Capítulo 6

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Victor me leva para a escola, que eu vou estar presente durante os próximos dois anos. Enquanto isso, eu olho para fora da janela, tentando não pensar no que aconteceu no meu quarto com Christopher. Dez minutos se passaram até que eu pare de pensar nisso e fique tentada a perguntar como o Fernando era, se ele era bom, o que ele fazia para se divertir, por que ele engravidou a minha mãe e nunca olhou para trás. Eu mantenho minha boca fechada. Uma parte de mim não quer saber sobre o meu pai. Porque saber sobre ele o torna real. Ele pode até se tornar bom. É mais fácil pensar nele como o merda que abandonou a minha mãe.

Todos os pensamentos de Fernando desaparecem quando o carro chega a um conjunto de portas que devem ter seis metros de altura, pelo menos. Nós passamos por eles e seguimos por uma estrada asfaltada, que termina na frente de um edifício muito lindo. Eu olho em volta quando saio do carro, e vejo os blocos de construções que formam o campus de Academia Preparatória de Astor Park

Victor estaciona o carro e descemos. Ele se vira para mim e diz:

- Camilo Font está nos esperando.

É difícil não deixar meu queixo cair no chão quando eu o sigo até o grande conjunto de escadas para as portas dianteiras. Esta escola é maluca. Ela transborda dinheiro e privilégio. O gramado bem cuidado, e o enorme pátio estão desertos. Acho que todo mundo já está em classe, em um dos campos distantes, vejo um borrão de meninos vestidos de uniformes, jogando futebol. Victor segue o meu olhar.

- Você pratica algum esporte?

- Não. Quer dizer, eu sou atlética, tipo de dança, ginástica, essas coisas... Mas eu não sou muito boa em esportes.

- Isso é ruim. Se você se juntar a uma equipe ou torcida, você está isenta das aulas de educação física. Vou perguntar se há uma vaga em uma das equipes de líder de torcida, pode ser um bom ajuste.

Uma líder de torcida? Ok, certo. Isso pode funcionar.

- Christopher e Alfonso jogam futebol na nossa equipe que é a número um no estado. E os gêmeos jogam basquete, se você ganhar um lugar em uma das equipes de torcida, você pode acabar torcendo por uma de suas equipes.

E toda a vontade que eu tinha de entrar na equipe desaparece no mesmo instante. De jeito nenhum eu vou torcer por um cretino Uckermann.

- Talvez, eu prefiro me preocupar só com meus estudos.

Dito isso, percebo que chegamos a uma sala, que logo percebo que é a do tal Camilo Font e o recepcionista fala com Victor.


- Sr. Uckermann, ele está esperando por vocês. Podem entrar.

O encontro com o diretor vai mais suave do que eu esperava. Pergunto-me se Victor deu um pouco de dinheiro para o cara para que ele não fizesse muitas perguntas sobre mim. Mas deve ter sido dito algumas coisas a ele, porque no início da reunião, ele pergunta se eu quero ser chamada de Dulce Saviñón ou Espinoza.

- Saviñón. - eu respondo sem nem hesitar. Eu não vou desistir do nome da minha mãe. Ela me criou, não Fernando Espinoza. Estou olhando o meu horário de aula e sem ligar para meus protestos, Victor diz ao diretor Camilo que estou interessada em tentar uma vaga na equipe das Líderes de torcida. Assim que tudo está pronto, Camilo aperta minha mão e me diz que o meu guia de estudante está esperando na recepção, para me levar em uma excursão rápida. Eu dou um olhar de pânico para Victor, mas ele está alheio, ocupado em falar sobre o golfe que vão no sábado.

Eu mordo meu lábio quando saio do escritório. Eu não sei como me sinto sobre esta escola. Academicamente, me disseram que é a melhor. Mas todo o resto... os uniformes, o campus... eu não me encaixo. Eu já sabia disso, e os meus pensamentos estão confirmados no momento que eu cumprimento a minha guia. Ela está usando a saia azul-marinho e camisa branca que compõem o uniforme, e tudo sobre ela grita dinheiro, seu cabelo perfeitamente arrumado e as unhas feitas. Ela se apresentou como Maite Perroni. Ela é do segundo ano, como eu, e ela gasta uns bons vinte segundos me avaliando. Desde os meus jeans apertados, meu top e as botas arranhadas em meus pés, meu cabelo, minhas unhas e maquiagem rapidamente aplicada.

- Seus uniformes serão enviados para a sua casa este fim de semana, a saia é inegociável, mas existem maneiras de contornar o comprimento. - Ela dá piscadelas e suaviza a parte inferior da saia, que mal arranha a parte inferior das coxas. As outras meninas que vislumbrei no corredor tinham suas saias para baixo de seus joelhos.
- De qualquer forma, vamos conhecer o colégio? Sala de aula, sala de aula, sala de senhoras. - ela diz com pressa e logo percebo que ela não está interessada em ser guia.

- Então, Victor von Uckermann é seu tutor legal? Sala de aula, sala de aula, mais sala de aula... Como isso aconteceu?

- Ele era amigo do meu pai.

- Parceiro de negócios de Victor, certo? Meus pais estavam no funeral dele. - Maite joga o cabelo castanho, por cima do ombro e abre um conjunto de portas. - Salas de aula para calouros, você não vai passar muito tempo aqui. As aulas do segundo ano estão na ala leste. Então você está vivendo com os Uckermanns, hein?

- Sim. - não falo nada e continuamos andando, mas Maite toma meu silêncio como incentivo para continuar.
- Você já encontrou com os meninos? - Ela para no meio do caminho, seus olhos fixos no meu rosto. Ela está me avaliando de novo.

- Sim. Não estou muito impressionada.

- Você está em minoria, então. A primeira coisa que você precisa saber sobre Astor, os Uckermanns mandam neste lugar, Dilce.

- Dulce. - eu corrigi e ela acenou com a mão.

- Tanto faz. Eles fazem as regras.

- E todos vocês seguem como pequenas ovelhas.

- Se não o fizer, então os quatro anos que você passa aqui será uma merda.

- Bem, eu não dou a mínima para essas regras. Eu posso viver na casa deles, mas eu não os conheço, e eu nem quero. Eu só estou aqui para obter o meu diploma.

- Tudo bem, eu acho que é hora de outra lição sobre Astor. A única razão que eu estou sendo tão boa para você agora é porque Christopher não emitiu o decreto Uckermann ainda. - acho que pareço perdida, porque ela continua explicando - Significa que tudo o que preciso é uma palavra dele e você vai ser nada aqui. Além de insignificante. Invisível. Ou pior.

- Isto era para me assustar? - dou uma risada debochada.

- Não. É apenas a verdade. Nós estávamos esperando você aparecer. Fomos avisados, e nos disseram para ficar de olho até que fosse dada outra ordem.

- Por quem? Christopher? O Rei de Astor Park? Estou tremendo de medo.

- Eles não chegaram a uma decisão sobre você. Eles vão, em breve. Eu conheço você por cinco minutos e já posso dizer qual será a sua decisão. As mulheres têm um sexto sentido. Não demorou muito tempo para saber com o que estamos lidando. - Então Maite vira seu cabelo novamente e sorri para mim. - Vamos, Dilce, venha conhecer o estádio de futebol.

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