Trégua (Parte 1)

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“ Sabe o que é a paz? Nada mais que uma trégua para a guerra."

— Eda...— Fifi se sentou na beirada da cama a fitando. — Deveria ir.

— Eu não sei, acho que me sentiria um pouco deslocada.

— Deslocada? Você já está trabalhando com eles há um mês… E tem essas duas garotas com quem você vive trocando mensagens, como se chamam? A loira e a outra que parece estar sempre feliz.

Eda sorriu se juntando a ela na cama. — Ceren e Melo.

Fifi estalou seus dedos e piscou pra ela.

— Isso, e tem também o seu chefe. Você não é a funcionária favorita dele?

Com uma careta ela se deitou encarando o teto.

— Não me fale dele... Ele é bipolar e isso tá me deixando maluca. Tem dias que ele fala comigo como uma pessoa normal faria e tem dias que parece que fui deixada no polo norte sem casaco, ele simplesmente esquece que eu existo.

— E isso te incomoda porquê??? — Eda suspira.

Por que a incomodava? Bem, para começar todos os seus projetos passavam antes por ele, era necessário certa harmonia e era difícil de obter com o homem a ignorando. Isso quando tinha essa sorte e eles não terminavam o dia quase enforcados um pelo outro.
E ela já tinha pensado em mais de vinte formas de mata-lo. Mas tinha Emir, o que acabava a trazendo novamente para a realidade, não poderia matar o pai daquele anjinho.

— Porque trabalhamos juntos... — Respondeu por fim. — Olha, não é uma boa ideia de qualquer forma ir nesse almoço...

— Um motivo para perder o aniversário de uma pessoa que você gosta Eda, só um... Além dessa desculpa esfarrapada de estar se sentindo deslocada.

Eda se remexeu contra o colchão incomodada.

— A tia Ayfer, ela vive dizendo que não passamos mais tempo juntas... — Fifi revirou os olhos. — Pois eu vou estar aqui o fim de semana todo com ela.

Existia um motivo forte pelo qual não queria ir a esse almoço. Teria que lidar não apenas com seus colegas gentis e simpáticos, mas também com a volatilidade de Serkan Bolat.

— Vai ficar com quem durante todo final de semana? — Ayfer parou à porta com o olhar curioso para o quarto. — Do que estão falando?

— Eda está recusando ir ao aniversário de uma das novas colegas de trabalho. A Loira, Ceren.

— Ah, Eda querida... Achei que gostasse do pessoal com quem trabalha, disse até mesmo que seu chefe te trouxe um dia desses.

Fifi escondeu um sorriso debochado enquanto Eda voltava a se sentar.

— Eu só não quero ir sozinha, eles se conhecem a mais tempo, a Ceren vai precisar dar atenção a todos...

— Leve sua prima. — Ayfer disse a interrompendo.— Fifi precisa fazer amigos e sair um pouco e você não vai ficar sozinha.

Fifi começou a balançar sua cabeça, aquela parecia uma solução bem eficiente, não fosse o fato de que Eda não queria estar lá.

— Mas aí, você ficaria sozinha.— Disse rápido.

— Bom, eu sou adulta... Não vejo problema algum nisso.

— E quanto a sua saúde. — Eda rebateu.

— Estou bem e irei sobreviver por dois dias sem vocês...

— Mamãe, Eda tem razão dois dias longe…

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