Capítulo 3

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Eu mergulho para a maçaneta da porta e puxo, mas a coisa estúpida não será aberta. Eu testo a janela só para ter certeza. Ela continua fechada.
- Sério? Travas de segurança para crianças?
- Entre outras coisas, mas basta
dizer que você está no carro enquanto durar nossa viagem.
- Olhe, senhor, eu não sei o que você quer, mas é óbvio que você tem dinheiro. Há uma abundância de prostitutas lá fora que vai fazer o que quiser e não vai causar-lhe o problema legal que eu poderia.
- Eu não estou à procura de uma prostituta. Estou aqui por você.- depois dessa declaração, Uckermann tira seu paletó e oferece para mim.
Queria ser orgulhosa o suficiente para não aceitar, mas estar só de espartilho num carro com dois estranhos me deixa morta de vergonha, então apenas aceito.

- Não tenho nada que você quer.- olho para o homem em minha frente, agora que posso ver seus braços, eu posso ver o relógio e parece... exatamente como o meu. Seus olhos seguem o meu olhar.

- Você já viu isso antes.- não é uma pergunta. - ele empurra seu pulso em direção a mim.

O relógio é exatamente igual ao que meu pai deixou para trás e que agora me pertence.

- Nunca vi isso antes na minha vida. - arranjo forças para mentir.

- Sério? É um relógio feito à mão. Foi um presente quando me formei na marinha. Meu melhor amigo, Fernando Espinoza, recebeu um relógio idêntico. O dele desapareceu dezoito anos atrás. Ele disse que perdeu, mas nunca o substituiu. Nunca usava o outro relógio.

Eu me pego inclinando para a frente, querendo saber mais sobre Fernando Espinoza.

-Seu pai e eu éramos melhores amigos. Nós crescemos juntos. Fomos
para a faculdade juntos. Depois de um tempo servindo à marinha, voltamos para casa para tomar as rédeas do negócio da família. Construção de avião. Há cinco meses, Fernando morreu em uma viagem, durante um acidente de asa delta. Mas antes que ele partisse... é estranho, quase como se ele tivesse algum tipo de pressentimento... ele me deu uma carta e disse que iríamos falar sobre isso quando ele voltasse, mas uma semana depois, a sua esposa voltou da viagem e me informou que Fernando estava morto. Você quer saber o que dizia na carta?

Óbvio que eu queria saber o que a carta dizia, mas eu nunca iria dar o braço a torcer. Ele nota que não vou responder e dispara:

- A carta era de sua mãe.
-O que? - não me importo em deixar o choque transparecer.

Mas antes que ele possa dizer outra palavra, o carro chega a uma parada. Eu olho pela janela e vejo que estamos fora da cidade. Perto do edifício está um grande avião branco com as palavras "Atlantic Aviation" estampada nele. Quando Uckermann disse que ele construía aviões, eu não esperava esse tipo de avião. É tão grande que me pergunto como pode voar.

- É seu?- eu tenho um tempo difícil, em entender.
- É, nós vamos pegar um atalho.

Eu assisti com espanto e de boca aberta quando nos dirigimos pelos portões. Na parte de trás da pista, uma rampinha de embarque desce e atinge o solo, o motorista entra com o carro no avião pela rampa.
Eu olho ao redor através do para-brisa e vejo que a rampa sobe e a porta do avião se fecha. Assim que a porta do avião está fechada, escuto as fechaduras das portas do carro fazer um suave som. E fico livre.
De certa forma.

- Depois de você. - Victor gesticula em direção à porta aberta.
Com o paletó agarrado firmemente em torno de mim, eu tento reunir a compostura.

- Eu preciso me trocar. - eu não quero que ninguém nesse voo olhe para mim neste traje.

Esta é a minha primeira vez em um avião. Antes era sempre ônibus e, em alguns realmente, terríveis caminhões com motoristas. Mas isso é uma coisa gigante, grande o suficiente para abrigar um carro. Certamente há algum lugar para me trocar.

- Vamos esperar lá em cima.- Victor finalmente cede. - ele aponta para o final da sala. - Através dessa porta há um conjunto de escadas. Me avise quando estiver pronta.

No minuto em que estou sozinha, eu rapidamente troco minha roupa
de stripper para minhas roupas confortáveis.
Enfio a roupa de stripper na mochila e verifico se o meu dinheiro está
lá. E está, felizmente, juntamente com o relógio de Fernando.
Atirando a mochila por cima do meu ombro, eu começo a andar em
direção à porta. Eu preciso de dinheiro. Victor tem isso. Se eu conseguir dinheiro suficiente com ele, eu vou voar para o meu próximo destino e começar novamente. Eu sei como fazer isso.
Eu vou ficar bem.
Tudo vai ficar bem. Se eu mentir para mim mesma por tempo suficiente, eu vou acreditar nisso... mesmo que não seja verdade.
Quando chego ao topo da escada, Victor está lá esperando por mim.

Vejo que ele está sentado em um conjunto de assentos de couro macios e vou em sua direção, então ele aponta para que eu tome meu lugar à sua
frente.

Eu me sento e coloco minha mochila entre meus pés.

- Onde está a carta? - vou logo ao ponto.
- Em casa. Eu vou dar a você quando chegarmos.- ele pega uma maleta preta e abre em cima da mesa. Logo vejo uma pilha de dinheiro, o tipo que você vê nos filmes. - Quero fazer um acordo com você, Dulce.

Eu nunca vi tantas notas de cem dólares em toda a minha vida.
Ele empurra a maleta até que a pilha de notas fique em minha frente. Talvez isso seja uma pegadinha. Eu seguro minha boca fechada e tento não parecer tão impressionada. Ninguém me faz de boba.

- Vamos ouvir. - eu digo, cruzando os braços e olhando para Victor com olhos estreitos.
- Este dinheiro é um gesto de boa fé. - ele bate as notas. - Esta pilha contém dez
mil dólares. Para cada mês que você ficar comigo, eu vou te dar a mesma quantidade. Se você ficar comigo até que você se forme no ensino médio, você receberá um bônus de duzentos mil. Se você se formar com notas altas, você vai receber outro bônus substancial.

- Qual é o truque? - eu fico sentada, à espera de ouvir que loucura eu vou ter que fazer para obter este dinheiro e colocar numa balança se vale a pena.

- A questão é: você não tenta fugir. Você aceita a minha tutela. Você vive em minha casa. Você trata meus filhos como seus irmãos.
Se você fizer isso, você pode ter a vida que sonhou.

- E o que eu tenho que fazer por você? - eu preciso que ele me diga claramente o que quer de mim.

- Nada para mim. Tudo isso para garantir que você tenha uma educação e estilo de vida melhores. Como seu pai iria querer.

- Ok, eu não preciso de mais nenhuma
explicação.

- Eu sei que não posso substituir seus pais, mas eu estou aqui para você de qualquer maneira que você precisar deles. Você pode ter perdido sua família, mas você não está mais sozinha, Dulce. Você é uma Uckemann agora.

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