Capítulo 7

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Não estou preparada. Mas sei que nunca vou estar pronta. A traição de Christopher vive dentro de mim agora. Ela corre pelas minhas veias, atacando o que restou do meu coração como um câncer de ação rápida. Christopher me quebrou. Ele me enganou. Ele me fez acreditar que algo de bom podia existir neste mundo fodido. Que alguém poderia realmente dar a mínima para mim. Deveria tê-lo conhecido melhor.

 Passei toda a minha vida na sarjeta, freneticamente tentando rastrear o meu caminho para sair dela. Amei a minha mãe, mas eu queria muito mais do que a vida que ela nos deu. Queria mais do que apartamentos decadentes e sobras mofadas e uma luta desesperada para viver. 

Victor von Uckermann me deu o que mamãe não podia: dinheiro, educação, uma mansão, a fantasia de viver em uma família. UMA - Uma ilusão, uma amarga voz murmura na minha cabeça. Sim, eu acho que era. E o triste, é que Victor não sabe disso. Ele nem percebe que está vivendo em uma casa de mentirosos. Ou talvez ele saiba. Talvez ele esteja plenamente consciente de que seu filho está dormindo com... não. 

Me recuso a pensar sobre o que vi no quarto de Christopher na noite em que sai da cidade. Mas as imagens já estão borbulhando na minha mente. Christopher e Bianca em sua cama. Ela nua. Tocando-o. Um ruído engasgado sai minha boca, fazendo com que a mulher idosa no corredor olhe para mim com preocupação.

-Está tudo bem, querida? - ela pergunta. Eu engulo a bola de náusea.

-Tudo bem, - digo fracamente. -Estou com um pouco de dor de estômago.

-Agora é só aguardar, - a mulher diz com um sorriso tranquilizador. -Eles estão abrindo as portas agora. Nós vamos sair daqui a um instante. 

Deus. Não. Um instante é muito cedo. Não quero nunca mais sair deste ônibus. Não quero o dinheiro que Victor me forçou a pegar para voltar. Não quero voltar para a mansão Uckermann e fingir que o meu coração não foi quebrado em mil pedaços. Não quero ver Christopher ou ouvir suas desculpas, se ele tiver alguma. Ele não disse uma palavra quando eu o encontrei com a namorada de seu pai. Nem uma palavra. 

Por tudo que eu sei, vou entrar pela porta e descobrir que Christopher está de volta ao seu antigo eu e ainda mais cruel. Talvez eu prefira isso, pois assim poderia esquecer que eu o amo. 

Tropeço ao descer do ônibus, segurando a alça da mochila apertada no meu ombro. O sol já se pôs, mas a estação está toda iluminada. Pessoas passam apressadas ao meu lado quando o motorista descarrega a bagagemde todos, do interior do veículo. Eu não tenho quaisquer malas, apenas aminha mochila. Na noite em que fugi, eu não podia olhar para quaisquer das roupas extravagantes que Bianca tinha me comprado, e agora elas estão todas esperando por mim na mansão. Gostaria de poder queimar cada pedaço de tecido. Não quero usar essas roupas ou viver naquela casa. Por que Victor não pode me deixar em paz? 


Um carro buzina, e eu endureço quando encosta ao meio-fio. O que seguiu o ônibus. O motorista sai e é Durand, chauffeur/ guarda-costas de Victor, que é tão grande como uma montanha do tipo muito ameaçador. 

-Como foi a viagem? - Ele pergunta rispidamente. -Você está com fome? Devemos parar para comer? 

Já que Durand está tão falador, me pergunto se Victor ordenou que ele fosse mais agradável comigo. Eu não recebo tal ordem, por isso não sou legal quando murmuro: 

- Entre no carro e dirija.

Suas narinas alargaram. Não me sinto mal. Estou farta dessas pessoas. Deste ponto em diante, eles são meus inimigos. Eles são os guardas da prisão e eu sou a prisioneira. Eles não são meus amigos ou minha família. Eles não são nada para mim.

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