Ponto fraco

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Istambul,
18:32 horas.

“Todos possuímos algo ou alguém que nos limita, alguém que nos torna vulneráveis, todos possuímos um ponto fraco.”

— Nunca mais faça isso! Me escutou? — Serkan abraçava o corpo pequeno do filho contra o seu. Tinham acabado de chegar em casa depois de duas horas na emergência pediátrica, mal conseguiu respirar ao encontrar o filho.

— Desculpe... — A voz de Emir soou tão cansada e baixa que fez o coração do homem se apertar ainda mais. — Zeki disse que a mãe tinha feito um bolo gostoso. — O menino puxou o ar ainda mais cansado. — Não sabia que tinha morangos nele.

Serkan suspirou aliviado por ter o filho nos braços, Emir havia tido uma reação alérgica tão forte quanto na vez em que descobriram, na ocasião Serkan pensou que perderia o filho. Uma criança não deveria passar por algo assim, ainda mais quando se tem apenas nove meses.

Ser pai solteiro não era algo simples e estava bem longe de ser uma tarefa fácil, lidar com um recém nascido e com lembranças tão vivas da esposa não tornaram as coisas melhores. Passaram por muitas coisas, se sentiu fraco e despreparado em muitos momentos, subestimou a si mesmo durante muito tempo até entender que aceitar ajuda não significava que ele havia falhado. Foi quando se viu cercado de atenções, foi quando mãos foram esticadas em sua direção.

Sua mãe se mudou para ficar mais perto deles, seus amigos se mantiveram ao redor e ele pode se sentir aliviado. Não era um pai ruim no fim das contas, e se esforçou para se tornar melhor.

Emir virou o centro de absolutamente tudo em sua vida, reviu suas prioridades para se adequarem às necessidades dele e se fechou para tudo fora do mundo dele ou do trabalho. Emir se tornou seu ponto fraco.

Receber uma ligação no meio do expediente de trabalho informando que o filho tinha ido parar no hospital enquanto ele se “divertia” o fez se sentir culpado, acreditou por um breve momento que ter estado com Eda o tinha distraido de seu principal foco. No entanto, bastou olhar para o filho e perceber a maneira como seu rosto se iluminou na presença deles que tudo pareceu desaparecer.

Serkan observou a mulher cruzar a porta com um copo entre as mãos e se sentar na beirada da cama.

— Leite quente… — disse esticando o copo para o menino que levantou os olhos para o pai buscando permissão, Serkan piscou os olhos devagar assentindo.

— Não tem gosto de leite Eda. — Emir disse logo após provar o líquido.

Serkan apertou os olhos no copo e logo a estudou com desconfiança.

— É uma receita. — Disse cautelosa. — De família, tia Ayfer estava preocupada, pediu para Fifi trazer algumas ervas.

— Fifi está aqui? — O menino perguntou com a voz arrastada. — ela veio me ver?

— Está... — Serkan iniciou puxando os cabelos dele para trás. A pele estava pegajosa e a temperatura estável, felizmente. — Seus padrinhos estão e Kaan também.

—E a vovó? — Os olhos brilhavam, parecia tão cansado.

— Está vindo... Quer terminar o leite que Eda preparou para você?

A contra gosto ele ingeriu boa parte do líquido e logo se aconchegou ao peito do pai, fechando seus olhos gradativamente.

— Seria bom dar um banho nele antes que durma. — Eda sugeriu.

— Ele parece tão cansado. — Serkan manteve os olhos no filho.— Mas tem razão… — Curvou um pouco o corpo para que seu rosto alcaçasse o do menino e tocou a testa na dele. — …Emir, — disse baixo. — Vamos para o banho.

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