Prólogo

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À Segunda Vista

E se... Você olhasse uma segunda vez.

"Pobres são as almas que se limitam aos olhos..."

Itália, 12 meses antes.

Horário: 11:22 da manhã.

Eda Yildiz estudou as ruas de pedras que sumiam entre os corredores formados pelas construções antigas tingidas de cores alegres, através das grandes janelas que o pequeno edifício de quatro andares onde a empresa de arquitetura e paisagismo na qual trabalhava há pouco mais de um ano abrigava.

Conseguia enxergar o topo da Fontana de trevi e poderia até mesmo imaginar as pessoas jogando suas moedas e desejando um amor verdadeiro, um amor que responderia suas mensagens, lembraria dos aniversários de namoro, compareceria aos encontros e não trairia com a primeira vagabunda de saia que passasse por ele... Enfim um amor verdadeiro.

Suspirou com os pensamentos era mesmo patético o fato de estar ali há pouco mais de uma hora, na mesma posição tentando decifrar os desejos das pessoas quando nem ao menos conseguia entender os seus e deveria estar focada no projeto sobre sua mesa, porém a raiva que a consumia era tão avassaladoramente grande que ela provavelmente acabaria enfiando seu compasso em alguém, não conseguiria se concentrar, não enquanto aquele desgraçado estivesse sentado na mesa ao lado como se não tivesse sido pego.

Se fechasse seus olhos seria capaz de repassar a cena em sua cabeça, poderia voltar, pausar e correr novamente com toda a riqueza de detalhes que sua mente altamente engenhosa poderia proporcionar, não era exagero ela realmente conseguiria ver os cabelos avermelhados enroscados aos dedos dele, a blusa floral desabotoada com o sutiã de renda vermelha de esfregando contra ele, enquanto as pernas brancas demais na opinião dela se agarravam à cintura dele com as calças arriadas.

Francamente ele nem tinha uma bunda bonita...

Mas o mais constrangedor era conseguir ouvir os gemidos esganiçados dela enquanto ele investia contra ela, fazendo as prateleiras balançarem.

Maldita hora que foi até o almoxarifado e maldita em que conheceu Cenk Asaf.

- Eda! – A voz masculina a retirou de seus devaneios odiosos arrancando algumas lufadas de ar de seu peito, passeou os olhos ao redor para ver seus companheiros lançarem olhares penosos em sua direção.

Como de ela precisasse da pena deles, não bastasse ser a corna agora também teria que lidar com falsa piedade...

- Eda... – Lorenzo, seu companheiro de mesa alto e magricelo ajeitou seus óculos voltando a chamar sua atenção. – Tá me ouvindo?

Insistiu, ela não queria ter que lidar com ele agora porque não queria que o seu compasso o atravessasse, ela gostava dele. Removeu seus olhos furiosos do restante do escritório se voltando para ele que se inclinava sobre a mesa com o olhar apaziguador.

- Sim... O que quer?

- Precisamos de um favor. – Eda sorriu com escárnio, aquilo era uma piada.

- Péssima hora, estou ocupada.

- Com o que?

- Não está vendo? – Passeou as mãos entre as folhas jogadas sobre a mesa removendo um dos lápis de seu porta canetas.

Cenk havia lhe dado de presente em seu primeiro dia na Art Life Itália teria que se livrar dele também, uma pena gostava dele.

- Isso pode esperar, você nem ao menos está concentrada...

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