Dez.

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AVISOS: Esse capítulo, assim como todos os outros, contém assuntos sensíveis como menção a assassinato, drogas, prostituição e perseguição.


Muitas profissões são arriscadas. Algumas em geral, outras na execução, algumas se tratam de vida, outras de reputação, mas é um fato que muitas profissões podem ter mais a perder do que a ganhar. Uma dessas profissões era ser paparazzi, e muitos entravam nessa vida mesmo sabendo de todos os contras que ultrapassaram os prós.

Uma dessas pessoas era Kim Mingyu. Estava cansado de tentar ascender na carreira de forma convencional e, depois que perdeu o amor de sua vida, ganhou tempo de sobra para infernizar a vida das outras pessoas e descolar muito dinheiro com invasão de privacidade e outros crimes. Acabou perdendo o medo de ter sua vida acabada há muito tempo e então aquele era seu novo ganha-pão secreto quando sabia que podia ganhar mais dinheiro do que como jornalista.

Naquele dia em especial estava cobrindo um pedido peculiar e muito interessante, feito a si há mais de dois meses atrás, mas só havia aceitado recentemente depois de muito pensar. Seu nervosismo era tanto que suas mãos tremiam, fazendo com que a câmera desfocasse do que estava tentando capturar em foto. Triscou a língua no céu da boca, frustrado.

Fechou um dos olhos e aproximou o rosto da câmera, dando um zoom sutil em seu alvo enquanto seu dedo apertava o botão de fotografar, registrando os momentos pedidos por seu cliente. Um sorriso pequeno foi crescendo no canto de sua boca ao perceber o quão boas as fotos estavam ficando, a adrenalina fazendo seu coração bater cada vez mais rápido.

— Posso ver o que está fazendo, rapaz? — Uma voz lhe assustou, quase lhe fazendo derrubar a câmera.

Quando se virou de costas, encontrou um homem comum. Estava usando um agasalho marrom e calça jeans, mas mesmo que estivesse coberto dos pés à cabeça seus braços malhados e coxas grossas se destacavam contra os diferentes tecidos, mostrando que aquele simples cidadão não era um fracote qualquer.

— Hm... Não. — Mingyu respondeu depois de crispar os lábios, apertando os dedos em volta de sua preciosa câmera.

— Temo que posso, sim. — O estranho insistiu e remexeu no bolso do casaco, estendendo a mão na altura do rosto do mais alto. — Oficial Choi Seungcheol, da 3º divisão da KOBAN.

Era um distintivo. O homem parado em sua frente era um policial á paisana e havia acabado de negar um pedido dele. Segurando a câmera contra o peito por alguns momentos, o fotógrafo suspirou discretamente e estendeu o objeto na direção da mão livre de Seungcheol, que abriu um sorriso pequeno. O guardou no bolso do casaco e deu um acenar de cabeça.

— Você fez a decisão certa, filho. — O policial disso, num tom que poderia ser claramente perdido entre o aviso e o conselho.

Assistindo sua câmera profissional ser levada junto com as fotos que passou mais de duas semanas tirando, o jovem apenas suspirou em frustração mais uma vez e engoliu em seco, discando o número já conhecido enquanto caminhava para um local mais discreto, visto que seu esconderijo já tinha sido descoberto pelo oficial da lei.

A chamada demorou algum tempo até ser aceita, tempo o suficiente para que Kim Mingyu reunisse um pouco mais de coragem, mas então logo conseguiu ouvir o som ambiente do outro lado da linha com alguns pequenos chiados telefônicos, mostrando que seu cliente estava apenas esperando que ele falasse algo como sempre fazia.

— Eu não vou conseguir entregar as fotos pra você amanhã. — Disse num tom cuidadoso, quase como se estivesse testando as águas antes de entrar. — Houve um... imprevisto.

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