Camila
Domingo. Ah, o domingo... Um belo dia de frio para se esconder sob os lençóis, dormir até tarde e só depois do almoço pensar em arrumar a casa. Ou não, já que eu arrumei tudo ontem e não recebi visitas. Tudo o que me resta é dormir até umas 11 a.m., correto?
Errado. Às 6:23 alguém começa a bater na minha porta, ao mesmo tempo que meu celular começa a tocar. Isso resulta em um susto, um pulo para fora da cama, uma Camila desnorteada e muito mau humor. Antes mesmo que eu possa atender a ligação, ela para, mas as batidas na porta continuam entre pequenos intervalos de silêncio.
-Eu já estou indo, inferno!- tento gritar, mas minha voz sai rouca e baixa, me fazendo limpar a mesma rapidamente.- Pode parar de bater, por favor? Eu já estou indo!
-Desculpe!
Reviro os olhos e visto o primeiro casaco que encontro no quarto, resmungando durante o caminho até a porta. Admito que foi uma surpresa ao ver quem estava na porta, não imaginei que ela voltaria cedo.
-O que você tá fazendo aqui tão cedo?
-Eu estava ansiosa pra te ver, cheguei há algumas horas.- ela sorri, sempre parecendo uma criança de 24 anos.- Eu ia voltar no dia trinta, mas decidi adiantar minha passagem.
-Se você voltou aqui por pena, por favor, vá pra Miami e nos vemos no ano que vem.- empurro a porta, mas ela a segura.- O que?
-Eu não voltei por pena. Eu senti sua falta, eu... Eu vim pra passarmos a virada juntas.
-Não se preocupe, eu vou estar bem. Assim como no Natal, eu estive ótima sozinha! E em todos os outros anos que eu passei sozinha! Vá passar o fim do ano com sua família, não precisa mudar seus planos por mim.
-Mas meus planos eram voltar no dia trinta pra ficar com você, eu só-
-Ficou com a consciência pesada? Oh, que legal da sua parte ser solidária comigo, mas eu não preciso disso.- cruzo os braços.
Gradativamente sua expressão mudou. Primeiro, sua boca se fechou e ela não tentou falar mais nada. Logo depois, suas sobrancelhas foram se curvando até se unirem - e eu tenho certeza que não foi por confusão. Em seguida virem o avermelhado nas bochechas, suas narinas inflaram e ela começou a respirar de forma rápida e pesada, e... Eu comecei a me sentir assustada com sua mudança.
-Lauren?
-Quer saber, Camila? Você tem razão.- cruza os braços.- Seria bem melhor se eu estivesse lá em Miami agora. Minha família me trata bem, me enche de amor e eu decidi vir mais cedo pra passar os últimos dias do ano com você. E, sabe, eu estou tão cansada... Tão cansada, Camila!
-Laur-
-Me deixa terminar, por favor.- seus olhos transmitiam tanta raiva que eu me encolhi.- Eu estou cansada de fazer tudo por você e, no final, ainda me foder. Você tem noção do que eu ia fazer na virada do ano, Camila?- mexe no bolso e me empurra uma caixinha.- Você tem noção?
Encaro a caixinha por alguns segundos antes de abrir a mesma e me deparar com duas alianças. Não tinham nada demais, eram apenas duas alianças de prata, finas e brilhantes. Peguei uma delas para analisar e percebi algo escrito. "Namorada da Camz".
-Lauren, eu... Eu-
-Eu achei que estava tudo indo bem. Eu realmente achei que você ainda me amava, Camila.- pega a caixinha e guarda no bolso.- Pelo visto, eu estava muito errada.
-É o que? Não! Não, não estava, eu amo você!
-Fale o quanto quiser.- dá de ombros.- Eu não sinto o que você diz.
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Um ano para ter você
Hayran KurguO tempo passou. Depois de três longos anos Lauren retorna para Brookland, sendo transferida para um dos hospitais de Washington DC. Você pode encontrar aqui algumas dicas valiosas como: atenda o telefone e não misture amor e bebidas. Infelizmente fo...