Day 109

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Camila

-Certo, eu vou pegar os salgadinhos e refrigerantes naquele corredor.- aponto para trás.

-Ok, e eu pego energético, café e te encontro em casa. Pronta?- balanço a cabeça.- Valendo!

Inferno, ela tem um carro pra voltar, eu só tenho uma bicicleta!, penso enquanto corro pelo mercado, enchendo o carrinho com salgadinhos variados. Ok, ok, vou te situar aqui: naquele dia, 14, depois que ela ligou e aceitou a proposta, disseram que ela teria que viajar no dia 19, para começar no dia seguinte. Ela tirou o dia seguinte para resolver toda a burocracia com o trabalho, passagem e essas coisas. No outro, ela arrumou suas coisas durante o dia e resolveu sobre as contas da casa até a volta dela.

Ontem, quando ela teve um momento vago e tranquilo para falar comigo, - entenda como "os vinte minutos antes que ela pegasse no sono" - falamos sobre o que iríamos fazer sobre nós duas e o tempo que ficaríamos longe. Não, não fui eu que toquei no assunto primeiro! Foi ela, o que me fez pensar que estou conseguindo reconquistar aquele coração!

Ela não precisa saber que eu fiz uma dancinha em comemoração a isto.

No final, decidimos passar um dia inteiro juntas e acordadas, apenas para aproveitar o tempo. Por isso, decidimos apostar corrida no mercado, às sete da manhã. Não, eu não deveria estar no trabalho, este é meu mês de férias. Sortuda, não?

-Acho que isso deve bastar.- encaro o carrinho quase totalmente cheio.- Um pouco dos chocolates dela agora e eu posso ir pro caixa.

Assim que tenho os doces comigo, viro para voltar e vejo Lauren na minha frente, com o carrinho carregado de bebidas. Ela arqueia uma sobrancelha e eu me sinto em um daqueles filmes de velho oeste, onde dois cowboys se preparam para dar um tiro. Olho para o longo corredor até o caixa e aperto o carrinho nas mãos, virando e começando a correr. Lauren me segue, correndo logo atrás de mim. Nossas gargalhadas começaram bem alto para um local quase vazio e tão cedo. Nos separamos na área dos caixas, indo cada uma para o mais vazio. Estico o pescoço e não consigo vê-la em nenhum lugar.

Depois de pagar, enfio boa parte na minha mochila - levada especialmente para isso - e o resto em uma sacola. Assim que pego minha bicicleta, passo pelo estacionamento apenas para checar se o carro dela ainda estava lá. E estava, o que me deixou feliz. Peguei a chave reserva da casa, que ela me emprestou, e comecei a pedalar o mais rápido que conseguia para casa. Assim que viro na rua dela, vejo um carro preto idêntico ao dela parado na frente da casa. Paro a bicicleta do lado do motorista e a encontro mexendo no celular.

-Como você...?

-Simples.- abre a porta.- Descobri um atalho recentemente, foi bem fácil.

-Não é justo!

-Prometo te deixar ganhar na próxima, amor.

Deixo a bicicleta na varanda e destranco a porta, ouvindo Lauren destrancar o carro e pegar as bolsas com as bebidas. Seguro a porta aberta e espero que ela entre, antes de ir até o carro e pegar a última sacola.

-Amor.- sussurro, sorrindo sozinha.

***

Esfrego os olhos e pisco, tentando espantar o sono que queria chegar. Lauren parecia cansada igual, mas se esforçava para ficar acordada e assistir à série que escolhemos para maratonar.

-Eu vou pegar alguma coisa para comer e... Talvez fazer um café. Quer algo?- pergunto enquanto rolo para fora do sofá, literalmente.

-Só o café está bom.- cobre a boca no meio de um bocejo.- Desculpe.

Um ano para ter vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora