Chefe Cretino

Negócios - Derick

🚫 Aviso de conteúdo violento que pode ser perturbador para leitores sensíveis.

O almoço em família que a muito tempo não tenho foi nostálgico! Mas infelizmente ainda não posso ficar para a sobremesa. O motivo real que me fez voltar para os Estados Unidos ainda não foi corrigido. Termino meu prato, minha irmã mandou que o meu preferido fosse feito – a boa e velha carne assada carregada de pimenta – estava boa, mas não como da nossa mãe ou da nossa terra. Não sei o que deu na cabeça da minha irmã de contratar uma cozinheira branca, nossa raça sempre será superior na cozinha, anos de escravidão, tendo que sobreviver com os restos de comida que os senhores de engenho jogavam pra gente, se fez nascer grandes comidas históricas criadas por nós. Vejo isso com ela depois, talvez traga uma cozinheira da África se precisar. Me despeço de todos, dando um beijo na Dorotéia e vou até a garagem escolher um dos carros, para o lugar que eu vou não é uma boa pegar um conversível, então escolho o Range Rover, pego sua chave e prossigo para rua afora.

Sinal vermelho, pego meu celular e ligo para Dominique. Ele é irmão do Kenner e meu melhor amigo, além de responsável por cuidar de tudo enquanto estou fora. O sinal abre e sigo com o telefone no ouvido.

- Já está vindo? - ele atende -. Estamos esperando por você.

- Ia pergunta se você já tinha chegado. Ele está aí também?

- Ansioso pra te ver.

Encerro a ligação. Miles é o responsável por meu retorno ao Estados Unidos, ele não só fez uma das coisas que mais repudio, como também manchou o nome do meu clã na máfia. E obviamente não permitirei que fique assim. Voltei não só para cuidar disso pessoalmente, mas por acreditar que se uma situação dessa está acontecendo é porque estão perdendo o respeito por mim e achando que podem quebrar minhas regras. Então acredito que devo ficar aqui por perto um tempo, assim posso certificar por mim mesmo quem são os potencialmente tóxicos para minha irmadade.

Me aproximando das docas, consigo avistar Dominique conversando com um dos meus capangas, ele também me vê e fala mais alguma coisa, então o homem se afasta. Paro próximo a ele e desço, meu parceiro já está com um sorriso no rosto enquanto também vem até mim. Somos amigos desde moleque, fizemos tudo juntos desde a infância, tanto empinar pipa até matar nosso primeiro homem, fizemos isso juntos. Apesar de termos nascidos de famílias ricas e poderosas da África, não pudemos evitar de buscar ter nossa parte no crime organizado, desenvolvemos um facínio pela área no decorrer do tempo, e somos muito bons nisso.

- Sawubona, Azikiwe! - ele cumprimenta quando alcança distância suficiente para que eu possa ouvi-lo, abrindo os braços para abraçar-me. Sorrio e retribuo, nos abraçamos forte, dando firmes tapas nas costas um do outro, um abraço saudoso de irmãos.

- Shikoba, Attah! - respondo a ele.

Sawubona é um cumprimento africano, a pessoa que a diz, quer mostrar que você é importante para ela, que zela por você o valoriza, enquanto Shikoba significa que sou grato por saber que sou importante para ele. Em um mundo onde existe tanto cuzao atacando nossa gente de graça, matando a gente só pela cor da nossa pele, nosso cumprimento é uma honra para nunca nos sentirmos sozinhos. E faço questão de trazer nossa saudação nativa ao meu clã mafioso. Somos irmãos, e sempre seremos um pelos outros! Apesar da maioria aqui serem nativos dos Estados Unidos, o termo "afro-americano" não é em vão.

- Temos uma recepção aguardando por você - Dom me informa, me acompanhando na entrada do Casulo, este é o nome que demos ao pequeno prédio subterrâneo onde toda a magia acontece, desde a administração até a produção de drogas, tem esse nome pois é um lugar onde garotos são transformados em homens -. Uma recepção com bastante cerveja - ele conclui, tirando outro sorriso de mim.