"Everybody hurts sometimes
Everybody hurts someday, ay-ay
But everything gon' be alright
Go and raise a glass and say, ay
Here's to the ones that we got"
(Maroon 5- Memories)
"Queria você aqui, agora", recebo uma mensagem da Joana quando estou mergulhada nas minhas pesquisas. Levanto a cabeça e as outras pessoas na biblioteca me olham, antipáticas, é tão silencioso aqui que até um celular vibrando incomoda. Eu não precisava ter vindo até a USP para fazer essas pesquisas, daria para acessar tudo online, porém uma das bibliotecárias me ajudou e encontrei o que precisava bem mais facilmente. Eu também poderia ter comprado cópias online para ler em casa, mas não me concentraria, lá tem geladeira, televisão... E a curiosidade de observar um pouco mais como 2027 é.
Já que a mensagem me dispersou, já que Yasmin me deu um fora, já que... Respondo com o endereço de um café que fica numa localização prática para nossas posições de hoje "me encontra aqui depois do serviço?". Joana manda um ok.
Algumas horas depois, esgotada de tanto tentar entender estudos que parecem escritos em grego, peço um café gourmet, daqueles cheios de chantily, chocolate e tudo o que tenho direito. Joana ri e me dá um selinho:
— A gente pode comprar mais chantily no caminho pra minha casa...
Dou um sorriso sem graça:
— Eu prometi pra minha mãe que não vou mais dormir fora de casa... Quero ficar com ela o maior tempo possível, sabe.
Ela para de sorrir e, enquanto mexe o próprio capuccino, reclama:
— Hum... Mas bem que no sábado você tava com sua melhor amiguinha... — Detesto quando ela usa palavras no diminutivo para se referir a pessoas importantes da minha vida.
— Minha mãe estava lá também. Era uma festa de família e a mãe da Yasmin é amiga da minha faz uns vinte anos... — quando termino de falar me questiono por que sinto necessidade de dar tantas explicações.
Joana avança na minha direção e me dá um beijo avassalador.
E me solta de repente:
— Da próxima vez me chama pra festa.
Fico parada, sem reação. Não sei por que parece que ela usou a palavra "festa" com um tom irônico.
No decorrer da hora seguinte não falamos muito, só nos beijamos e nos acariciamos sem nos importar com o resto do planeta. Não nego que eu precisava dessa distração.
No ônibus, a caminho de casa, fico revivendo os momentos e percebo que nós raramente conversamos, nem sei direito do que ela gosta além de capuccino e enxaguante bucal de framboesa. Meu celular vibra e uma notificação de uma das tantas redes sociais aparece, a Joana quer que eu aceite nosso relacionamento sério.
Não confirmo.
Durante o almoço no dia seguinte, Henrique me ajuda a entender alguns detalhes das minhas leituras sobre Alzheimer. Não parece tão difícil quando ele me explica e eu acho certas coisas bastante interessantes; meu antigo gosto por química e biologia está ajudando na compreensão. Pelo que entendemos, os suíços são os que estão mais próximos da cura, me encho de esperanças, quem sabe em dois ou três anos tudo se resolva.
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O despertar do clã Medeiros
RomantikUma grave notícia faz com que as descendentes de Cassandra precisem se unir para salvar quem sempre as apoiou. Dessa vez a jornada para alterar acontecimentos será enfrentada pela filha de Regina e ela terá que lidar não apenas com as consequências...