Sororidade

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- Penélope? - Derick é o primeiro a falar, tão surpreso quanto o restante de nós.

- Como vai, ex amor? - ela sorri em sarcasmo e não abaixa a arma. Claramente se deliciando com o nosso espanto - Meus homens irão revistá-los agora, se tentarem alguma coisa... - ela direciona a arma para mim, o que provoca com suspiro tenso nos rapazes. Nem sequer precisa concluir a fala.

Dois homens entram no elevador e começam a revistá-los, encontrando e retirando pistolas, facas, soco inglês e punhais. Quando um dos capangas se volta para mim, com as mãos estendidas para me tocar, Penélope interrompide:

- Não! Eu mesma vou revistar ela. Não é legal um homem apalpar uma mulher assim, tão... Intimamente - então ela fala comigo -. Venha aqui, gracinha.

Penélope é uma mulher de princípios, isso ninguém pode negar. Até em uma situação na qual provavelmente irei morrer, o seu feminismo não está em segundo plano. Mulheres se ajudam diante dos homens e ponto.

Em passos vacilantes e a contragosto me retiro de dentro do elevador, procuro pensar o tempo todo na minha irmã e isso me faz cooperar. Mas algo me diz que não irei simplesmente sair com Jodi de carro como os meninos programaram.

Outro homem do lado dela aponta arma para mim na missão de manter as coisas sob controle. Penélope põe a pistola no cós da calça e se abaixa. Começa a me avaliar dos pés a cabeça, obviamente não encontrando nada perigoso. Apenas tira o celular de mim. Quando termina, se inclina e sussurra no meu ouvido:

- Sororidade - ela morde levemente o lobolo da minha orelha para me provocar.

- Fada sensata! - devolvo a ironia.

É estranho pensar que estamos nos insultando com elogios feministas, mas aqui estamos. Seria cômico se não fosse trágico.

Ela sorri e pega a arma outra vez. Dando a ordem:

- Ajoelha!

Cautelosamente, eu me abaixo, sentando sobre os meus pés. Os dois capangas de dentro do elevador trazem Dominique e Derick, colocando um de cada lado meu.

- Podem trazê-la! - mais um comando da chefe, que aproveita e vai até uma mesa de vidro no centro da sala e pega um chicote longo de couro. É sexy. Mas não tem nada afrodisíaco nessa situação toda.

Aproveito e observo o restante da cobertura, é enorme e luxuosíssimo. Com a lareira acessa é possível o ouvir o crispar da lenha sendo consumida pelo fogo. Tapete de pele, sofá refinado, o chão em uma madeira clara e envernizada. As luzes brancas no teto contrastam com a luzes coloridas do bar no canto, nada aqui em discreto. E faz ter uma fantasia super agradável de tomar uma dose de conhaque enquanto se observa a cidade de Portland pelas enormes janelas do chão ao teto.

O gritinho medroso de Jodi quebra completamente a minha observação. Um dos capangas surge por um dos corredores puxando ela pelos ombros.

- Jodi! - quase que por reflexo, me levanto para alcançá-la. Mas paro ao receber o sinal de advertência da Penélope que aponta a arma para ela. Volto a ficar quietinha. Dominique está praticamente explodindo em ódio ao meu lado. A ira parece expelir pelo corpo dele como suor.

Jodi por outro lado, em um ato desesperado, empurra o homem e vem correndo em nossa direção, mas Penélope também é bem rápida e faz um movimento de braço com o chicote, que prende o pescoço de Jodi no meio do caminho. Eu grito em susto ao ver aquela coisa em volta da garganta da minha irmã e seus olhos arregalados me olhando, meus olhos marejam ao ver ela cair para trás no chão e começar a ser arrastada de volta enquanto Penélope puxa o couro.

Já Dominique, pelo impulso da aflição de ver a namorada sendo praticamente asfixiada, avança um passo à frente no intuito de ajudá-la, mas Penélope interrompe.

Chefe Cretino Onde histórias criam vida. Descubra agora