Esta é a primeira vez que entro nesse quarto depois da chegada do senhor Azikiwe, antes mesmo entrar já percebo a diferença de antes, o perfume dele, é forte e inebriante, a fragrância masculina perfeita. Não posso demorar, logo ele chegará e preciso evitá-lo, me apresso até o banheiro para pegar sua roupa suja e entregar a lavadeira na lavanderia, antes faço uma parada na cama dele para arrumá-la. Vou deixar para limpar o quarto no início da tarde, que é quando ele está na academia.
O banheiro do senhor Azikiwe, assim como seu quarto, é o mais luxuoso da mansão. Espaçoso, claro, todo montado em mármore branco, uma parede inteira repleta por um espelho do chão ao teto, tem até sofá e um televisor frente a banheira. Sigo até o baú de roupa suja, que quando está fechado se torna um confortável puff preto, mas antes de retirar o saco, noto que uma das camisas por cima das outras tem algo diferente. Estendo minha mão e a pego. É a mesma que o senhor Derick chegou ontem, acontece que a mesma está descosturada abaixo da axila, olho a marca estampada na frente, é da Calvin Klein, sei que essa marca é um pouco cara, então decido costurá-la antes de levar as roupas.
Fecho a tampa do baú e sento sobre o mesmo, tiro o kit de costura do bolso do meu avental de pano e começo o trabalho.
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Derick
Abro a porta do meu quarto, não faz vinte minutos que saí e a cama já está arrumada, até que ela é rápida. Arranco minha camisa, tiro a pistola da cintura e coloco na primeira gaveta da cômoda. Me jogo na cama, fechando meu olhos e buscando relaxar.
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Júlia
Sentada sobre o tampo do baú, ouço um som vindo do quarto, minha respiração pesa imediatamente, sinto a adrenalina disparando nas minha veias. Me inclino um pouco para olhar além da porta do banheiro para me certificar se meu receio tinha realmente acontecido, até que o vejo. Está deitado na cama e está sem camisa, que vejo no chão. Reparo sem perceber... Sua pele é linda e sedosa, a luz parece até mesmo refletir alí, dando brilho, só deixando mais charmoso seus músculos salientes.
Volto a me endireitar rapidamente onde estou, seu rosto está virando para o outro lado então ele não pôde me ver espiando. Olho o resultado do meu trabalho com a camisa. Está feito. Arremato os pontos e assim concluo, me levanto e enfio a mão por baixo do estofado, abrindo a presilha que tranca o baú, ouço um leve "click", ele é forrado por um saco que é só puxá-lo por uma cordinha e o mesmo fecha a boca, trazendo as vestimentas todas de uma vez, me dispensando da necessidade de ficar catando. Assim o faço, ao me levantar, arrumo a caixinha de costura e enfio no bolso do avental, pego a camisa branca que acabei de costurar e jogo sobre o antebraço, seguido de jogar o saco de roupa sobre as costas para sair. E ao me virar dou de cara com o senhor Derick parado na porta. Me olhando.
O que mais me assusta em relação a ele, não é saber que odeia brancos, e sim não me olhar com esse ódio, ele sempre me observa com a mais completa indiferença. Derick não só pensa que sou um nada, ele me convence a acreditar que sou apenas com seu olha... E ter quase o triplo do meu tamanho não ajuda também.
- Senhor Azikiwe - falo assustada, quase sem ar. Ele se mantem bloqueando a porta com as perna ligeiramente separadas e as mãos sobre a cintura.
- O que está fazendo? - cobra com a voz rouca, acredito que pelo cansaço. Ele deve ter me ouvindo abrir o baú e veio ver.
- Eu vim tirar a roupa suja, senhor - falo com a voz baixa, não nego que estou bem nervosa com essa situação -. E notei que sua camisa descosturou logo abaixo do braço, então arrumei.
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Chefe Cretino
RomanceApesar de ter cometido erros na vida, Júlia Conor nunca deixou de dar o seu melhor e buscar condições genuínas para si, e sempre de forma honesta. Mesmo que para isso tenha que lidar com pessoas que a provoquem dores de cabeça. O rancoroso e racista...