Juntos

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"Qual é o instante do sempre?" 


Istambul, terça-feira.

Casa dos Bolat. 9:45 horas.


— Então agora faltam apenas... — Emir parou encarando o calendário na sua frente, estava de pé em um banquinho improvisado pelo pai para que conseguisse alcançar o calendário na parede.

Eda girou a xícara com o chá nas mãos enquanto esperava que ele concluísse as contas. Estava indo bem com os números, apesar de perder um ou dois pelo caminho de vez em quando. Mas estava indo ainda melhor com as letras, agora já conseguia escrever o próprio nome e tinha sido ele mesmo a escrever no topo do seu calendário "Emir" é claro que o resto tinha sido preenchido por Eda, mas era um grande passo para ele e agora tinham na parede da cozinha a primeira assinatura de Emir.

"Calendário do Irmão do Emir"

Eda sorriu para o líquido na xícara ao observar as letras tortas, ele ainda tinha dificuldade em permanecer nos limites das linhas. No entanto, ao contrário do pai perfeccionista que o menino tinha Eda entendia que aquilo era algo comum em sua idade.

— Com cuidado. — Eda o advertiu quando ele girou no banco balançando um pouco.

— Mamãe, eu não tenho esse monte de dedos.

Emir tinha acabado de tocar o polegar no queixo. — Eu posso ajudar se vier até aqui. — ele agitou a cabeça sorrindo e sem abaixar as mãos saltou do banquinho correndo para ela.

— Vamos precisar de um monte de dedos. O papai vai demorar muito?

— Acho que não vamos precisar dele, pode trazer o calendário?

Assentindo ele saltitou novamente para o banco e voltou com o objeto balançando nas mãos o colocou sobre a bancada e escalou a mãe até se sentar nas pernas dela.

Eda beijou sua bochecha passando um dos braços pelo corpo dele.

— Vamos ver, cada quadradinho desse vai representar um mês inteiro. — Disse fazendo um círculo no papel. — E nós paramos no mês de número...

— SEIS!

Emir mostrou seis dedos para ela que sorriu ao concordar. — Muito bem... Então, ainda faltam?

— O que estão fazendo? — Serkan entrou na cozinha e estudou os dois do outro lado do balcão, estava com boa parte do moletom azul manchado de tinta.

— Estamos contando os dias pro irmaum chegar, falta muito ainda. Mamãe, ela não pode sair agorinha?

— Quer que ela saia agora? — Ele agitou a cabeça confirmando. — Mas o quarto não está pronto e tem todas as outras coisas que um bebê precisa.

— Como o que? — Perguntou virando o rosto intrigado para ela.

Eda pensou um pouco e levou o olhar para Serkan que enchia uma xícara com café.

— Ah, não olhe para mim... Estou tão ansioso quanto ele.

Aquilo era verdade, toda a tinta rosa espalhada por sua roupa era um sinal claro. Serkan havia feito questão de cuidar sozinho do quarto do bebê, desde que tinham descoberto o sexo há dois meses atrás.

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