Day 56

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Camila

Domingo. Ah, o domingo... Um belo dia de frio para se esconder sob os lençóis, dormir até tarde e só depois do almoço pensar em arrumar a casa. Ou não, já que eu arrumei tudo ontem e não recebi visitas. Tudo o que me resta é dormir até umas 11 a.m., correto?

Errado. Às 6:23 alguém começa a bater na minha porta, ao mesmo tempo que meu celular começa a tocar. Isso resulta em um susto, um pulo para fora da cama, uma Camila desnorteada e muito mau humor. Antes mesmo que eu possa atender a ligação, ela para, mas as batidas na porta continuam entre pequenos intervalos de silêncio.

-Eu já estou indo, inferno!- tento gritar, mas minha voz sai rouca e baixa, me fazendo limpar a mesma rapidamente.- Pode parar de bater, por favor? Eu já estou indo!

-Desculpe!

Reviro os olhos e visto o primeiro casaco que encontro no quarto, resmungando durante o caminho até a porta. Admito que foi uma surpresa ao ver quem estava na porta, não imaginei que ela voltaria cedo.

-O que você tá fazendo aqui tão cedo?

-Eu estava ansiosa pra te ver, cheguei há algumas horas.- ela sorri, sempre parecendo uma criança de 24 anos.- Eu ia voltar no dia trinta, mas decidi adiantar minha passagem.

-Se você voltou aqui por pena, por favor, vá pra Miami e nos vemos no ano que vem.- empurro a porta, mas ela a segura.- O que?

-Eu não voltei por pena. Eu senti sua falta, eu... Eu vim pra passarmos a virada juntas.

-Não se preocupe, eu vou estar bem. Assim como no Natal, eu estive ótima sozinha! E em todos os outros anos que eu passei sozinha! Vá passar o fim do ano com sua família, não precisa mudar seus planos por mim.

-Mas meus planos eram voltar no dia trinta pra ficar com você, eu só-

-Ficou com a consciência pesada? Oh, que legal da sua parte ser solidária comigo, mas eu não preciso disso.- cruzo os braços.

Gradativamente sua expressão mudou. Primeiro, sua boca se fechou e ela não tentou falar mais nada. Logo depois, suas sobrancelhas foram se curvando até se unirem - e eu tenho certeza que não foi por confusão. Em seguida virem o avermelhado nas bochechas, suas narinas inflaram e ela começou a respirar de forma rápida e pesada, e... Eu comecei a me sentir assustada com sua mudança.

-Lauren?

-Quer saber, Camila? Você tem razão.- cruza os braços.- Seria bem melhor se eu estivesse lá em Miami agora. Minha família me trata bem, me enche de amor e eu decidi vir mais cedo pra passar os últimos dias do ano com você. E, sabe, eu estou tão cansada... Tão cansada, Camila!

-Laur-

-Me deixa terminar, por favor.- seus olhos transmitiam tanta raiva que eu me encolhi.- Eu estou cansada de fazer tudo por você e, no final, ainda me foder. Você tem noção do que eu ia fazer na virada do ano, Camila?- mexe no bolso e me empurra uma caixinha.- Você tem noção?

Encaro a caixinha por alguns segundos antes de abrir a mesma e me deparar com duas alianças. Não tinham nada demais, eram apenas duas alianças de prata, finas e brilhantes. Peguei uma delas para analisar e percebi algo escrito. "Namorada da Camz".

-Lauren, eu... Eu-

-Eu achei que estava tudo indo bem. Eu realmente achei que você ainda me amava, Camila.- pega a caixinha e guarda no bolso.- Pelo visto, eu estava muito errada.

-É o que? Não! Não, não estava, eu amo você!

-Fale o quanto quiser.- dá de ombros.- Eu não sinto o que você diz.

Um ano para ter vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora