Dezessete.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como violência não-explícita, menção à sexo, menção à uso de drogas, menção à prostituição e menção à tráfico de drogas.


Seungcheol não sabia dizer o porquê, mas estava envergonhado de ver Joshua. Já havia visitado-o no dia da suspensão e o visto, mas naquele dia em específico seu coração se atrapalhava nas batidas só de pensar em ver e tocar o corpo do rapaz, olhar em seus olhos, fazê-lo se deleitar consigo.

Sabia que era ridículo estar apaixonado por um prostituto e que jamais o teria, mas sentia-se o homem mais feliz do mundo toda vez que tinha o rapaz em seus braços, mesmo que outros cinco caras também tivessem tido a mesma sorte naquele dia e que tivesse que ir embora meia hora depois. Já não se importava com mais nada, só queria ver o motivo de suas noites mal-dormidas e sorrisos bobos.

Parou o carro na rua de Kabukicho e foi andando com um sorriso discreto no rosto até a fila da Scandale, nem mesmo precisando se apresentar para o segurança, que o liberou na hora para entrar. Também não precisou rodar muito para encontrar Joshua, que estava recostado no bar com um copo de bebida na mão.

Dessa vez ele usava uma blusa de manga branca de seda e shorts pretos, que apertavam suas coxas fartas. Um colar de ouro envolvia seu pescoço e seus lábios avermelhados estavam brilhantes por causa do líquido colorido, lhe dando um ar ainda mais atraente e gracioso. O policial poderia ficar por horas só lhe admirando, como um curador de artes observando uma linda pintura.

De repente o olhar do azulado prendeu-se ao seu e ele sorriu como um anjo, caminhando em sua direção. Era sempre assim, tudo ao redor desfocava e Jisoo brilhava sozinho, fazendo jus ao seu posto de único no coração de Choi Seungcheol. Mesmo acostumado a ter o rapaz consigo várias vezes, o moreno sempre sentia como se fosse a primeira vez deitando-se com o americano.

— Cheol, você veio me ver! — O tom do prostituto era dengoso e animado enquanto ele envolvia os braços pelos ombros largos do mais velho. — Vamos subir, tô morrendo de saudades.

— Eu também, Shua. — O mais velho levou uma das mãos até uma das nádegas durinhas do rapaz e deu um aperto forte, colando os lábios em seu lóbulo. — Você não tem noção do quanto. — Murmurou, sorrindo ao perceber o outro se arrepiando.

Não demorou muito para que ambos subissem para um dos quartos e fodessem loucamente como sempre faziam, com Seungcheol descontando todos os sentimentos que tinha no prostituto e Joshua aproveitando o único cliente que lhe fazia sentir prazer genuíno. Os clientes ao lado sempre sofriam quando ambos estavam juntos, pois ninguém era páreo para a performance sexual daqueles dois.

Por quase três horas seguidas, Joshua Hong pertenceu a Choi Seungcheol. Seus olhares inocentes, seus gemidos, suas súplicas, suas juras foram só do moreno e de mais ninguém. O azulado era frágil abaixo de si e completamente entregue, disposto a fazer tudo o que podia para lhe agradar, e aquilo mexia tanto com a cabeça do outro que ele sentia que poderia explodir todas as vezes que os olhares se encontravam.

Foi aí que Choi percebeu que não estava contente com tê-lo somente por algumas horas e dividi-lo com inúmeros outros todos os dias. Não queria o americano transando com outros, prometendo-se a outros, entregando-se a outros; queria o rapaz só para si.

— Joshua, eu estou apaixonado por você. — Murmurou baixinho, tendo o rapaz deitado em seu peito.

Sentiu exatamente o momento que o corpo do azulado enrijeceu, quase como se ele tivesse tornado-se uma estátua. Usando a mão de apoio ele se ergueu e encarou o policial, que não gostou de sua expressão facial: de olhos arregalados e cenho franzido, o prostituto lhe encarava fixamente enquanto sua boca se contorcia. Ele não havia dito nada, mas já estava tudo claro. Por fim o prostituto suspirou e encarou o mais velho com pena.

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