesse me ver. Aliás, eu nem lembrava que você tinha meu número, justo você que tentou fugir de mim por tanto tempo... É uma surpresa, mas uma surpresa boa. A melhor que eu poderia receber na vida. — O acastanhado murmurou, com um sorriso pequeno no rosto.

O mais novo se virou de repente com um olhar sanguinário no rosto, que fez o sorriso alheio morrer, e começou a caminhar em sua direção, sem se importar com os cacos de vidro que entravam em seus pés descalços e lhe pinicavam a pele. Instintivamente, o outro ia se afastando no mesmo ritmo, mas logo ele já não tinha para onde ir.

— Você realmente tem coragem, Kim Mingyu. Você tem muita coragem de aparecer com essa cara deslavada depois de tentar foder a minha vida! — Berrou, pegando um dos vasos em cima da mesa e jogando na direção do rapaz. Por sorte ele se abaixou, fazendo com que a cerâmica rachasse na janela e se espalhasse no piso junto com terra e água. — Quanto aquele desgraçado do Lee Chan está te pagando?!

— C-Como você sabe disso?! — Gaguejou, de olhos arregalados.

— Eu não sabia que era o Lee Chan, mas agora eu tenho mais um motivo para querer matar você, sabia?! — Minghao riu sem humor, fazendo o outro cair de bunda ao dar um passo largo em sua direção. — Há quanto tempo você está me seguindo? — Perguntou entredentes, sem receber respostas. — Há quanto tempo, seu filho da puta?!

O grito irritado do ruivo desencadeou uma crise de choro em Mingyu, que tinha alguns pedaços de roupa rasgados por estar se arrastando no vidro. O buquê de flores já estava caído há um tempo e havia sido amassado pelos pés do escritor, os girassóis agora manchando o carpete branco já sujo de terra e sangue.

— Você terminou comigo porque queria ser escritor, já fazem anos mas eu nunca superei você! E-Eu não tive sequer uma noite de sono tranquila desde que você me deixou! — Apertou os olhos, deixando lágrimas grossas escorrerem. — Eu tentei dormir com outros, até com um dos policiais que está investigando você, mas você é único! — Ergueu o olhar, encontrando os olhos vermelhos de raiva do outro. — Eu só queria ter você de volta!

— Estragando a minha vida?! Vazando informações pessoais minhas?! Vai se foder! — O mais novo rebateu, chutando o buquê. — Você é um doente, o que ia fazer?! Me esperar sair da cadeia, se eu não tivesse me suicidado antes?! Se aproveitar da minha fragilidade emocional pra me convencer de que eu cometi um erro ao terminar com você?!

Num acesso de raiva, o punho de Minghao subiu e desceu no rosto de Mingyu duas vezes, lhe jogando no chão. Assistiu o fotógrafo cuspir uma gosma vermelha no chão e se arrastar ridiculamente no meio dos fragmentos de vidro e cerâmica, deixando um rastro vermelho por onde seu corpo passava. O escritor penteou os cabelos para trás com os dedos e suspirou, deixando algumas lágrimas escaparem.

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