Day 54

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Camila

E finalmente chegou a data mais triste pra mim: a véspera do Natal. Eu ainda não consigo acreditar que ela não vai estar aqui de noite, para comer na casa da Ally. Ou meia-noite, para a troca de presentes. Seria muito ruim eu passar a noite em casa, sozinha?

O relógio está quase marcando meio-dia e eu ainda estou sentada à janela do meu quarto, olhando o movimento crescente nas casas. Conversei com Ally e concordamos que seria deprimente ficar em casa sozinha hoje, mas deixei claro que é exatamente o que vou fazer. Não me sinto bem para socializar com a família, além de Dinah ter cutucado na ferida errada na segunda.

Eu tinha o direito de ficar irritada com Lauren, não tinha?

Eu sinto falta dessa idiota... Sinto falta do abraço quentinho que ela me dava, eu poderia estar ganhando um agora mesmo. Ou sendo mimada por ela, eu sempre amei os pequenos atos.

Ouço meu celular tocar sobre a mesinha de cabeceira e me estico um pouco para olhar, sentindo a raiva voltar junto com um pouco de saudade. A parte do "não me sinto bem para socializar" vale para ela também. Solto um longo suspiro quando o celular para, me jogando na cama e fechando os olhos.

-Que inferno, Lauren!- esfrego o rosto.

O celular volta a tocar e eu decido atender apenas para acabar com tudo isso antes que estrague o Natal de nós duas.

-O que foi, Lauren?

-Oh, oi... Como você tá?

-Por que ligou?

-Eu tentei falar com você esses dias todos, você não atendia. Eu achei que-

-Em nenhum momento achou que eu queria ficar sozinha? Aliás, você me deixou sozinha aqui.

-Camz...

-Não me chama de Camz, Lauren!

-Desculpa.

-Só me diz o que você quer, por favor.

-Eu queria saber como... Como você está.

A voz dela foi se tornando cada vez mais baixa, o que fez meu coração apertar. Droga, eu estou começando a me sentir uma idiota.

-Eu estou irritada, eu estou sozinha, eu estou sozinha... Acho que é só. Mas e você? Como está sendo sua semana em família?

-Camz...

-Não, por favor, me diga como-

-Quando eu voltar pra Brookland, nós conversamos. Meu pai está gritando para te mandar um abraço.

-Outro para ele.- esfrego o rosto e desligo.

Jogo o celular sobre a cama e puxo os cabelos para trás, soltando um grunhido de frustração. Talvez seja o pior Natal em três anos.

***

Para hoje eu decidi comprar duas garrafas de vinho e ficar no sofá, bebendo e assistindo a reprises de Natal. Como em todos os anos, está passando o estúpido do Grinch. E, como tem acontecido de três anos pra cá, eu estou assistindo o filme e chorando. Era a reprise favorita de Sofia, eu já sabia algumas falas.

-E essa era a sua... Parte favorita. Não era, Sofi?

Levo a garrafa aos lábios e dou mais um gole, sentindo as lágrimas quentes descendo e quase me engasgando. O vinho escorre pelo canto da minha boca, descendo pelo pescoço e manchando minha blusa.

Um ano para ter vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora