Derrotados

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"Quando ambos os oponentes se entregam chamamos de derrota ou empate? "

- Hummm...

Com um resmungo sonolento Eda tentou mover seu corpo imobilizado pelo peso do braço que lhe prendia junto a 'parede' de um tórax rígido e da perna grossa jogada sobre a sua. Um esforço inútil considerando seu peso e o peso do homem que lhe apertava contra o próprio corpo.

Seria uma atitude inteligente sair dali antes que alguém presenciasse a cena, mas cada vez que se mexia ele a apertava mais.

O cutucou, uma, duas, três vezes na esperança de que ele ao menos afrouxasse os braços para que ela pudesse escapolir sorrateira e fingir que aquilo, 'ela dormindo de conchinha com o chefe', nunca tivesse acontecido, mas o homem parecia ter caído nos braços de Morfeu. Serkan não moveu um mísero músculo.

- Droga... - Eda praguejou baixinho. - Serkan!? - Voltou a empurra-lo, mas em resposta ele a puxou a encaixando contra sua pélvis. Eda teve um sobressalto no mesmo instante em que a ereção dele encostou em sua bunda, sentiu o rosto dele se encaixar na curva de seu pescoço e suspirou fechando os olhos quando os fios curtos da barba relaram sua pele.
- Está mesmo dormindo? - Perguntou não obtendo qualquer resposta além dos dedos dele começando um passeio por sua barriga.

Aproveitou o afrouxamento dos braços se virando para estuda-lo, se estivesse fingindo arrancaria a cabeça dele com prazer, mas suas dúvidas morreram no instante em que sua visão pairou sobre o rosto sereno, era a primeira vez que via tão tranquilo, não estava acordado, seu modo robô não estava configurado para aquela tranquilidade. Sentiu os dedos dele deslizarem eu suas costas, cada pelo no seu corpo se eriçou assim que a mão dele pousou na base de sua coluna.

- Se estiver acordado eu juro que te mato... Isso pode ser considerado assédio sabia? - Usava um tom quase inaudível, mas sabia que se aquele homem estivesse se aproveitando dela ele ouviria.

Nenhuma palavra, som ou movimento vindo dele. Voltou a suspirar iniciando sua análise pelo rosto estupidamente bonito.

- Senhor Gelo idiota... - Sussurrou, assoprando o rosto dele. O início de um sorriso se puxou no canto dos lábios, foi inevitável não pensar no episódio do lavabo e no que poderia ter ocorrido entre eles se Emir não os tivesse interrompido. Se condenou, aquilo não era o tipo de pensamento que uma profissional como ela alimentava, não com o chefe, no entanto, ele a tinha deixado a beira de um beijo e se tinha algo que ela lembrava com lucidez e perfeição era da boca dele.

A luz parecia querer invadir o espaço através das cortinas, Eda deixou seu olhar vagar até a boca dele, os lábios entreabertos e rosados tão perto que bastava que erguesse minimamente a própria cabeça e os alcançaria, queria toca-lo.

Toda a casa pareceu emergir no silêncio.

Havia adormecido com Emir enquanto assistiam um documentário sobre os pinguins, lembrava da chegada de Serkan depois do episódio no lavabo, mas não recordava de ter adormecido nos braços dele.

Se não conseguia se soltar ao menos tentaria acorda-lo.

Estava frente a frente com o perigo que a vinha atormentando, seu inimigo mais íntimo, nunca antes tinha estado tão perto de alguém sentindo-se tão distante. Levou sua mão para a lateral do rosto dele, mas não o tocou de imediato contornou seus traços sem nem ao menos toca-lo e o viu sorrir como se acabasse de lhe dar permissão para continuar, a pele dele estava quente quando seus dedos tracejaram a barba rala e os lábios, se aproximou mais até que o seu nariz tocasse o dele, ele suspirou afundando os dedos em sua cintura voltando a se esfregar contra ela.

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